domingo, outubro 07, 2007

DO MEU DIÁRIO

Charneca da Cotovia, 5 de Outubro de 2007 – No fundo, o 5 de Outubro é um feriado nacional e uns quantos discursos repetitivos, previsíveis e inconsequentes. Antes do 25 de Abril, um pouco por todo o país, a data era aproveitada para a (re)afirmação dos valores da democracia e da liberdade. Realizavam-se jantares comemorativos, que eram vigiados pela polícia do contabilista de Santa Comba.

Este ano, o Senhor Presidente da República falou de EDUCAÇÃO. Disse coisas mais ou menos óbvias, que em princípio são aceites pela maioria da população: necessidade de estabilidade dos corpos docentes das escolas e empenhamento de professores, alunos e pais, no processo educativo.

Quanto à estabilidade, quer-me parecer que as novas regras de colocação de professores apresentam, à partida, um carácter positivo. Não agradarão a todos os professores, mas nesta como noutras matérias não haverá unanimidade.

Já o funcionamento da comunidade escolar – professores, alunos e pais –, vai contar com grandes dificuldades. A ESCOLA tem sido organizada em função dos interesses dos docentes, desde a elaboração de horários até às horas de atendimento dos pais e/ou encarregados de educação. E assim continuará a ser, se a gestão dos estabelecimentos escolares continuar entregue aos professores.

Do alto dos seus canudos, não fazem autocrítica e convivem mal com as críticas feitas ao seu trabalho por pais e/ou encarregados de educação. Por norma prestam mais atenção aos melhores alunos e preocupam-se pouco com os menos dotados. Os pais mais intervenientes são olhados de soslaio pelos directores de turma e pelos pais dos alunos com melhor aproveitamento. No interior das escolas, defendem-se corporativamente. Fui professor durante quinze anos e ainda sou encarregado de educação.

È justo que se reconheça, no entanto, que os professores têm sido maltratados pela 5 de Outubro. E não vai ser com a ministra Rodrigues que as coisas vão melhorar. Este socrático governo abomina os trabalhadores e os seus sindicatos representativos e os docentes não serão excepção à regra. E com o “super havit” de professores que vai por aí, é de louvar a coragem com que têm defendido os seus direitos.

Decorrente ainda das comemorações do 5 de Outubro e do seu tema central, a educação, há a realçar a tirada de Sócrates que exortou aqueles que dizem que a educação é cara a experimentarem a ignorância. Creio, todavia, que fez sua uma máxima sindical e tendo a pessoa em questão os sindicatos em tão má conta, melhor seria que argumentasse com ciência própria.

E era bom ainda, que o chefe do governo desse provas inequívocas de que tem a educação e a qualificação dos portugueses no rol das suas prioridades. E ajudasse a estimular o funcionamento da chamada comunidade escolar. Para bem de Portugal.

Pró ano há mais.

2 comentários:

João de Sousa Teixeira disse...

Não se trata de "dar na cabeça", bem pelo contrário: dizia eu que se vêem as coisas muito bem do sítio onde tu as viste, embora não saiba onde fica essa Charneca da Cotovia.

Um abraço
João Teixeira

Manuel da Mata disse...

O sítio de onde se vê não é verdadeiramente importante. Importante é irmos reflectindo (este gerùndio é para ti)de forma livre e construtiva.
A Charneca da Cotovia é antes de chegar a Sesimbra. Tenho lá uma casinha pré-fabricada, no parque de campismo.
Inda lá hás-de ir comigo.

Um abraço,
Manuel