segunda-feira, novembro 26, 2007

SONETO (PORTUGÊS) --4

Nuno foi o braço e a mente
Que Portugal defendeu
Da castelhana gente.
Títulos e riquezas recebeu
De seu amigo João de Avis,
Cujo arnês envergou
Quando Leonor, mãe de Beatriz,
Cavaleiro o armou.
Destemido herói medieval,
Escolheu o caminho certo
E terçou armas por Portugal.
Ilustre patrono da infantaria,
Nuno foi o grande arquitecto
Da lusitana soberania.

DO MEU DIÁRIO

Santa Iria de Azóia, 15 de Outubro de 2000 - Tinha a idade do João Pedro, meu filho, e chamava-se SAMI JAZAR. Provavelmente, o seu único sonho era brincar em paz com todos os outros meninos da sua rua, do seu bairro, da sua pequena cidade. Foi assassinado barbaramente por um soldado israelita, apesar do desespero do pai. Tinha nove anos!

A ceifa continua, apesar da aparente movimentação de todas as peças importantes do xadrez político mundial. A desproporção de meios é comprovada com a desproporção do número de vítimas. Por cada três israelitas mortos, morrem trezentos palestinos. E a chamada comunidade internacional, tão célere na defesa dos direitos humanos em determinadas regiões do mundo, revela-se incapaz de impor uma solução política no Médio Oriente, tendente a evitar o genocídio do povo da Palestina.

Enquanto persistir a hipocrisia de permitir todos os crimes ao sionismo, periodicamente, teremos de chorar a morte de um menino, como se a construção de uma pátria tivesse de passar por este caminho sacrificial e demente.

sexta-feira, novembro 23, 2007

DO MEU DIÁRIO

Santa Iria de Azóia, 20 de Novembro de 2007- Neste mundo globalizado, não há meios de encontrar boas notícias para aqueles que apenas têm para vender o seu trabalho. Em nome da chamada globalização, são surripiados aos trabalhadores europeus direitos que levaram séculos a conquistar. A barbárie está de novo instalada e pelos vistos de boa saúde.

Lídia Martinez, que vive em Paris, dava-me hoje conta daquilo que é o sentimento geral no país de Sarko. Aumentou-se 172% a ele mesmo e permitiu
aumentos à “cambada” que dirige a França e depois diz alto e bom som que as reformas são para levar até ao fim. Da França inteligente – e quantas vezes motor das transformações continentais –, chegam-nos agora estes exemplos de intransigência e pouco cartesianos.

As greves justas, vistas as coisas friamente, são apenas aquelas em que nós nos implicamos. As outras, porque nos criam transtornos, são sempre egoístas e despropositadas. É assim em França, é assim em Portugal e será assim na Cochinchina. E numa coisa, entre muitas outras, a Lídia tem razão: Sarko foi recentemente eleito e os franceses votaram nele.

O meu desejo mais profundo era que a Europa fosse varrida por uma forte contestação, que desalojasse do poder esta gente sem alma nem coração. Mas este é apenas o meu desejo, porque a realidade é bem diversa. E é neste desajustamento que radica parte do meu mal-estar.

*
Almocei com o Antero, no Tico –Tico, que é um sítio agradável e onde se pode comer e conversar. Não nos víamos há meses e falámos de muitos assuntos. Até da Guerra Colonial, que persiste - e algum dia deixará de persistir? – em ser tema para longas conversas. Na verdade, as ex-colónias portuguesas são assim como que uma espécie de síndrome que nos agarrou na juventude e que nos acompanhará até à cova.

De Angola, onde estive apenas um ano, não guardo recordações que me sejam muito gratas, afora as “punhetas” de bacalhau, no GAC-1, e os bares e as “boîtes”, até Março/Abril daquele ano de 1975, porque depois, com o eclodir da Guerra Civil, tudo fechou e Luanda tornou-se a mais triste de todas as cidades do mundo. Apesar de tudo, sou capaz de falar ou ouvir falar, dias inteiros, daquela terra de feiticeiros e feitiços.

Que mosquito me terá picado?


quinta-feira, novembro 22, 2007

DO MEU DIÁRIO

Lisboa, 8 de Março de 1993 -Os santos que são santos também pecaram, diz o povo. E no entanto, quando se reencontraram com Deus (que cristão!), todos se sentaram à sua direita.
Pecaram, com certeza, por pensamentos, palavras e obras e ter-se-ão arrependido contritamente, para merecerem a indulgência do Criador. E os homens tê-los-ão perdoado?

Um homem pode ter vivido a vida mais virtuosa das vidas, mas no dia em que cometer o mais insignificante deslize, os seus semelhantes constituir-se-ão em pelotão de fuzilamento. Em nome de Deus - mesmo sem procuração -, da justiça e da liberdade. O ensinamento profundo da parábola da adúltera, nunca entrará nas suas cabeças empedernidas.

DO MEU DIÁRIO


Lisboa, 7 de Maio de 1994 - Portugal é hoje um país de répteis. Não admira, assim, que a traição espreite a cada esquina. Os portugueses sempre foram mesquinhos e interesseiros. E nada dói tanto como a ausência de grandeza.
Portugal começou a agonizar, com efeito, ainda na primeira metade do séc. XVI. Inelutavelmente, caminha para a dissolução final. E sobretudo, porque nunca mais soube encontrar alternativas credíveis e atempadas.
Hoje, agarra-se e chupa a teta da mãe Europa com quantas forças tem. O pior virá, quando a teta, sugada até ao tutano, deixar de ser o almejado D. Sebastião.
Curiosamente, a religião nos fez grandes e pequenos. Com o mito de cruzada dominámos metade do mundo. A Inquisição castrou-nos para sempre.

Nota: continuo a pensar exactamente da mesma maneira. Portugal é
muito pior, hoje, do que há treze anos atrás.

quarta-feira, novembro 21, 2007

SONETO (PORTUGÊS) -3

Republicação

Entro nas casas de alterne
Por obrigação profissional;
Mas topam imediatamente
Os frequentadores habituais
E aquelas noctívagas mulheres
Quão estranho me sinto e sou
Dentro de tais aquários.
Lisboa tem para todos os gostos
E para todas as carteiras:
Moldavas, lusas, brasileiras,
De cabelos pretos, ruivos, loiros.
O à-vontade ganha-se indo,
Os pidgins aprendem-se falando.
O fundamental é ter carteira!

terça-feira, novembro 20, 2007

SONETO (PORTUGÊS) -II

Republicação

Era Verão…
E Mariana ardia,
Na fresquidão dos claustros.
Caóticos,
Os seus pensamentos voavam,
Voavam sobre as montanhas,
As planícies e os rios.
Em vão procuravam
O cavaleiro Chamilly.
De seus olhos negros,
Lágrimas apaixonadas caíam.
Lágrimas sentidas,
Que Chamilly jamais veria.
E na fresquidão dos claustros,
Mariana ardia… ardia…

domingo, novembro 18, 2007

SONETO (PORTUGÊS) -1

Republicação


Pertenço a uma geração
Que tudo deu à pátria
E da pátria só agravos recebeu.
Nasci sob a pata e a bota
Do déspota de Santa Comba;
A Angola fui parar,
Longe da pátria e dos meus;
e lutei pela democracia
E por uma pátria fraterna.
Rapazes de cueiros dizem agora
Que gozo de muitos privilégios.
E eu digo (lhes) livremente:
A puta que os pariu!,
A puta que os pariu!

terça-feira, novembro 13, 2007

JUNHO

Plácido o tempo fluía,
as cigarras cantavam
e as cerejas amadureciam.


E dentro de nós,
ai amiga!,
o divino fogo ardia.


De mão na mão,
apressados,
descíamos até ao rio
e era à sombra dos freixos,
paulatinamente,
que tudo acontecia.

domingo, novembro 11, 2007

DO MEU DIÁRIO

Santa Iria de Azóia, 11 de Novembro de 2007 – Num comentário publicado no “blog” do Daniel Abrunheiro, Lídia Martinez pergunta – e com toda a pertinência –, se não haverá nomes de mulheres para relembrar. Há, com certeza, e muitos.

Lídia relembra Vieira da Silva, Natércia Freire e Judite de Carvalho. Da minha lavra – e puxando por elas do fundo do tempo -, relembro Sóror Violante do Céu (1601-1693), Josefa de Óbidos (1630-1684), Sóror Maria do Céu (1658-1723), Leonor de Almeida Portugal(1750-1839), Irene Lisboa, Natália Correia, Maria Lamas e Maria Keil (n.19004). E isto apenas para usar o critério de Lídia, ou seja, mulheres dedicadas às artes e às letras.

De Sóror Maria do Céu, aqui deixo este lindo poema, da obra ENGANOS DO BOSQUE:

CAMARINHAS HUMILDADE

As camarinhas são, pelo retrato,
As pérolas do mato,
Mas com tal humildade,
Que nas do mar não buscam igualdade,
Antes logo em saindo das mantilhas,
Dizem humildes ser das urzes filhas,
Poucas vezes se oferece,
Confessar o que é quem mais parece,
Que em tempo semelhante,
O que nem é cristal, diz que é diamante, Só o humilde, só,
Ainda que seja ouro, se diz pó.

Um dia destes, conto as circunstâncias em que conheci e falei com Maria Keil.

sábado, novembro 10, 2007

SÃO MARTINHO

São Martinho é português,
Ninguém deve duvidar.
Dá-nos tinto aragonês
E outros vinhos de encantar.

Não há outra santidade
Deste povo mais querida.
Há festas na puridade,
Alegres e divertidas.

Castanhas, chouriço e pão,
Tudo regado com vinho!
Haverá melhor razão,
Pra gostar de S. Martinho?


Barata, Manuel, FRAGMENTOS COM POESIA, Ulmeiro, Lisboa, 2005

sexta-feira, novembro 09, 2007

MEMÓRIA - III

Nos regatos e nas fontes
Água cristalina bebi.


Nos silvedos dos caminhos,
Amoras bravias colhi.


Nos corutos das figueiras,
Sadios figos comi.


Nas sombras amigas dos choupos,
Lindas histórias ouvi.


Mas um dia,
Embalado pelos sonhos
Fui ver o mundo
E tudo perdi.

quinta-feira, novembro 08, 2007

MEMÓRIA II

( Em memória de minha avó paterna)

Vejo-te sempre ali
junto à lareira
no teu banquinho sentada
os olhos muito abertos
mas já sem brilho.


Vejo-te sempre ali
junto à lareira
de viuvez vestida
ansiosamente olhando
mas não vendo nada.


Vejo-te sempre ali
junto à lareira
velho tronco devastado
pelo simples fluir
inexorável dos dias.


Vejo-te sempre ali
junto à lareira
vivo o lume
os olhos muito abertos
mas já sem brilho.

terça-feira, novembro 06, 2007

NO VERÃO

No verão,
Quando o sol
Incendiava os dias,
Era à sombra
Da figueira branca,
Junto ao poço,
Que a nossa família
Se acolhia.


Pacientemente,
Meu avô
Descascava então
Figos de piteira
Que eu comia.


Saciada a sede
E distribuído o pão,
Muito feliz,
Minha avó dizia:
- Abençoado seja o verão!...

segunda-feira, novembro 05, 2007

A SAUDADE

A saudade é portuguesa,
Dizem os mais entendidos...
Causa é desta moleza
Que nos traz tão distraídos.


Um dia vou ao labirinto
Onde a dizem guardada
Ou presa, até consinto,
Para a matar à facada.


Temos de mudar de vida.
Isto assim não pode ser.
Tanta cabeça perdida
E Portugal por fazer.


Vai às malvas, ó saudade,
Não te arvores em carraça!
Deixa o povo em liberdade,
Que já chega de desgraça.

DO MEU DIÁRIO

Santa Iria de Azóia, 28 de Novembro de 2003 – Às vezes, sinto-me como que um país à beira de uma guerra civil; outras, um simples território invadido. É nestes momentos que sinto uma vontade irreprimível de subir ao telhado deste pequeno edifício e desatar aos tiros. E no entanto...
Mantenho-me quedo, no meu coin, à espera que por mim não dêem falta, contentando-me com a escrita de versos sem talento e de alguma prosa insossa, que jamais terá leitores. Porém, quedo no meu coin, sinto-me mais amigo de Portugal do que D. Manuela Leite, sempre prenhe de certezas e inabaláveis convicções, como se os deuses a tivessem engendrado para salvar Portugal.
E prontos, como agora se diz, acabei por subir ao telhado, mais uma vez, e cumprir o meu papel de franco atirador. PUM!!!

domingo, novembro 04, 2007

INÊS DE CASTRO

Charneca da Cotovia, 3 de Novembro de 2007 – Fim de tarde de 20 de Março de 1622. Luís Vélez de Guevara, autor de textos dramáticos, atravessa um mau momento da sua carreira profissional. Ainda há instantes deixara a casa de Sánchez de Vargas, que lhe dissera “que as suas comédias haviam deixado de ter valor na bolsa de contratação teatral da Rua de Léon”.
Agora na madrilena Rua de Atocha, Luís Vélez de Guevara parece hesitar no caminho a seguir, tais são os problemas que o atormentam. Sem um ducado nos bolsos, com a prole em casa sem sustento, decide ir até à taberna de Alonso. Aí poderá encontrar um amigo que lhe empreste dinheiro ou lhe pague um “bom vinho de Consuegro”.
É já com a taberna de Alonso em mente, que encontra D. Félix Lope de Vega, que vem do Convento de La Merced, onde se despedira de frei Gabriel Téllez, que na vida secular era conhecido por Tirso de Molina. Os dois homens cumprimentam-se amistosa e respeitosamente e tecem algumas considerações acerca do meio teatral. Porém, apesar do êxito, também D. Lope não parece muito feliz, facto que não passa despercebido a Luís Vélez de Guevara. D. Lope decide acompanhar o amigo e camarada de lides teatrais.
D. Lope sente-se agastado com as suas fraquezas carnais. Apesar dos votos, não consegue evitar as mulheres e nomeadamente a diminuída psíquica Marta de Nevares, de quem tem vários filhos. Os dois homens caminham e conversam até à taberna de Alonso, onde vão encontrar vários companheiros de tertúlia. A conversa anda à volta de sucessos e insucessos literários e artísticos e é neste contexto que os amigos são surpreendidos pela presença de um velho cavaleiro que tem uma boa história para contar. Só Luis Vélez de Guevara e D. Lope aceitam ouvir a história que o cavaleiro desconhecido tem para contar. É a história dos amores trágicos de Pedro e Inês, que Luís Velez Guevara vai dramatizar e que lhe vai trazer de novo o sucesso. Três anos depois, em 1625, com a peça REINAR DESPUÉS DE MORIR.

A narrativa do velho cavaleiro segue a par e passo aquilo que se sabe da História de Portugal, durante os reinados de D. Afonso IV e D. Pedro I. Poder-se-á até dizer que Maria Pilar Queralt del Hierro segue de perto a lição dos poetas e literatos, nomeadamente a de um tal Luís Vaz de Camões, que atribuem ao Amor, ao puro Amor, a causa da tragédia. É certo que os Castros têm projectos; todavia, Inês repele a pressão de seus irmãos, Fernando e Álvaro. Inês ama Pedro desde que o viu, fugidiamente, pela primeira vez e por por seu Pedro sacrificará a sua vida.

É minha opinião convicta que este romance vale sobretudo pelos retratos que traça das personagens principais, ou seja, de Pedro, Inês, Constança e Afonso IV. Pedro é um jovem de vinte anos, dado aos prazeres da caça e que esquece “a sua condição, os seus deveres e as suas necessidades mais básicas”. Na opinião do próprio pai, Pedro é “inconstante, indolente e sem sentido do dever” (pág. 86). Este jovem de olhos azuis é gentil, “sensível, alegre e amante das artes e das letras”(pág.58).
A morte de Inês enlouquece-o; porém, acaba por chegar a um acordo com o pai, a quem nunca perdoará o assassinato da sua bem amada. Quando assume o poder, consumadas as vinganças possíveis, Pedro faz transladar os restos mortais de Inês de Santa Clara para o mosteiro de Alcobaça, onde sob a sua supervisão tinham sido construídos os túmulos para ambos. E faz os nobres desfilar perante o cadáver, em cuja cabeça Pedro tinha colocado a coroa das rainhas de Portugal. Foi a sua última homenagem a Inês, com quem casara com a cumplicidade do bispo da Guarda, que o próprio príncipe trouxera a Santa Clara para o efeito.
Este príncipe português, que terá protagonizou uma das mais belas histórias de amor de todos os tempos, reais ou míticas, foi rei durante cerca de dez anos e governou com grande sabedoria. Dois dos seus filhos foram reis de Portugal: D. Fernando, filho de Constança; e, D. João I, que a História registou como bastardo. Filho de Teresa Lourenço, que presenciara a morte de Inês e que o príncipe violou, segundo o romance de Maria Pilar Queralt del Hierro, na convicção de que possuía Inês, acabaria por ser um rei de Portugal filho de Inês de Castro. Isto, já no domínio da ficção, obviamente. Teresa Lourenço, em cujo ventre a loucura gerou a mais profícua de todas as dinastias portuguesas, merece aqui uma palavra de simpatia!

Galega de nascimento (1320), Inês de Castro é criada em Castela, para onde, após a morte da mãe, o pai decide enviá-la, a fim de “acompanhar D. Constança Manuel nos seus ócios e obrigações”. Constança é filha de D. João Manuel, infante de Castela e há-de ser, por casamento com D. Pedro, princesa de Portugal. Inês, a dos olhos garços, é uma rapariga “Alta, esbelta, ágil de movimentos/…/ “ e /…/”possuía uma frescura especial que dispensava artifícios. Conservava os mesmos caracóis dourados que tinha em criança/…/” (pág. 52), segundo Constança. “Inês era fogo fascinante e arrebatador. Uma fogueira que atraía o olhar de forma hipnótica/…/”. Como Pedro, “amava a leitura, a música, os passeios a cavalo pelo campo”.
A partir do texto do romance, fica-se a saber que Inês fez feliz a infância de Constança e que entre as duas amigas, apesar de Inês ter cedido aos impulsos de Pedro, houve sempre uma amizade fraterna.

Constança “tinha feições correctas, uns olhos escuros e grandes que testemunhavam a sua grandeza de alma e uma educação refinada que a fizera adquirir gestos harmoniosos e cativantes”(pág. 52). Tem a noção dos seus deveres, enquanto filha de um infante de Castela. Domina na perfeição os rituais do poder. É, na opinião de Inês, a mais nobre das mulheres” (pág.65).

D. Afonso IV, o Bravo, tinha um alto sentido do dever. O seu reino estava acima de tudo e todos. Não era dado a quaisquer manifestações de afecto. Encarnou o paradoxo de fazer infeliz aquele que mais amava.

No final do romance ficamos a saber que a peça de Luís Velez de Guevara foi um enorme sucesso. Decorre o Verão de 1634 e o dramaturgo sonha com o cavaleiro, que lhe contara a história dos amores de Pedro e Inês. É o próprio D. Afonso IV que, roído pelo remorso, tenta convencer os artistas a perpetuar a memória de Inês de Castro e deste modo encontrar a paz pessoal. Num encontro com D. Lope, o autor de REINAR DESPUÉS DE MORIR conta o sonho ao amigo, que o aconselha a não levar os sonhos a sério e lhe diz que foi a história que o viajante lhe contou, naquela noite de Inverno de 1622, que lhe abriu definitivamente as portas da consagração.

Hierro, Maria Pilar Queralt del, INES DE CASTRO, Edição do Círculo de Leitores, Dez/2006.