quinta-feira, maio 31, 2012

DO MEU DIÁRIO


Santa Iria de Azóia, 31 de Maio de 2012 – Começo a deixar de ter estômago para os “sarrabulhos” quotidianos, que têm como protagonistas os actuais “estadistas” e os “estadistas” anteriores. Os actuais, porque nunca tendo dito ao que vinham - para além de uma vaga alusão ao “pote”- têm como programa fazer empobrecer Portugal e os portugueses; os anteriores, porque querendo voltar ao “pote”, tudo fazem para ficar bem no retrato e não serem acusados de prejudicar o povo e o país.

O que fazem uns e outros é prejudicar Portugal e os portugueses, porque capitularam perante entidades estrangeiras e os nossos parceiros da EU, aceitando condições humilhantes para o seu povo e para o seu país. É revoltante assistir à chegada de três “encomendas, três, enviadas pelos credores e que se passeiam pelos corredores das nossas instituições como verdadeiros chefes. Isto revolta! Isto faz-me mal ao estômago.

No entanto, há outras coisas que me nauseiam. Nomeadamente o facto de todos os grandes crápulas ficarem impunes, sendo consabido que roubaram Portugal e os portugueses em muitos milhares de milhões de euros. E tudo parece normal, como se os ladrões e outros malfeitores não tivessem de estar nas prisões. Portugal corre o risco de se tornar num imenso manicómio.



domingo, maio 27, 2012

NÃO TENHO PALAVRAS SÁBIAS


Não tenho palavras sábias nem virtuosas para vos dizer. Se procurais essas palavras, Esta não é a certa porta onde devereis bater; porém, a cidade está repleta de homens sábios e virtuosos, que, certamente, vos dirão as palavras que os vossos corações, generosos, tanto procuram.

Eu só sei falar de cigarras, de potros fogosos e bravios e dos dias calmosos do Verão.

E se um conselho meu quereis ouvir, pois bem, aqui o tendes: sede ledos como as cigarras, fogosos e bravios como os potros e desfrutai estes calmosos dias de Verão.

Simplesmente, que o tempo – o inexorável tempo – se há-de encarregar de fazer o resto.







segunda-feira, maio 21, 2012

DO MEU DIÁRIO


Santa Iria de Azóia, 21 de Maio de 2012 – Valentim Gil, que conto no rol dos meus amigos, anda preocupadíssimo com o presente e com o futuro da sua família e do nosso país. O presente conhecemo-lo bem. A minha família já perdeu quatro vencimentos anuais, suporta bens e serviços à taxa de IVA de 23% (antes 6 e 13%), diminuíram-lhe as comparticipações nos medicamentos e aumentaram-lhe as chamadas taxas moderadoras. Falar de uma perda real de cerca de 30% do poder de compra é fazer as contas por baixo. Mas o pior ainda está para vir.

O futuro, diz-se, a Deus pertence. No entanto, os totalitários que nos desgovernam, pensando ser esta a definitiva e melhor forma de organizar e governar o mundo a seu bel-prazer, vão esticando, esticando a corda, crentes na mansidão do povo português. Ora, este povo que amo e sou (acho que já escrevi isto noutro texto) soube sempre encontrar soluções nas horas de maior aperto. A ideia de que o povo português é manso é falsa, porque temos a nossa História repleta de guerras civis e até de assassinatos políticos.

Poderemos passar por horas de grande aperto, mas os totalitários não contam, porque nela não acreditam, com a oposição que, inevitavelmente, terá que surgir. O próximo ano, quando todas as medidas do “Gasparoika” forem postas em prática, a radicalização tornar-se-á inevitável. E depois veremos.

O grande problema da hora que passa radica na desregulamentação do capitalismo, ou seja, no predomínio do capital financeiro sobre o capital produtivo, no fundo, sobre a economia propriamente dita (terei dito alguma enormidade?). E das duas, uma: ou os povos deixam o capitalismo reorganizar-se e continuar a cavar desgraças; ou, então, têm de ousar e encontrar outras formas de tratar do estado do mundo. E elas existem.

RAFEIROS DE ESTIMAÇÃO




domingo, maio 20, 2012

DO MEU DIÁRIO

os protagonistas

Santa Iria de Azóia, 20 de Maio de 2012 – Há 21 anos, feitos hoje, o dia acordou tépido e repleto de sol. Segunda-feira. Deixei a Zélia no Hospital Particular de Lisboa, por volta das sete da manhã, com a promessa de uma enfermeira-parteira de que o João só nasceria lá para as onze horas. Bebi o primeiro café do dia no Café-Restaurante “Tony dos Bifes”, na Av. Praia da Vitória, em frente do Centro Comercial Monumental.

Bebido o café, desloquei-me para o nº 21 da Av. 5 de Outubro, onde tinha - e continua a ter -, sede e instalações o Externato Ergon, onde leccionava, em horário pós-laboral. Estiquei-me no sofá e adormeci, porque a noite tinha sido longa e movimentada. Dormiria duas horinhas e iria assistir ao parto como ficara combinado.

Por volta das dez horas, não posso precisar, levantei-me e dirigi-me para o HP, na Luís Bívar. Ainda na rua António Enes vejo dois familiares sorridentes, que já vinham do hospital e que me asseguraram que o João tinha chegado bem. E lá fui eu, muito curioso, ver o meu filho, a cujo parto faltei graças a um erro de cálculo de uma experiente enfermeira. Depois, depois foram os telefonemas do costume e as emoções de, mais uma vez, termos dado vida à vida.

O almoço foi com o Manuel Junqueira, na rua António Enes, num restaurante-tasca quase paredes meias com a embaixada de Israel. E o dia, um dos mais felizes da minha vida, continuou quente e radioso.

quarta-feira, maio 16, 2012

DO MEU DIÁRIO

Alhandra vista de Trancoso (S. João dos Montes)

Santa Iria de Azóia, 16 de Maio de 2012 – Portugal, este belo país que amo e sou, está a tornar-se um lugar inóspito. Dir-se-ia que este velho rincão, outrora habitado por um povo hospitaleiro, se transformou um sítio melancólico, soturno, crepuscular.

Por obra e graça de meia dúzia de alimárias, nacionais e estrangeiras, que, revelando o mais acabado desprezo por todo um povo, Portugal está a regredir para níveis ainda recentemente inimagináveis. E diz-se – e sabe-se que a coisa não vai ficar por aqui! – que medidas mais gravosas hão-de chegar e que o desemprego vai continuar a crescer.

O medo vai-se instalando. Há horas atrás ouvi um jovem dize, quase com lágrimas nos olhos, que a sua mulher vai ficar desempregada após o términus da licença de maternidade, que o seu salário já baixou por mútuo consentimento, que não sabe o que vai fazer à vida.

Pois. O problema radica aqui: o povo não sabe, ou começa a não saber, o que há-de fazer com a vida. Imunes a esta tempestade, só mesmo os sobrinhos dos tios que, por enquanto, mandam em Portugal. Eu fui mandar lançar os búzios e sei que a coisa vai mudar. É só uma questão de tempo e de muito sofrimento.

domingo, maio 13, 2012

MATA - COMIGO NO CORAÇÃO




Paisagem íntima