quinta-feira, janeiro 31, 2008

DO MEU DIÁRIO

Santa Iria de Azóia, 31 de Janeiro de 2008 – Foi numa instalação militar que, pela primeira vez, me estreei como professor. De um só aluno: o jovem, que, após a saída das nossas tropas, teve a responsabilidade de tratar da instalação eléctrica de Nambuangongo. Esqueci o seu nome, como esqueci muitas outras coisas. Sei apenas que aquele rapaz, que tudo queria aprender, ficou com a incumbência de quebrar o breu daquela terra do fim do mundo.

Naquele Outono de 1974, já não se podia, com propriedade, falar de guerra. A disciplina afrouxara, até porque ninguém queria ser apodado de reaccionário. Depois das cinco da tarde, cumpridas as tarefas militares quotidianas, os sargentos e os oficiais vestiam roupa civil, para bebericarem cerveja e uísque e jogarem à batota ou ainda para se deslocarem ao musseque, onde bebiam marufo e assistiam aos espectáculos de batuque. O homem mais rico de Nambuangongo era um indivíduo chamado João Pedro, que já tinha a preocupação de mandar os filhos para Luanda, onde podiam estudar e aspirar a uma vida melhor.

Nas manhãs de domingo, aparecia um homem de cabelo branco e já muito velho, que era conhecido por Miarra. Vestia uma farda militar andrajosa e gritava Miárráááááá´!!!! E pronunciava nomes de terras angolanas como Ambriz e Ambrizete e Santo António do Zaire. Era o Miarra. Aparecia sempre entornado e dizia-se que com tudo o que ardesse na garganta, nomeadamente “after- Shave”. A tudo o que emborcava, o nosso Miarra chamava água do puto, ou seja, bebida proveniente de Portugal.

OS COMPUTADORES - II

Um dia
- Não muito distante –,
Tenho a certeza,
Vou atirar-me,
Sem piedade,
Ao computador.

A nossa relação
Tem sido
Muito pacífica,
Embora
eu não ache
Muita piada
Às partidas
Que esta máquina
Tão estúpida
E sedutora
Me vai pregando.

Eu vou travar
Esta relação
Que vicia
Como o absinto
E atirar-me,
Sem piedade,
Ao computador.

É inevitável!
É inevitável!

segunda-feira, janeiro 28, 2008

OS COMPUTADORES

Começo a estar
Viciado,
Amor,
Com a treta
Do computador.

Doem-me
As mãos
Os braços
E as lombares
De tanto teclar

Há quanto tempo,
Amor,
deixei de te olhar
com olhos
de ver?

Qualquer dia,
Quando isto
Piorar,
Vou dormir
Com o endireita,
Amor!

sexta-feira, janeiro 25, 2008

SEMPRE

Entre vós,
Amanheci,
Um dia
Em Junho.

Menino ainda
Num vaivém
Andei,
Entre a aldeia
E a cidade.
Mais tarde,
Muitas foram
As ausências.
Porém, nunca
Se desvaneceu,
Em mim,
O desejo
De voltar.

Verdadeiramente,
Estive sempre,
Entre vós,
Apesar de Penélope
Não estar aí,
Sozinha
E ameaçada.

terça-feira, janeiro 22, 2008

DO MEU DIÁRIO

Santa Iria de Azóia, 22 de Janeiro de 2008 – Nambuangongo é para muitos portugueses uma palavra mítica. Para mim também, que ainda lá gramei dois meses, ou seja, os meses de Outubro e Novembro de 1974.

A mítica Nambuangongo, por onde terão passado muitos milhares de portugueses ainda vivos, era um cemitério, uma igrejinha, um depósito de água e as instalações do chamado Pelotão de Apoio Directo (PAD), do lado esquerdo; e, as construções que acolhiam a 2ª companhia do batalhão ali sedeado, do lado direito. Depois havia a descida e o civil, com o seu comércio de víveres e outras utilidades para a tropa, também do lado esquerdo. A picada parecia terminar ali, onde o terreno se elevava de novo e se erguiam as precárias construções militares da Companhia de Comandos e Serviços (CCS) do batalhão, incluindo as messes de oficiais e sargentos.

Mas era ali junto ao muro, que a picada continuava à direita para o Quixico e à esquerda para Zala e Madureira. Do lado esquerdo havia as oficinas e outras instalações de apoio logístico e ainda o campo de futebol, que tinha a cor vermelha dos cafezais de que falava o presidente Agostinho Neto na Sagrada Esperança. À esquerda, a poucas centenas de metros do aquartelamento, estava situado o musseque, isto é, a aldeia dos nativos, onde íamos à noite para beber marufo, ouvir batuque e tratar de outras necessidades humanas essenciais.

Era isto, Nambuangongo, e uma pedra onde estavam inscritos uns quantos nomes famosos, nomeadamente o de Fernando Assis Pacheco, que já publicara alguma poesia, mas que ainda era desconhecido como ficcionista.

segunda-feira, janeiro 21, 2008

PEQUENO BALANÇO

Nos regatos
E nas fontes
Água cristalina
Bebi.


Nos silvedos
Dos caminhos,
Amoras bravias
Colhi.


Nos cocurutos
Das figueiras,
Sadios figos
Comi.


À sombra
Dos choupos,
Lindas histórias
Ouvi.


Mas um dia,
Pelos sonhos
Embalado
Fui ver o mundo
E tudo
Perdi.

domingo, janeiro 20, 2008

DO MEU DIÁRIO

Charneca da Cotovia, 20 de Janeiro de 2008 – Acabei de ler, na última madrugada, o romance INÊS DE CASTRO - A ESTALAGEM DOS ASSOMBROS, escrito por Seomara da Veiga Ferreira e que a Editorial Presença editou, em Março de 2007.

É mais um romance que trata dos amores de Pedro e Inês; porém, desta feita, o ponto de vista è o de D. Afonso IV e segue de perto, em minha opinião, as teses historicistas. Eu explico melhor: a relação de Pedro e Inês era perigosa para a soberania portuguesa e podia pôr em causa os interesses de D. Fernando, filho de D. Pedro e de D. Constança Manuel, que era uma criança muito débil. Robustos, os filhos da “colo de garça”, eram uma séria ameaça, e, sobretudo, tendo em conta os apetites pressentidos dos tios Castro. Inês morre por razões de Estado.

A narradora é nem mais nem menos que a mãe de Pedro, a rainha D. Beatriz, que nos traça um retrato extraordinário de D. Afonso IV, que é sempre movido por um alto sentido do dever. D. Afonso, o grande herói da batalha do Salado, que mereceu episódio n’ Os Lusíadas, era um homem austero e severo e de grande integridade mental. Talvez devido aos excessos de seu pai, o grande rei Dinis, D. Afonso não conheceu outra mulher a não ser a rainha Beatriz e conviveu sempre mal com as “bastardias”.

Neste romance, que se lê com agrado, há ainda a realçar o retrato que a narradora traça da rainha D. Isabel, mais tarde Santa Isabel, a quem se refere sempre como uma grande mãe e uma figura de eleição, que desculpa o rei e ajuda a criar os bastardos.

A narrativa decorre praticamente sem recurso às habituais anacronias, ou seja, o tempo decorre de forma linear e em tom muito intimista, tendo como narratária D. Doce, uma anãzinha, que era a principal companhia da rainha. Esta D. Doce há-de assumir no final do romance e após a morte de D. Beatriz, o papel de narradora.
Neste romance, encontrei a mais completa descrição dos mausoléus de Pedro e Inês, trabalhados por “Pêro das Imagens” e por seu primo João Garcia, mas sempre sob a orientação do próprio rei D. Pedro.

sexta-feira, janeiro 18, 2008

DO MEU DIÁRIO


Moscavide, 18 de Janeiro de 2008 – O cidadão pouco familiarizado com as questões administrativas e que não resida nas imediações de Moscavide, terá muitas dificuldades em enquadrar este freguesia no concelho de Loures. O clube de futebol da terra é o Olivais e Moscavide, o que significa que o partilha com a lisboeta freguesia de Santa Maria dos Olivais. Mas Moscavide é ainda o início e o fim de diversas carreiras da Carris. E isto para não falar da divisória, que o povo apelida de estrada de Moscavide.

Seja como for, Moscavide é uma freguesia recente, de traçado mais ou menos pombalino, no que às ruas diz respeito, se atendermos ao seu conjunto de paralelas e perpendiculares. E foi, até ao advento do Parque das Nações, uma localidade com um sector comercial bastante forte, porque era ponto de passagem para quem utilizava os transportes públicos, vindo das freguesias da zona oriental de Loures e do concelho de Vila Franca. A Gare do Oriente e a ampliação da rede de metropolitano, roubaram a Moscavide o seu cunho de ponto de encontro e de passagem.

O Parque das Nações fechou e abriu, simultaneamente, Moscavide. Ainda que tenha ganho uma faixa de terreno no Parque das Nações, ou seja, a área compreendida numa linha que une a Praça José Queirós à Torre Vasco da Gama e outra, a norte, que passa pela rotunda grande, que dá acesso à ao IC2, a Sacavém e à E.N.10, e passa nos limites da antiga Fábrica de Material de Guerra, Moscavide tornou-se uma espécie de condomínio fechado, onde é difícil de estacionar e onde cada vez se vai menos.

Trabalhei dez anos em Moscavide e ali conservo muitos amigos. O Célio que se debate com a doença, o Zé Caetano, a Custódia e a Lina, o Hélder, O Carlos Garcia, a Filomena Capelo, etc. Isto para falar de amigos, porque… porque conhecidos são às dezenas. E por isso vivo num vaivém permanente com esta terra, apesar de lhe apontar um urbanismo medíocre e uma crónica falta de higiene. Costumo dizer que é a única terra do mundo onde os peões andam nas ruas e os cães nos passeios.

quinta-feira, janeiro 17, 2008

DO MEU DIÁRIO

Carnaxide, 17 de Janeiro de 2008 – Dia cinzento, a condizer com o país de cinzentões que somos. A chuva é uma ameaça iminente. Apesar de tudo, há muita gente nos passeios e o tráfego automóvel é considerável, nesta localidade do concelho de Oeiras.

Contudo, o tráfego automóvel diminuiu substancialmente, nos últimos meses. É que os portugueses têm sido massacrados com aumentos sucessivos dos combustíveis e os nossos carros, infelizmente, não são movidos a água, que sempre havia de ser mais amiga do ambiente.

E por falar de ambiente, disseram-me há dias que o buraco do ozono é provocado, essencialmente, pelo vapor de água e que o CO2 apenas contribui com 20%. Verdade ou mentira, não há dúvida de que as condições climáticas se vão alterando de ano para ano, tornando a mãe Natureza muito mais imprevisível.

Portanto, é urgente que todos façamos o que estiver ao nosso alcance para proteger o meio ambiente e por extensão o planeta. A defesa da Terra é, na hora que passa, um imperativo civilizacional.

segunda-feira, janeiro 14, 2008

DO MEU DIÁRIO

Lisboa, 14 de Janeiro de 2008 – É raro mas acontece: almocei sozinho no “Tico-Tico”. E precisamente, porque, às treze e trinta, me apeteceu almoçar sozinho. Há dias em que não tenho nada para partilhar e uma refeição deverá ser sempre, no meu modesto entender, um momento de partilha.

O facto de ter almoçado sozinho não tem nada de dramático. Conheço os empregados, com quem troco amiúdo algumas palavras de circunstância, que me criam a ilusão de estar acompanhado. Eu gosto e procuro ter tempo para falar com os meus botões.

Entre o croquete com sabor a cominhos e um gole vinho e a chegada da vitela barrosã – será que a vitela é mesmo barrosã? - ainda oiço, sem querer, a conversa mais ou menos escatológica de dois octogenários, que pelos vistos gostam de comer bem e viajar. Devem ser ambos viúvos e sportinguistas.

Enquanto mastigava e deglutia a dita vitela barrosã, reparei nos filetes que um casal jovem comia na mesa do lado direito e lembrei-me do arroz de pimentos encarnados que a minha mãe fazia para acompanhar o chicharro frito às postas fininhas e que era uma coisa do outro mundo. Qual sável e qual açorda?! O arroz de pimentos encarnados, cozinhado a lenha, acompanhava na perfeição o prosaico chicharro, que era dos poucos peixes que chegavam à Mata nos anos cinquenta e sessenta do século passado.

Será que acompanhado teria rememorado o feliz arroz de pimentos encarnados que a minha mãe fazia para acompanhar o prosaico chicharro fritos às postas fininhas?

sexta-feira, janeiro 11, 2008

DO MEU DIÁRIO

Santa Iria de Azóia, 11 de Janeiro de 2008 – Ao contrário de muita gente, não andei a ler os livros mais badalados de Luiz Pacheco, para ter uma ideia na hora em que o coração lhe falhou definitivamente. E nem sequer li jornais nos últimos dias. Li um excelente texto do Daniel Abrunheiro, no “canildodaniel”, e o discurso de José Casanova, que Vítor Dias publicou em “o tempo das cerejas”.

Peguei nas Cartas na Mesa, da editora escritor, onde estão reunidas as cartas escritas por Pacheco a Serafim Ferreira. E também nestas cartas, ou sobretudo nestas cartas, o autor de Comunidade, dá-nos de si o melhor de todos os retratos, apesar da síntese do Daniel, que tomo a liberdade de aqui reproduzir: “ escritor, libertino, bissexual (ou era, que a idade tudo pendura…), má-língua-sem-papas-na-mesma, certeiro, danado, assertivo, cru, visceral, afiado, justo, injusto, amante, claro, obscuro.”

E já agora, para aguçar a curiosidade do Zé Ribeiro, deixo-lhe aqui este parágrafo da carta nº 16: “Você outro dia tinha razão: não devo receber mais conservas do Algarve Exportador. O Agostinho Fernandes não achou piada àquilo, tomou-o como acintoso. Neste País, debaixo-acima, é tudo acintoso quanto não seja elogioso – que se lixem!” E já agora, também para o Zé: numa das cartas há uma referência à Ulmeiro, a propósito de um livro do Raul de Carvalho.

Aos vivos citados neste Diário, e também à Lídia em, Paris, desejo um bom fim-de-semana. E boas leituras.

POEMAS VERTICAIS

Agora,
Os poemas,
Nascem
E crescem,
em mim,
Esguios
Como os choupos.

Até parece
Que querem ser
Só um risco
Na folha
alva
Do papel.

Provavelmente,
Chegou o dia
Dos poemas
Se tornarem
Magros
E verticais!

Se assim for,
Que assim seja!

quinta-feira, janeiro 10, 2008

NESTA LÍNGUA

É nesta língua antiga,
Que tudo digo
e sinto:
O rumorejar do mar,
Os teus olhos verdes,
A transparência da água.


É nesta língua
Que festejo,
Dia a dia,
A graça de estar vivo,
Os dias quentes do Verão,
As delícias do amor.

É nesta língua.

DO MEU DIÁRIO

Lisboa, 9 de Janeiro de 2008 – Almoço nos Rochas com o Zé Ribeiro, que era dia de cozido à portuguesa. O Zé gosta muito de ir a esta casa simpática da rua Reinaldo Ferreira, porque as doses são bem servidas e com grande cópia de couves.

Falámos de projectos, mas as nossas conversas vêm sempre desaguar em delta em editores, livros e escritores, que é provavelmente daquilo que sabemos falar melhor.

Hoje, era inevitável falar de Luiz Pacheco, que o Zé conheceu bem. Considera-o sobretudo um grande editor e um homem da liberdade. E, como não podia deixar de ser, reconhece-lhe a qualidade da escrita. Eu estou de acordo com tudo, mas não ia com o indivíduo. Nestas matérias, é raro haver unanimidade.

E deixámo-nos já por volta das três da tarde, com o propósito de irmos à noite à LER DEVAGAR, que funciona na antiga Fábrica de Material de Guerra de Braço de Prata e onde pontifica o Zé Pinho, que foi nosso colega na FL.

quarta-feira, janeiro 09, 2008

DO MEU DIÁRIO

Santa Iria de Azóia, 30 de Dezembro de 2007 – Só hoje tive tempo e pachorra para pegar no “JL”, que continuo a comprar com regularidade, mas que leio agora apressadamente. Excepções: Eduardo Lourenço e Guilherme de Oliveira Martins.

Detive-me no tema desta quinzena, “Gastronomia e Literatura”, porque continuo muito sensível em relação às coisas do paladar. Durante a leitura veio-me à memória uma sopa de feijão encarnado, que comíamos na época da Páscoa. Para além do feijão encarnado, na confecção desta sopa entravam a couve criada no quintal, apanhada folha a folha, e que era esfarrapada para a panela de ferro, uma massinha de cotovelo e uma batatinha esmagada com um garfo na colher de pau. Como não havia passador nem trituradora, era possível saborear cada um dos ingredientes de per se. A cozedura processava-se lentamente, aproveitando o lume da lareira. Esta sopa era enriquecida, muitas vezes com enchidos, que depois comíamos, separadamente, com pão. Para mim, aquela sopa feita por minha mãe, era melhor que a canja de Tormes.

Retomando o fio à meada, acho graça à rubrica os livros da minha vida, onde aparecem sempre alguns nomes repetido, quer entre os nacionais, quer entre os estrangeiros: Sófocles, Cervantes, Shakespeare, Youcenar, Joyce, Camões, Bernardim, Eça, Saramago, Lobo Antunes, etc. Neste número não figurava Saramago, mas aparecia Camus. Tudo bem. Temo apenas que se leiam permanentemente os mesmos, em detrimento dos talentosos autores actuais. Se um dia me perguntarem, hei-de falar de António Vieira, Manuel Bernardes e Amador Arrais.

domingo, janeiro 06, 2008

BCP: UM BANCO MISÓGINO?

Santa Iria de Azóia, 5 de Janeiro de 2008 – Pessoas com quem me relaciono acusam o BCP de ter sido, nos anos que leva de vida, uma instituição nefasta para o país.

Dizem-me, por exemplo, que tem sido contra as mulheres. Para já, é verdade que nas imagens que vão sendo editadas as mulheres estão ausentes. E este facto é muito significativo, tendo em conta a importância que as mulheres ganharam na sociedade portuguesa. Elas são magistradas, professoras, gestoras, polícias, etc; porém, não servem para os conselhos de administração do BCP.

Dizem-me ainda, que eu não tenho grande memória, que nos seus primórdios, o BCP nem sequer admitia mulheres. O BCP fechava-lhes as portas, tal como a Igreja de Roma lhes fecha as portas do sacerdócio. Terá sido o BCP um banco com vida interna à margem da Constituição da República?

Se calhar foi.

sábado, janeiro 05, 2008

BCP - COMO RESSUSCITARÁ O BANCO DE DEUS?

Desconfio que tudo isto se vai saldar pelo desaparecimento do maior banco privado português e pelo advento de novas instituições bancárias como suas sucessoras.
Porém, advertiu-me um amigo, que teve a bondade de comigo conversar acerca do caso, que vai ser interessante saber como se processará a subscrição do capital das novas entidades.

Dizia-me esse amigo, economista de formação e profissão, que sempre há-de perceber mais disto do que eu, que os perdões e os empréstimos são apenas trocos, ou seja, a ponta de um grande iceberg. Se isso assim for, esta marca já deu o que tinha a dar.
Oxalá esse meu amigo não tenha razão, que eu sou um mísero cliente do BCP, por força do desaparecimento do BPA.

sexta-feira, janeiro 04, 2008

LEMBRAM-SE DO BANCO AMBROSIANO?

Santa Iria de Azóia, 4 de Janeiro de 2007 – Eu, que costumo oferecer versos aos meus concidadãos e só por extensão ao meu país; eu, que aprendi retórica e li os clássicos; eu, que ensinei a ler poesia e prosa artística, tenho alguma dificuldade em compreender o que vai por aí na Banca. Nomeadamente, no BCP!

São tantos e tão esquemáticos os cambalachos e as atitudes, que creio tratar-se de um caso parecido com o do banco AMBrosiano. No silêncio do meu escritório e após múltiplas leituras, chego a pensar que estaremos em presença de um caso AMBrosiano II. É esperar para ver!

A DIVINA SHERAZADE

Deve a vasta humanidade
Aos cornos de Xariar
A divina Sherazade
E seus contos de encantar;


Deve-lhe a gentil irmã
- de seu nome Dinarzade -,
que, cedo, cada manhã,
acordava Sherazade.


“ Minha irmã, se não dormis…”
E começa a narração.
Sherazade tudo diz
Para encantar o Sultão.


Histórias mil desfia
(Oh, qual delas a melhor?)
E o tirano ludibria,
Calmamente, e sem temor.


Salvando assim a vida
Às donzelas de Bagdade,
Foi, claro, muito atrevida,
Mas ganhou a liberdade.

quarta-feira, janeiro 02, 2008

DO MEU DIÁRIO

Lisboa, 2 de Janeiro de 2008 – Suspendi há vários anos a actividade de fumador; porém, ainda nunca me afirmei como um não fumador. Suspendi a actividade. Ponto.

No momento presente, o fumo dos cigarros, fumados à minha mesa ou nas imediações, incomoda-me. Concordo, por isso mesmo, com a existência de áreas para e não fumadores.

Penso, outrossim, que as coisas devem ser feitas sem extremismos, ou seja, “nem oito nem oitenta”. Temo, todavia, que esta seja a hora dos macários.