domingo, setembro 30, 2007

DO MEU DIÁRIO

Santa Iria de Azóia, 30 de Setembro de 2007 – Cheguei a Paris ao princípio da noite do dia de Reis de 1970. Fui viver para Sceaux, que é assim como que uma Cascais dos arredores da Cidade Luz, sem a Quinta da Marinha com aqueles muros como castelos. E também sem o paupérrimo Bairro da Torre. E muito, muito longe do mar.

Eu explico a comparação. Sceaux é uma cidade rica, habitada por muitos “directores-presidentes-gerais”, e onde as mulheres portuguesas arranjavam trabalho com certa facilidade, nas casas das senhoras francesas, as “madames”. Em Sceaux viveram inúmeras famílias da Mata, incluindo a minha.

Cheguei a França com o bilhete de identidade e sujeito, por conseguinte, a ser detido; porém, três ou quatro dias depois fui a “Porte de la Chapelle”, ao comissariado da polícia, onde me foi concedido um “récépissé” para alguns dias e depois uma “carte de séjour”por seis meses. Ainda era menor e o meu pai estava legalizado.

Levava uma carta de recomendação para Afonso Rato, director do jornal “Portugal Popular”. E que a minha mãe pedira ao advogado José Venâncio Leão, de quem não voltei a ter notícias, e que era cunhado do sobredito Afonso Rato. Chegou-me às mãos, entretanto, um exemplar do “Portugal Popular”, não gostei do que vi e li e não cheguei a conhecer a distinta personalidade. E francamente, nunca me arrependi.

DO MEU DIÁRIO

Santa Iria de Azóia, 30 de Setembro de 2007 – Setembro, tão simpático até ontem, despede-se de forma violenta: a parte baixa de Sacavém inundada e Salvaterra de Magos destelhada. E isto para falar apenas dos casos mais dramáticos, que os mass media noticiaram esta manhã.

Começamos a pagar caro as ofensas à mãe Natureza. E na verdade, se até somos dos que poluímos mais, por que carga de água havíamos de estar protegidos das intempéries?

É bom que comecemos, cada indivíduo de per si, a pensar mais nas questões climáticas e ambientais. Sendo um problema planetário, deve convocar e confrontar todos os indivíduos com as suas responsabilidades. A começar, obviamente e com responsabilidade mil vezes acrescida, pelos que detêm o comando dos países.

sábado, setembro 29, 2007

DO MEU DIÁRIO

Santa Iria de Azóia, 29 de Setembro de 2007 – É sempre gratificante receber cartas simpáticas. Nomeadamente, de pessoas com a qualidade de Lídia Martinez, com quem tenho descascado a cebola, nos últimos tempos, como diria o Gunter Grass. Mesmo sem trema, pois, que ainda não domino bem esta máquina fantástica.

Um dia hei-de aprender a trabalhar com os computadores, que utilizo apenas como máquinas de escrever e pouco mais, e hei-de fazer um “blog” bonito. Não como o da Lídia, que tem muita estética aprendida e praticada. Tão-pouco como o da Alex, que tem muita sensibilidade e bom gosto.

Continuando a descascar a cebola, revelo-lhe, Lídia, que assisti, já não sei onde, a uma representação da peça de Peeter Weiss, que se chamaria o AUTO DO FANTOCHE LUSITANO. Não sei se o encenador era o Benjamim, mas que vi a peça, vi. Nos arredores de Paris, em 1970 ou 71. Tive um exemplar da peça, que perdi, não sei onde nem quando.

Nessa época, ainda com o Maio de 68 fresquinho, os estudantes esquerdistas tinham uma simpatia muito grande pelos emigrantes. Foi por essa altura que conheci Armand Gatti, que escreveu uma peça, cujo tema era a emigração portuguesa. Bebi um sumo em sua casa, onde havia enormes estantes metálicas cheias de livros. Gilbert, Nicolas e Monique, eram os meus amigos de Anthony e Chatenay Malabry, que me proporcionaram esse encontro, já não sei bem para quê.

Foram tempos bons. António Coimbra pontificava no Centro Cultural da Gulbenkian na Av. Iéna. Henry Kissinger discutia por ali a paz no Vietname. Um tal José Augusto era o correspondente da RTP em Paris. No café do Luxembourg planeavam-se revoluções em Portugal. As mandíbulas da PIDE não chegavam a Paris, ainda que todos nós conhecêssemos muitos bufos.

Como vivia à conta do orçamento familiar, devorei, mas provavelmente sem proveito, todo o teatro de Santareno e Sttau, Sartre e Sastre, Camus e muitos outros. Calcorreei as ruas de Paris e namorei o que me foi possível. Em Paris, nos anos de 1970 e 71, na ressaca da borracheira que foi o Maio de 68.
(tem continuação)

quinta-feira, setembro 27, 2007

SONETO

"Rudes e breves as palavras pesam
mais do que as lajes ou a vida, tanto,
que levantar a torre do meu canto
é recriar o mundo pedra a pedra;
mina obscura e insondável, quis
acender-te o granito das estrelas
e nestes versos repetir com elas
o milagre das velhas pederneiras:
mas as pedras do fogo transformei-as
nas lousas cegas, áridas, da morte,
o dicionário que me coube em sorte
folheei-o ao rumor do sofrimento:
ó palavras de ferro, ainda sonho
dar-vos a leve têmpera do vento."

OLIVEIRA, CARLOS, TRABALHO POÉTICO, Vol. 1,
Livraria Sá da Costa, Lx, s/d.

domingo, setembro 23, 2007

A BIBLIOTECA DE ALEXANDRIA

Às vezes, dou por mim a pensar nas cinzas da biblioteca de Alexandria. E pergunto-me o que num só fogo perdeu a humanidade.

Quantos séculos terá o mundo regredido por obra de um fogo? Esta é a pergunta clássica e inteligente, que todos os sábios fizeram.

Há outra pergunta, talvez impertinente e talvez cretina, que ninguém ousou fazer: onde estaríamos hoje, se hoje ainda houvesse, sem o fogo de Alexandria?


O TRABALHO E A ESCRITA

De quando em vez, sinto-me invadido por uma espécie de moleza, que me tolhe o físico e o cérebro. Talvez não seja nada de grave.

Quando passo muitos dias sem escrevinhar, lembro-me do Professor Mário Dionísio (sim, o maior crítico de artes plásticas que Portugal pariu no século passado e em todos os anteriores), que dizia que quando somos felizes, temos mais que fazer. Mário Dionísio sabia do que falava.

Pelos vistos, a mim basta-me não estar infeliz para me tornar num execrável calaceiro. Isto não pode ser. Isto não é justo. Isto não é exemplo que se dê aos filhos. Isto tem de acabar.
Tenho de ser mais aprumado. Tenho de perseverar para para fazer coisas interessantes.
Sobretudo, futuramente, não posso ser refractário ao trabalho.

domingo, setembro 16, 2007

ERICEIRA

Gosto das terras ribeirinhas, apesar de ter nascido longe do mar. E a Ericeira não foge à regra. A Ericeira, donde partiu a família real, em 1911, para o seu exílio inglês.
Não tem a luz forte e nítida de outras localidades congéneres situadas a Sul. O mar e o céu não têm na Ericeira aquele azul limpo e sadio do mar e do céu de Sesimbra. Porém, esta bela vila do concelho de Mafra é sempre acolhedora e aprazível. Falo da parte velha desta velha vila piscatória, porque o urbanismo selvagem dos últimos trinta anos apenas trouxe outros costumes e muita confusão.
Os fins-de-semana descaracterizam-na muito. Fica excessivamente movimentada e barulhenta; porém, quem vier durante a semana, de segunda a sexta, encontra na Ericeira sítios privilegiados para descansar e até trabalhar. Ainda tem cafés onde se pode ler e escrever ou cavaquear manhãs inteiras.
A Ericeira é excepcionalmente bela nos dias claros e mornos de Abril e Maio.

ERICEIRA














































quinta-feira, setembro 13, 2007

O PECADO DA GULA

Republicação (Este texto tem 14 anos)
“O pecado da gula anda associado aos excessos de comida e de bebida. E é, indiscutivelmente, um dos pecados mais recorrentes nos países católicos, apostólicos e romanos e protestantes da Europa Ocidental. Poder-se-á dizer, para evitar discriminacões obvias, que é o pecado mais recorrente de toda a Civilização Ocidental.

Quando os portugueses reflectem acerca da vida e dos seus valores mais altos, dizem normalmente que não há nada melhor do que comer, beber e... passear. E se atentarmos na prática dos povos da União Europeia, verificamos, com muita facilidade, que todos incorrem no mesmo tipo de delito, à luz da doutrina da Igreja: os protestantes do Norte bebendo álcool em excesso, os católicos do Sul, comendo e bebendo excessivamente.

No caso concreto do português comum, ainda que não conheça casos como os descritos por Rabelais no Pantagruel ou por Garcia Marquez nos Cem Anos de Solidão, poder-se-á dizer que se trata de um bom garfo e de um bom copo e a sua imaginação não tem limites: come bifes de atum, de espadarte, de porco, de peru e até de frango. Mas o verdadeiro português - o mais arreigado às tradições nacionais - adora sopinha de feijão e juliana, favas cozinhadas de todas as formas e feitios, feijoada à transmontana, grão com bacalhau e bacalhau cozinhado de trezentas e sessenta e cinco formas diferentes, nos anos comuns, rancho à transmontana, grão à campaniço, carne de porco à alentejana e... até cabra de chanfana, etc., porque a lista, podia ser mais exaustiva.

No domínio das sobremesas refiro o vulgar arroz-doce, o pudim, a musse de chocolate, o leitinho-creme, o molotove, a tarte de maçã, a tarte de amêndoa, a torta de laranja, a torta de cenoura, as farófias, as tigeladas, a baba de camelo, as barrigas-de-freira e os suspiros.
Quanto às bebidas é como o Jacinto: ou branco ou tinto. De preferência muito e português. E para rematar um opíparo repasto - nada de uísques ou conhaques- uma bagaceira genuína, produzida por um parente, na província.

Lidos ou ouvidos os últimos parágrafos, qual de vós, caros leitores ou ouvintes, não cometeu já o pecado da gula, pelo menos em pensamento? Qual de vós terá esquecido o resto da sobremesa que o colesterol e a diabetes desaconselha, do bagacinho que o Código da Estrada pune, do pastelinho que a linha reprime?

Não falarei, por uma questão de decoro, das múltiplas acepções do verbo comer. Romanizados muito cedo, permanecemos irredutíveis seguidores desse grande povo que adorava o convívio e a mesa. Peço-vos encarecidamente que transmitais aos vossos filhos o gosto imoderado pela comida, para que jamais sejamos assimilados por hábitos alimentares estranhos à nossa tradição cultural. Confesso que sofreria imenso se visse os portugueses rendidos à cultura do hamburger e da Coca-Cola . O exemplo americano é paradigmático: grandes e desconformes físicos, passe a pequena redundância, mas um chocante desconhecimento no tocante ( conheço uma gaja dos impostos, que substitui tocante por tange, na prosa das circulares. Acode-lhe, Orfeu!) aos prazeres da mesa. Preservemos, pois, caríssimos concidadãos, o queijo da serra genuíno, as fêveras e a entremeada dos nossos porcos de montado; os rojões à moda do Minho e a carne de porco à alentejana; o vinho das nossas adegas particulares, porque esta é a forma mais autêntica de afirmarmos a nossa identidade nacional .

quarta-feira, setembro 12, 2007

DO MEU DIÁRIO

Santa Iria de Azóia, 23 de Setembro de 2000 - A ETA voltou a matar. Em Barcelona, a última vez. Por toda a Magna Espanha, os povos manifestam-se contra o terrorismo que, às cegas, vai fazendo vítimas e mais vítimas. Digo às cegas, porque as figuras do PP que têm sido abatidas são de secundaríssimo plano. Este terrorismo é igualmente de segundo plano e representa o estado de desespero a que chegou uma organização que, na década de setenta, merecia a simpatia das forças de esquerda. Franco era o homem do leme. O franquismo era um regime totalitário.

Vivia em Paris aquando do celebérrimo processo de Burgos. Lia todas as notícias concernentes à ETA e ao dito processo de Burgos, onde pontificava um valente de nome Mario Onaíndia(?). Trocava opiniões com amigos e conhecidos oriundos das províncias bascas. Participei em sessões de apoio ao povo basco. Lembro-me perfeitamente de, conjuntamente com o Manuel António Nunes, Gilberto Bandeira e outros companheiros, ter ido pedir à direcção da Alliance Française autorização para realizar um comício nas instalações da instituição. Essa lídima representante do colonialismo francês disse não, obviamente.

Muita água correu sob as pontes, entretanto. A Espanha democratizou-se e tornou-se um país desenvolvido e rico. Criaram-se as Juntas Autonómicas com governos eleitos por sufrágio universal, que pugnam pelos interesses das respectivas regiões: Fraga preside na Galiza, Pujol na Catalunha, etc. Os bascos têm tido idênticas oportunidades no seio deste grande país com muitas nações. E todavia... Todavia, continua esta espiral de violência reles e irracional, de contornos fascistas e mafiosos, que só pode levar à asfixia da própria autonomia basca.

Com este comportamento irracional, a ETA cava diariamente um fosso intransponível entre os seus apoiantes e os restantes povos de Espanha, de Málaga a Barcelona, de Madrid a Valência, de Vigo a Salamanca, o repúdio só pode aumentar Enquanto estrangeiro, comecei a evitar as belas cidades de Pamplona, Vitória, S. Sebastião e outras. Eu sei que a ETA mata em qualquer região de Espanha, mas sinto uma repulsa simultaneamente forte e subtil pela região berço desta violência inqualificável.

terça-feira, setembro 11, 2007

DO MEU DIÁRIO

Mata, 17 de Setembro de 2000 - Passei à porta da minha primeira escola, na Mata, onde levei muita pancada dos professores Ester e Falcão, esposa e marido, que durante muitos anos foram “donos” da escola e dispunham também para trabalhar da maioria dos alunos. Era um verdadeiro casal de falcões numa terra de gente humilde e espoliada.

Ensinaram várias gerações de matenses a ler, a escrever e a contar, que era aquilo que o Estado Novo queria que as populações rurais soubessem. Mais os rios e as serras e as linhas dos comboios. Da História de Portugal aprendia-se os nomes dos reis, das rainhas e os nomes das batalhas travadas contra os mouros e castelhanos. E mais umas quantas coisas que após os exames todos esquecíamos.

As salas e os recreios estavam separados por um muro, embora as turmas fossem mistas. Não porque isso correspondesse a uma posição progressista, mas apenas por uma questão de gestão. A senhora com a primeira e terceira e o senhor com a segunda e a quarta classes. O método era o da chapada e da reguada. Constituíam excepções a esta regra os filhos e netos dos “terra tenentes”. A Ana Vitória, filha do senhor Joaquim Capinha e neta do senhor António Tomé, suponho que nunca levou reguadas. E a Maria Hermínia Bernardo também não. Os outros levavam todos, ou porque era suposto serem mais rudes ou por não se saberem comportar.

Quando o professor se aproximava do pequeno portão os alunos formavam por alturas. Um aluno escolhido pelo mestre dava as ordens de “firme” e “sentido”. Com um gesto já conhecido do professor fazia-se “direita volver” e lá começava a marcha e um hino que começava assim :”Somos pequenos lusíadas”. Por vezes, era ao som do “um, dois, três, quatro”, que era a versão escolar da versão militar “ope, dois, erdo, direito “. E só depois deste desfile pseudo-cívico, pseudo-militar, pseudo-patriótico, pseudo..., que Deus lhe tenha a alma em sossego, se entrava na sala de aula.

Prometo que voltarei a este assunto. Não para ajustar contas, não para denegrir quem quer que seja, não para reabrir velhas feridas. Quero apenas fazer a minha catarse pessoal e deixar um testemunho de um salazarismo rasca, perpetrado por um servidor acérrimo de um regime sem alma nem coração.

DO MEU DIÁRIO

Santa Iria de Azóia, 29 de Março de 2005 – Almocei no Adelino com a Umbelina e a Filipa. A comida é sempre saborosa e abundante. Dir-se-ia que este simpático restaurante da Reinaldo Ferreira é destinado a bons garfos, que se estão nas tintas para o fino e a etiqueta. Por ali me tenho cruzado com gente muito diversa: cantores, políticos, sócios-gerentes, polícias, desportistas, funcionários e também muitos impostores.

Ainda hoje, quando cheguei, perguntei ao Adelino pelo Jerónimo. E para surpresa minha, alguns minutos depois, ali tinha o Jerónimo a cumprimentar-me, sob o olhar simpático do anfitrião. Não conto o Jerónimo no rol dos meus amigos. É antes de mais um santiriense, um vizinho, alguém com quem partilho – no plano ideológico –, muitos anseios e inquietações. E que, curiosamente, almoça, quando pode, no Adelino.

Conheçi o Jerónimo nos idos de setenta do século passado. Fizemos parte da Mesa da Assembleia Geral da 1º de Agosto de Santa Iria, que foi colectividade de cultura e recreio de grande prestígio. Cunhal gozava de muita saúde, o mundo ainda estava dividido em dois grandes blocos e ninguém ousaria sonhar com o Jerónimo no cargo de Secretário-Geral. Nem mesmo a velha Olímpia, tão carinhosa e expressiva como o filho.

A Umbelina, que hoje entrou neste Diário, foi minha aluna durante vários anos no Externato Ergon e diz a toda a gente que a chumbei três vezes. Parece confirmar o ditado “quanto mais me bates mais gosto de ti”. Ficámos amigos, e, de quando em vez, almoçamos. No Adelino, foi a primeira vez.

O Adelino – uma espécie de Lisboa do séc. XVI -, é o sítio onde, graças à bonomia dos irmãos, o Adelino e o Alberto, comem e confraternizam muitos credos e religiões. Que o Grande Arquitecto os proteja.

quinta-feira, setembro 06, 2007

ANTÓNIO PUERTA

veintidós años
y la fuerza de los potros bravíos.

Y un músculo encubierto
que batir no quería.

Se cayó y de pronto se erguió.

Antonio se quería morir en pie.


Tradução de Filipa Barata

MADRE TERESA DE CALCUTÁ

Santa Iria de Azóia, 6 de Setembro de 2007 – Madre Teresa de Calcutá é uma figura incontornável da segunda metade do séc. XX. Não só pelo seu trabalho em prol dos mais desfavorecidos; mas, também, pelas suas posições reaccionárias acerca de temas da maior relevância, entre os quais avulta a interrupção voluntária da gravidez, vulgo, aborto e a utilização de contraceptivos.

Pressuroso, o papa João Paulo II beatificou-a. Outro papa qualquer há-de fazê-la santa. E a freira de figura esquálida, que o anedotário do mundo inteiro também ajudou a celebrizar, merece a dignidade dos altares. Mulher de convicções muito profundas, fez da sua vida um exemplo de dádiva e abnegação.

Nos últimos dias, falou-se muito da correspondência da religiosa de origem albanesa. Dedicada aos mais miseráveis, questionou a existência de Deus e a sua fé. Madre Teresa nunca compreendeu o silêncio de Deus que, em alguns momentos, lhe terá parecido escandaloso. Porém, perseverou sempre na concretização dos seus ideais.

O dogma da fé assenta, justamente, na aceitação do princípio da ausência de dados sensoriais. Em Deus acredita-se. As visões dos místicos não têm qualquer sustentação no mundo dito sensível.

As dúvidas de Madre Teresa são legítimas e não podem prejudicar a sua canonização.