domingo, janeiro 28, 2007

AS PEQUENAS MEMÓRIAS

Li com muito interesse As Pequenas Memórias de José Saramago, ou seja, com o interesse com que já tinha devorado os “Cadernos de Lanzarote” e todos os romances até a “A Caverna”. E atribui-lhe o prémio Nobel, nas páginas do meu Diário, mesmo antes da Academia de Estocolmo. Porém, depois de 98 falou-se tanto de Saramago e Saramago de si mesmo, que passei anos sem ler de ou escrever sobre o nosso prémio Nobel.

Dir-se-ia que As Pequenas Memórias são isso mesmo, as pequenas memórias de um garoto que viera da aldeia para a Lisboa, “quando ainda não tinha dois anos.” Porém, à aldeia há-de voltar amiúde, na infância e na adolescência, para junto dos seus avós maternos, Jerónimo e Josefa.

O pequeno José de Sousa – Saramago por acaso, que o destino tem destes caprichos -, dá-nos conta do modo como ocupava o tempo, ora descobrindo os recantos do Almonda e do Tejo, ora ajudando nas tarefas da pecuária familiar. Vale a pena recordar a passagem da limpeza da pocilga. Quando começou a chover, o “Zezito” preparava-se para abandonar o trabalho; porém, o avô disse-lhe que tarefa que se começa, se leva até ao fim. E se dela falo aqui e agora, é porque esta história tem tudo a ver com a formação de um carácter. Foi por esta e por outras que, muito provavelmente, Saramago se tornou um homem perseverante e rigoroso.

Na vida citadina de Saramago, impressionaram-me-me muito aquelas mudanças de residência. E sobretudo, o viver em comunidade, isto é, na mesma casa com várias famílias, num despojamento completo de espaço e objectos. Penso que Saramago nos traça ao longo destas memórias um retrato rigoroso da miserável Lisboa popular dos anos vinte.

Numa última nota, quero observar que Saramago demonstra grande distanciação pela figura do pai, agente da polícia, que não seria propriamente um modelo de virtudes. E talvez aqui esteja a explicação para uma permanente valorização de figuras femininas: Blimunda, Lídia, Gracinda Mau-Tempo e tantas outras.

sábado, janeiro 27, 2007

SONETO (PORTUGUÊS - VII

Já começo a andar farto
Do patati-patatá
Da nossa vida política.
Eu amo a democracia,
Verdadeira e criativa,
Alegre e multicolor.
Essa coisa laranjosa,
A que chamam o centrão,
Tão sofista e batoteira,
Tornou-se ameaçadora.
Os detentores do poder
Usam a democracia
Para Portugal tragar.
Oh, que aves de rapina!

terça-feira, janeiro 23, 2007

A MENTIRA

Desde que me conheço que oiço dizer que a mentira é uma coisa muito feia. A minha mãe dizia-me amiúde: “ se mentires, meto-te uma malagueta na boca.” Meu pai resolvia o problema de forma mais expedita: abria-me os seus olhos imensos e ameaçava-me com um puxão de orelhas. O método de meu pai era mais eficaz, porque soluçava logo a verdade e com juras de que diria futuramente sempre e só a verdade. Era um homem muito severo e que sempre respeitei muito. Eram outros os tempos e atribuía-se à verdade uma enorme importância.

Na origem dos mitos, encontramos sempre uma mentira piedosa. É sabido que Jesus Cristo nunca esteve em Portugal e muito menos para se relacionar com Afonso Henriques; porém, pôs-se a circular aquela narrativa mais ou menos maravilhosa e todos sabemos que se tornou o mito mais produtivo da História de Portugal. Sem esta mentira piedosa, que imediatamente virou mito, nunca teríamos sido o que fomos e o que somos. Por força do mito de Ourique combatemos o mouro e fomos à Índia, levando a cabo uma das façanhas maiores da Civilização Ocidental: os Descobrimentos marítimos. O mito, que é o tudo e o nada como diria Fernando António, fez de nós gente grande e ousada.

Saindo desta deriva, talvez ilegítima de relacionar a mentira e o mito, e colocando-nos no plano estrito da mentira, teremos de concordar que esta é largamente praticada pelos portugueses, independentemente da religião professada, da classe social, do credo político, da idade e do sexo. Dir-se-ia que os portugueses são inatamente pulhas. “Sou pulha e quero morrer portuguesmente pulha”, terá escrito Jorge de Sena. E chegados aqui, compreender-se-á melhor a nossa vocação para o “desenrascanço”, para o safe-se quem puder.

Poderia, sem grande esforço de imaginação, fazer-vos corar de vergonha. Mas não o farei, porque não foi esse o propósito que aqui nos trouxe. No entanto, meio a sério meio a brincar, sempre vos direi que mentimos por amor e por ódio, por vaidade e por modéstia, como pais e como filhos, como trabalhadores e patrões, na nossa relação com Deus e com o Diabo, e, não raramente, como cidadãos. Mentimos muitas vezes com vergonha de revelarmos os nossos comportamentos, sobretudo quando agimos à margem da chamada gramática social.

Tendo em conta que todos mentimos, velhos e novos, homens e mulheres, é minha firme convicção que a mentira não é um pecado – para alguns será mesmo um modo de vida –; ou então, teremos de enquadrar a mentira no número dos nossos pecados menores, perdoados quotidianamente por Deus, sob pena das nossas existências se tornarem infelizes e atormentadas. E como a vida dos portugueses, na sua esmagadora maioria, é uma pulhice pegada, durmamos todos descansadinhos e não nos preocupemos com este não-pecado.

SONETO (PORTUGÊS) -V

Pobre rei Sebastião,
Que ninguém viu cair,
Naquele dia de V’rão,
Em Alcácer-Quibir.
Provavelmente sepulto,
No tórrido deserto,
Deixou Portugal de luto
E com destino incerto.
Bravo serias, ó rei!:
Bravo, forte e valente;
Porém, conduziste a grei,
A tão grande derrota,
Que perdeste Aljubarrota!

domingo, janeiro 14, 2007

A PREGUIÇA

O Homem que trabalha – refiro-me ao trabalhador braçal -, não vive em conformidade com a sua natureza. Dotado de inteligência e da faculdade da linguagem, deixou-se escravizar de tal forma, que é comum ouvirmos dizer a muitas criaturas de Deus, que morreriam se não tivessem trabalho.

Como sabeis, o filho de Deus não ensinou: trabalhai-vos uns aos outros! Jesus, que não consta que tivesse trabalhado na carpintaria de S. José, ou pelo menos, os evangelistas oficiais não aventam sequer essa possibilidade, foi peremptório: “Amai-vos uns aos outros.” E mais disse: “Uni-vos e multiplicai-vos.”

Jesus, como todos sabeis, veio à Terra para nos redimir do pecado cometido pelos nossos primeiros pais. E que fizeram eles? Pensais que foram castigados por terem preguiçado? Não. Foram condenados porque tiveram a ousadia de saborear o fruto da árvore do conhecimento. Se assim dizem os livros sagrados, o trabalho surge, com toda a evidência, como um castigo.

O trabalho, diz o povo, não faz bom cabelo a ninguém. Que trabalhem pois, aqueles a quem o trabalho dá saúde e felicidade; que trabalhem, pois, aquelas negras formigas que nunca reflectiram acerca do seu negro estado e condição, e que merecem, por isso mesmo, ser espezinhadas; que trabalhem, pois, todos aqueles que, não tendo amor-próprio, se sujeitam aos malefícios das actividades braçais. Essa gente que poderá, estou certo disso, filiar-se na INTERSINDICAL e na UGT, mas nunca merecerá pertencer ao minúsculo grupo dos amigos de Paul Lafargue.

Para terminar este ponto, deixo-vos uma pergunta como tema de reflexão: será a preguiça, em bom rigor, um pecado capital?

sexta-feira, janeiro 12, 2007

AO CONTRARIO DAS ONDAS

Um romance de Urbano Tavares Rodrigues
Urbano Tavares Rodrigues é um dos mais prolixos e generosos autores portugueses. Tem uma obra com dezenas e dezenas de títulos, no domínio da ficção narrativa; traduziu e prefaciou livros de muitos autores; leu e ensinou a ler, enquanto crítico e académico, um sem número de obras. É um daqueles portugueses raros, a quem o país nunca pagará o trabalho, a imaginação e os agravos.

Li de UTR AO CONTRÁRIO DAS ONDAS, um romance com a chancela da DOM QUIXOTE, onde o autor trata temáticas que lhe são muito caras: as relações amorosas, as relações de amizade, as relações políticas, etc. A figura central de toda a narrativa é um certo Lívio, que estivera exilado para não fazer a guerra colonial. Regressa com o 25 de Abril e chega a ser deputado pelo MDP. Casou com Sabina, mas este homem não se contentava em sê-lo de uma só mulher. Sabina não encaixa a promiscuidade de Lívio e põe termo à relação já com Lívio ministro da justiça de um governo de direita.

A relação de Lívio com Mafalda é uma relação sem grandes compromissos, porque à primeira todos caem… Encontram-se, mas Mafalda nunca terá a preponderância que Sabino tivera na vida de Lívio. Esta, apesar da formação académica e do jeito para a pintura, é uma mulher frívola.

António Pedro, que é Conservador, é o melhor amigo de Lívio, ou seja, assim como que um seu alter ego. É aquele que tudo faz metodicamente, sem grandes rasgos, mas que mantém a coerência primordial. E curiosamente, coisa que já vinha de longe, vive na dependência sexual dos arranjinhos do amigo. Incluindo Sabina e Mafalda, no seu magro rol.

Nesta ficção de UTR, Lívio, o ministro da justiça, ao aperceber-se de que o ministério a que pertence quer privatizar a justiça, demite-se.

Estruturalmente o romance pode-se dividir em quatro partes, tratando cada uma delas de uma das quatro personagens principais do romance, que termina com uma longa carta de António Pedro a Sabina, onde, no fundo, analisa a sua relação com as restantes personagens, revelando-se também a si mesmo.

É um romance escrito com a habilidade, o talento e a delicadeza que UTR põe em tudo o que faz.

SONETO (PORTUGUÊS) - V

Entro nas casas de alterne
Por obrigação profissional;
Mas topam imediatamente
Os frequentadores habituais
E aquelas noctívagas mulheres
Quão estranho me sinto e sou
Dentro de tais aquários.
Lisboa tem para todos os gostos
E para todas as carteiras:
Moldavas, lusas, brasileiras,
De cabelos pretos, ruivos, loiros.
O à-vontade ganha-se indo,
Os pidgins aprendem-se falando.
O fundamental é ter carteira!

quinta-feira, janeiro 11, 2007

A VAIDADE

“Portugal é um país de poetas”, diz o povo; porém, o povo nem sempre sabe o que diz. Aceitemos, no entanto, o ditado como bom, acrescentando-lhe: “e de pavões”. Com este acrescento de minha lavra, teremos o precioso ditado: “Portugal é um país de poetas e pavões”.
Pelos poetas, que são desde tempos imemoriais os grandes oráculos da nossa civilização, tenho a maior simpatia. Pelos pavões, cujas caudas tanto agrado causam aos nossos olhos, tenho-os na conta de seres gráceis e dóceis da criação. Penso mesmo que o mundo ficaria empobrecido sem os belos pavões.

Porém, não é das aves que vos falarei hoje. Vou falar-vos de outros pavões, ou seja, dos pavões-homens, que pululam entre nós e que constituem uma verdadeira casta nacional.

Os pavões-homens andam entre nós e dão nas vistas como se possuíssem magníficas caudas. Andam engravatados, opinam acerca de todas as coisas, frequentam os meios mais sofisticados, sentem-se capazes de ocupar todos os cargos, conduzem grandes máquinas, viajam para os países mais exóticos, aparecem nas colunas sociais, etc. Mas no fundo, quem é esta gente? Vou dizer-vos de memória um poema de Jacques Prévert, que se adapta bem ao tema que aqui vos trago:

Luís I
Luís II
Luís III
Luís IV
Luís V
Luís VI
Luís VII
Luís IX
Luís X
Luís XI
Luís XII
Luís XIII
Luís XIV
Luís XV
Luís XVI
Luís XVII
Luís XVIII
Mas afinal de contas,
Quem é esta gente
Que não sabe contar até vinte?

Mais ainda: o nosso homem-pavão corta o cabelo, há pelo menos vinte anos, no barbeiro onde ia o Presidente da República; é cliente do dentista do Professor Cavaco Silva; conhece ministros, secretários de estado e directores-gerais; dá-se como irmão com as vedetas mais famosas da televisão.

E que tal este retrato?

Traçado o retrato, pergunto: qual de vós, caríssimos e indulgentes leitores, não conhece meia dúzia de pavões? A vaidade é, com efeito, um pecado capital. E não é própria de seres inteligentes e capazes de reflectirem acerca da posição que ocupam no imenso cosmos. A vaidade assenta bem em seres mesquinhos, candidatos a títeres e tiranetes, que o tempo engole implacavelmente.

Os pavões-homens podem ser comparsas, mas nunca as personagens principais de uma ficção de qualidade. Mas cuidado, muito cuidado, meus amigos, com os pavões. Eles andam por aí, entre nós, e causam muitos estragos!

segunda-feira, janeiro 08, 2007

SONETO (PORTUGUÊS) - IV

Os homens pobres da minha aldeia
Trabalhavam nas terras dos homens ricos,
Que tinham terras na minha aldeia
E aos quais todos chamavam senhores.
Os homens pobres da minha aldeia
Não tinham onde cair mortos
E sofriam muito e queriam ter terra,
Onde um dia pudessem cair mortos.
De repente, começaram a ir para França
Onde trabalhavam noite e dia
E ganharam rios e rios de dinheiro.
Mais tarde, compraram as terras dos senhores
e gozaram a ilusória felicidade,
de já terem onde cair mortos.

domingo, janeiro 07, 2007

SONETO (PORTUGUÊS) - III

Prepara-se a pátria de Pessoa
- Formidável império mundial –,
Para ter uma moderna lei geral
Que o mundo, por certo, seguirá.
Tlebs é o nome dessa lei, Tlebs!
Mais clara que os mandamentos
Por Deus confiados a Moisés,
Tornará mais forte o vasto império.
Desde o último Verão,
Vieira, Peres, Graça, Mateus,
Contra a nova norma se bateram
Com suas fortes penas sonorosas;
Porém, tudo está bem pesado e medido
E a coisa vai maravilhar o universo!

sábado, janeiro 06, 2007

SONETO(PORTUGUÊS) - II

Pertenço a uma geração
Que tudo deu à pátria
E da pátria só agravos recebeu.
Nasci sob a pata e a bota
Do déspota de Santa Comba;
A Angola fui parar,
Longe da pátria e dos meus;
e lutei pela democracia
E por uma pátria fraterna.
Rapazes de cueiros dizem agora
Que gozo de muitos privilégios.
E eu digo (lhes) livremente:
A puta que os pariu!,
A puta que os pariu!

quinta-feira, janeiro 04, 2007

SONETO (PORTUGUÊS)

Pra um diálogo com Daniel Abrunheiro, meu amigo.


Passei pelos cinquenta
sempre a correr,
veloz e inquieto
como um pardal.
E, como dizia o outro,
tenho ainda na cabeça
todos os sonhos do mundo.
Com algumas artroses,
é certo,
mas a cumprir de homem o meu dever,
religiosamente.
Rijo e firme,
continuo a sonhar contigo, Antónia,
quase adolescentemente!...

quarta-feira, janeiro 03, 2007

a ponte dos SuspiroS

Li a ponte dos Suspiros, durante esta quadra natalícia e só agora, porque a figura de . Sebastião, ao contrário de João II ou de Damião de Góis, nunca me mereceu grande simpatia. Eu explico: origem de um mito – o do desejado –, que, ao contrário de outros mitos, se revelou improdutivo, no plano da realização nacional e responsável pela permanente letargia em que Portugal se encontra mergulhado.

Neste romance, Sebastião regressa a Portugal, com um punhado de amigos e seguidores, chega a ir à cerimónia de investidura do cardeal Henrique, mas descobre por si mesmo que o ambiente lhe é hostil. As feridas estão ainda a sangrar. São muitos os órfãos, as viúvas e demais desvalidos da loucura de Alcácer-Quibir. Sebastião, que depois há-de ser por razões de segurança Savachão, sai do reino e inicia uma peregrinação, por países distantes, comendo e bebendo do que há, alheio agora às coisas boas dos ungidos por Deus para governar os homens. É o tempo de expiação das culpas.

De Jerusalém vem para Veneza, onde afluem muitos dos senhores de Portugal. Entretanto, Sebastião explica ao arcebispo de Espálato quem é e como a pele é a sua, consegue convencer o clérigo, do mesmo modo que há-de convencer o papa. A partir de um dado momento Frei Estêvão ganha a centralidade na narrativa, porque vem a Portugal recolher os testemunhos do barbeiro, do alfaiate e de outros que tinham privado com o rei, afim de eliminar quaisquer dúvidas. Ficamos a saber que coxeava, que tinha uma verruga num dedo do pé, que tinha menos um queixal e a picha torta. Removidas as dúvidas tudo deveria de ser mais fácil; porém, o rei Filipe II de Espanha não dormia e tinha industriado o seu corpo diplomático, no sentido de apanhar Sebastião. Nuno Costa, português, é o traidor que dá todas as informações, no sentido de contrariar os interesses de Sebastião e Portugal. É iludido, porque em Sevilha, segundo a ficção de Campos, morre Frei Estêvão e Marco Túlio, um sósia e fiel amigo de Sebastião e da causa portuguesa. Sebastião, o verdadeiro (?) desaparece no nevoeiro, na neblina, na bruma, para, no epílogo, ainda aparecer na casa de Teodósio, duque de Bragança, pai do futuro rei João IV, que o reconhece imediatamente.

Para além da história, que agarra o leitor do princípio ao fim, à boa maneira dos melhores policiais, as obras de Fernando Campos valem pela captação do espírito da época, mormente ao nível da linguagem. Campos utiliza os mais variados registos, incluindo o calão, mas sempre com toda a propriedade e muito frequentemente até com imensa graça. Note-se também o “visualismo” da escrita de mestre Campos, que tem o condão de fazer passar as personagens pelos olhos do leitor, como se estivesse em frente de um ecrã. E tudo de um modo tão natural, que a ficção até parece realidade.

terça-feira, janeiro 02, 2007

PENAMACOR - I

Dá-me, musa, inspiração
Pra cantar Penamacor,
Que é terra de devoção,
De muito frio e calor.

À velha Penamacor
Deu o rei Sancho foral.
Fê-la vila de valor,
Entre as beirãs sem rival.

Ribeiro Sanches, doutor,
Judeu de saber profundo,
Nasceu em Penamacor,
Mas cedo foi correr mundo.

Paris, Moscovo, Paris.
As etapas de uma vida.
Portugal uma cicatriz
Que o mestre nunca olvida.