segunda-feira, agosto 20, 2012

NASCEU "FRAGMENTÁRIA MENTE"

Santa Iria de Azóia, 19 de Agosto de 2012 – Esta tarde, decidi a criação de um novo “blog”, FRAGMENTÁRIA MENTE, com a finalidade de substituir o MÚSICA MAESTRO e o VIVER-FOTOGRAFIA.

Pretendo, através de um só “domínio”, continuar a publicar os textos “DO MEU DIÁRIO”, a minha poesia - e também a de outros autores -, e as minhas fotografias.

Conto com todos vós!

sábado, agosto 18, 2012

NOSSA SENHORA DO ALMORTÃO





A Senhora tem vestidos
A oiro e prata bordados,
Que lhe foram of’recidos
Ou por milagres trocados.

Na cabeça usa coroa
De perfeição sem igual.
Foi mandada de Lisboa
P´la rainha de Portugal.

Ali perto da fronteira,
A nossa linda Senhora,
Que não tem queda guerreira
Quis ser nossa protectora.

Ó virgem do Almortão,
Dai-nos voz para cantar!
Dai-nos também devoção
Para o ano cá voltar.

in FRAGMENTOS COM POESIA, Ulmeiro, Lx., 2006







sexta-feira, agosto 17, 2012


SENHORA DO ALMORTÃO

Senhora do Almortão,
Em Idanha tem morada.
Sempre rosa em botão,
Ora rosa , ora encarnada.

A Senhora do Almortão
É santinha recatada.
‘stá naquela solidão
E não se queixa de nada.

A Senhora tem morada,
Numa bonita capela.
Para a Mata ‘stá virada,
Que também é terra dela.

A Senhora do Almortão
É ‘ma rosa perfumada.
Em todo o solo beirão,
Não há outra tão amada.


in FRAGMENTOS COM POESIA, Ulmeiro, Lx., 2005


SENHORA DO ALMORTÃO

Senhora do Almortão,
Ó minha santa adorada!
À vila de Santa Iria
Chega a tua nomeada.

Em Santa Iria De Azóia,
Tens ‘ma rua mui vistosa.
Donde podes ver o Tejo,
Ó Virgem tão virtuosa!



quinta-feira, agosto 16, 2012


Santa Iria de Azóia, 16 de Agosto de 2012 – Terminaram as olimpíadas de Londres, que tiveram momentos verdadeiramente emocionantes, no domínio estritamente desportivo. Terminou uma grande festa do desporto, numa grande capital europeia; porém, há muito que começaram os trabalhos preparativos para a realização das olimpíadas de 2016, numa grande cidade da América do Sul, o Rio de Janeiro.

Por cá, parolamente, ainda se continuam a discutir as medalhas que se podiam ganhar e não se ganharam, as causas dos fracos resultados, a atribuição de culpas, etc. Era bom que os jogos fossem vistos apenas como um tempo de sã competição e convívio, em que uns ganham e outros perdem, naturalmente. E se aceitasse, sem grandes comoções, que os resultados nos jogos olímpicos estão em harmonia com o que se passa nas restantes áreas da vida nacional.

Numa espécie de nota de rodapé, quero aqui deixar um reparo e que é o seguinte: um locutor da RTP, que lê notícias à hora do almoço, dizia, num dos primeiros dias desta semana, que os EUA tinham derrotado a China na conquista de medalhas.

Herdeiros de uma tradição de paz, os jogos olímpicos deveriam inspirar os fazedores de opinião para a necessidade de cultivar a concórdia entre as nações. O uso de uma certa linguagem guerreira significa que o mundo continua em guerra, ainda que não declarada, e desta feita entre os EUA e a RPC. No tempo da chamada guerra fria, os contendores eram os mesmos EUA e a então URSS. Com o desaparecimento da URSS, elegeu-se a China como a outra parte beligerante. Em paz é que não podemos viver, mesmo quando se fala de conquista de medalhas olímpicas. Sim, na luta pela conquista de medalhas, os EUA ganharam à China.

quarta-feira, agosto 15, 2012

DO MEU DIÁRIO


Santa Iria de Azóia, 15 de Agosto – Neste dia de assumpção da Virgem, o seguinte à festa laranja do Pontal, de onde nunca vieram boas notícias para Portugal, é bom que estejamos com os pés assentes na Terra, que é aqui que uns sofrem, muitos, e outros, poucos, mamam à tripa forra.
vão sombrios e tristes os dias

O jovem Passos Coelho, que se tem caracterizado por uma imensa sageza, anunciou o começo da viagem para o paraíso já em 2013, exactamente no dia em que ficamos a saber que o desemprego voltou a subir, assim como a queda do produto, para além do que seria espectável.

Corajoso, o jovem Passos Coelho, que este ano quis a festa do seu partido longe dos mirones, num espaço fechado, prometeu a par da viagem para o paraíso novos castigos terreais para os portugueses, para que possam fazer a viagem sem mancha de pecado. Sim, que o jovem, corajoso e sagaz Passos Coelho tem pelos seus concidadãos que mais sofrem uma incomensurável misericórdia.

Não acreditando no fim do mundo - nem tão-pouco na eternidade -, creio firmemente que 2013 será um inferno para mim, e para a generalidade dos portugueses, porque o bafio vindo do Pontal não augura nada de bom.

terça-feira, agosto 14, 2012

DO MEU DIÁRIO

Imagem da Wikipédia

Santa Iria de Azóia, 14 de Agosto de 2012 – Eu gostava de ter um Presidente da República que me representasse, porque acho bem que haja Presidente da República que represente todos os seus concidadãos. Só que Portugal é um país tão peculiar, que até o presidente que os portugueses elegeram por maioria não quer representar a minha excelsa pessoa e mais quinze ou dezasseis por cento de outros portugueses que comigo fazem coro, ou eu com eles, fora do denominado centrão da política portuguesa.

Este presidente, que não soube perdoar aos adversários na hora da vitória, nunca poderá ser o Presidente de todos os portugueses, porque as suas opções políticas e ideológicas têm primazia. Atente-se na composição do Conselho de Estado: quinze ou dezasseis por cento dos portugueses não têm qualquer representante no órgão de consulta do inquilino do Palácio de Belém, porque o senhor não quis escolher, ao contrário do seu antecessor Jorge Sampaio, qualquer representante de partidos à esquerda do PS.

Este presidente, que não quis assistir às exéquias do Nobel Saramago, pretextando que estava de férias coma família, é o mesmo que promulga toda a legislação lesiva dos interesses de quem trabalha e dos que menos têm. Este presidente, que tão bem sabe conjugar o verbo avisar no pretérito-perfeito, é corresponsável por esta política de favorecimento dos poderosos, porque nunca quis exercer os seus poderes a favor da esmagadora maioria do seu povo.

E agora regresso ao meu Camilo, o maior dos mineiros da língua portuguesa.

segunda-feira, agosto 13, 2012

DO MEU DIÁRIO


Santa Iria de Azóia, 13 de Agosto de 2012 – Marcelo Rebelo de Sousa, a quem Pedro Santana Lopes já apelidou de “pregador de domingo”, é um comentador isentíssimo, que, domingo após domingo, vai trazendo a luz aos nossos espíritos sempre muito propensos às trevas. Eu por mim estou agradecidíssimo a esta eminência, que, com aquele irrequietismo ainda quase juvenil, me surpreende sempre com os seus brilhantes pensamentos.

Vem este meu aranzel a propósito da celebração de ontem e relativamente a uma situação comezinha, que tem a ver com a vontade do executivo de conceder mais cinco dias de licença para férias aos funcionários do fisco. Que não acha bem e sobretudo pelo ruído que a medida pode produzir e porque os ditos funcionários já têm outras regalias. Não ocorreu ao distinto académico discorrer sobre dois ou três factos relevantes, que aqui deixo à consideração dos meus leitores.

     Um funcionário do fisco pertence, tal com o académico deveria saber -ou convir-lhe-á fazer que não sabe? - a um mundo complexo, onde nem sequer há o princípio da especialização. Funcionário do fisco tem de saber IMI, LGT, BF, IVA, IR, IUC, etc. No entanto, a administração não fornece os meios indispensáveis ao estudo, a tempo e horas; e, quando os fornece são manifestamente insuficientes, obrigando os funcionários a adquirir códigos anotados e outros materiais, para poderem desempenhar melhormente a sua actividade profissional. Chefe de Finanças que se preze gasta muito dinheiro em publicações. E os restantes funcionários também.

     O catedrático também não disse que os funcionários do fisco têm um regime de incompatibilidades, que os impede de exercerem outras actividades, renumeradas ou não, sem prévia autorização da tutela. Nomeadamente a docência, que, curiosamente, é permitida aos dirigentes em horários normais, mas que aos funcionários comuns, quando muito, só em horário pós-laboral. Se aos professores catedráticos fosse imposto um regime semelhante, este universitário talvez não pudesse cantar assim de galo.

      O académico também ainda não ouviu dizer, por exemplo, que o fisco está a vender casas diariamente, colocando famílias no olho da rua. O distinto catedrático não sabe nada do desespero de quem está em vias de perder o seu tecto. Não, ainda não ouviu falar. Nem ouviu falar de casos de agressão física e verbal aos sobreditos funcionários, que são o pão nosso de cada dia. Meter tudo no mesmo saco não me parece uma atitude séria, porque aos funcionário das execuções fiscais de um serviço de finanças não lhe correm os dias placidamente como à generalidade dos comentadores-tudólogos. E depois, os cinco dias só premiavam os funcionários excelentes.

     O popular professor tem razão. Esta  coisa ia fazer ruído; porém, nunca pelas razões que apresentou. Daria ruído, porque um excelente em Vila Velha de Ródão pode ser um medícre em Lisboa e um excelente no Porto pode ser um medícre em Alfândega da Fé. Corria-se o risco de tornar a medida muito controversa.     

     Feito este interim, vou continuar a ler o meu Camilo.