quarta-feira, março 31, 2010

DO MEU DIÁRIO

Igreja de S. Pedro (Choupal)
Torres Vedras, 31 de Março de 2010 - Eu costumo dizer, meio a sério meio a brincar, que em Torres Vedras nada presta, a começar nas condições de sintonia das estações de rádio. É claro que se trata de uma blague, porque em Torres Vedras há coisas boas e más como em todas as localidades de Portugal

Que é uma das terras portuguesas onde tenho rapado mais frio, não tenho quaisquer dúvidas; mas não é menos verdade que é no Paul, a dois quilómetros de Torres, que tenho comido o melhor polvo à lagareiro. No Barracão, que não é propriamente uma pechincha, mas onde o serviço é bom. E o espaço agradável.

Depois há a Várzea, um jardim lindíssimo, com estruturas múltiplas, onde as crianças e os adultos podem fruir de excelentes momentos de lazer. Ainda esta tarde, depois do almoço e antes do início do segundo período de trabalho, dei duas voltas ao jardim para cumprir a prescrição médica. Exactamente, porque o meu amigo Dr. Gustavo receita-me marcha para combater a obesidade e prevenir a diabetes. E repartir os comes e bebes por muitas vezes, durante uma rotação da Terra à volta do astro rei.

Às vezes tenho preguiça e fico a fazer bicicleta no sótão, dentro das quatro paredes, mas a meia hora de marcha contínua, em espaços direitos e em movimento calmo, é prescrição eficaz e ponderada. Hoje foi em Torres Vedras; ontem foi em Santa Iria de Azóia; “tresantontem” foi no Parque das Nações; e, amanhã, não sei ainda onde será. É que o futuro, diz-se, a Deus pertence. E amanhã, que sei eu do amanhã?

Em Torres não será, certamente. Torres Vedras, essa terra onde nem as telefonias apanham bem a Antena-1.



segunda-feira, março 29, 2010

DO MEU DIÁRIO



MATA


Santa Iria de Azóia, 29 de Março de 2010 – Soube, através do jornal “Reconquista”, que foram inaugurados ontem, na Mata, diversos melhoramentos, a saber: Centro Cultural, que adoptou o nome do actual presidente da câmara, uma variante à rua principal e a estrada que fica a ligar a Mata a Idanha-a-Nova.

É indiscutível que a ligação a Idanha-a-Nova e a variante às muitas ruas que é a rua principal da Mata são melhoramentos de indiscutível interesse. A estrada tem uma largura razoável e permite a deslocação mais fácil aos habitantes de várias localidades dos concelhos de Castelo Branco e de Idanha. O Centro Cultural é uma daquelas obras que, após a sua construção têm utilidade uma ou duas vezes por ano e que ficam o resto do tempo a envelhecer. Como a população da Mata, infelizmente.

Posto isto, vamos ao verdadeiro motivo que me leva a escrever este texto. Nasci na Mata e à Mata tenho estado ligado, desde sempre. Sobre a Mata escrevi na “Reconquista”; sobre a Mata escrevi um livro; sobre a Mata escrevo no blogue MUSICA MAESTRO; da Mata uso o pseudónimo, um pouco à maneira dos trovadores medievais. Pois bem, apesar deste amor de uma vida, o Joaquim Faustino, que é meu parente e presidente da junta de freguesia, cometeu a proeza de não me ter dito absolutamente nada. Grande presidente!

Dir-se-ia que quem dá horas e mais horas de trabalho em prol da sua terra natal, leva assim um murro no estômago. O que não deixa de ser uma forma peculiar de reconhecimento. Uma forma muito peculiar e generosa de agradecimento, como é timbre de certas pessoas.

domingo, março 28, 2010

DO MEU DIÁRIO

ALQUEVA
Santa Iria de Azóia, 28 de Março de 2010 – Na última quinta-feira, fiz uma breve viagem de carro ao Alentejo, quase sempre debaixo de chuva. Apesar da chuva, e porque não me calhou a mim conduzir, sempre foi possível olhar a paisagem, que não é tão monótona como é costume dizer-se.
De Santa Iria a Moura é possível ver campos de trigo, muita vinha, muito olival e ainda campos e campos de azinheiras e sobreiros. Aqui e além um rebanho ou uma manada. Colhi a impressão, nesta viagenzinha de algumas horas, que o Alentejo também se vai renovando e que a construção da Barragem do Alqueva pode contrariar a desertificação que se vinha anunciando.
O almoço foi num restaurante humilde de Moura. A ementa era pouco variada e nas diversas mesas de um restaurante repleto não se vislumbravam quaisquer vegetais. Nem pratos de peixe. Nem fruta. É possível que tenhamos escolhido mal, mas o dia estava chuvoso e a oferta também não é grande. Mas dá para perceber os hábitos de uma região.
Na grande Lisboa, felizmente, há de tudo, a alentejana sopa de cação, os rojões de Viseu, a lampreia à moda do Minho, a posta mirandesa, a chanfana à moda de Tomar, os maranhos da Sertã. Lisboa, e os seus arredores, é o coração deste pequeno país e o resto é conversa. Ainda que me seja sempre muito grato visitar terras de Portugal e saborear as especialidades gastronómicas, nas respectivas regiões.
Registe-se, no entanto, o vincado carácter alentejano, que fazem da região e dos seus habitantes um caso à parte no todo nacional. Nomeadamente, um grande amor à terra.

quinta-feira, março 25, 2010

2 QUADRAS

Deixai lá casar quem quer
(cada qual com o seu par).
Que ninguém tenha o poder
De nos corações mandar.

Cada qual deve escolher
O seu parceiro de cama.
Se for mulher com mulher;
Afinal, onde está o drama?

DO MEU DIÁRIO


Santa Iria de Azóia, 25 de Março de 2010 – O senhor Belmiro de Azevedo, engenheiro, um dos homens mais ricos de Portugal e do mundo e opinador inveterado em relação à governação do país, tornou-se uma figura detestável, porque cospe no prato de quem lhe deu a sopa.

Que o país esteja a ser mal governado ou a ficar ingovernável ou coisa parecida, o facto fica a dever-se também ao senhor Belmiro de Azevedo, que nunca se queixou daquilo que os portugueses gastam nas lojas e nas empresas do grupo SONAE. Belmiro de Azevedo fala de barriga cheia e a sua discursata é irrelevante. O que Belmiro de Azevedo quer é que o país seja cada vez mais Belmiro.

Que não se pode fazer a cama maior que o corpo, é um daqueles truísmos que qualquer rústico percebe. Os portugueses que gastam sem poder, não raramente, são aqueles que vão às lojas Continente e Modelo e compram uma série de porcarias que lhes propõem com preços competitivos e através das mais refinadas técnicas de Marketing.
Bem prega Frei Tomás

quarta-feira, março 24, 2010

DO MEU DIÁRIO

Santa Iria de Azóia, 24 de Março de 2010Que Portugal era o país com mais casos de tuberculose e de infectados anualmente pelo HIV, no âmbito da comunidade europeia, já todos sabíamos; mas que éramos também os europeus com menos saúde mental, admito que suspeitava por mera intuição. Hoje aí está, escarrapachado num quotidiano, a funesta notícia.

Por um lado, confesso que estou agora mais descansado, porque a benevolente Europa não deixará de olhar para nós como uma mãe olharia pelo seu filho tontinho. Neste momento, até me parece uma óptima notícia, porque nos permite não levar o défice a sério, assim como o até agora famigerado PEC, que são, tenho absoluta certeza, obra daqueles portugueses que nos governam e que farão igualmente parte das estatísticas.

Eu já tinha percebido que o PEC que quer controlar apenas as despesas do Estado, mas que não se preocupa com a criação de riqueza, só podia ser obra de gente poucochinha, por uma ou outra razão. É que em boa verdade, Portugal precisa é de uma economia saudável e nessa não pensaram os autores do PEC.

Tudo nos acontece. É de mais.
CROMO

Carreira tem tanta graça,
Tanta graça tem Carreira.
Ele é, na hora que passa,
O mestre da choradeira.

domingo, março 21, 2010

DO MEU DIÁRIO

Santa Iria de Azóia, 21 de Março de 2010 – Eu não percebo, mas não percebo sinceramente, as catilinárias do primeiro-ministro contra o BE, por causa da comissão de inquérito que este partido viabilizou com o PPD-PSD, para saber, creio, se o dito primeiro-ministro sabia ou não de negócios de telecomunicações e televisões.

Sabendo como sei que televisões e empresas de telecomunicações são a mesma roupa, estou-me nas tintas para saber se Sócrates sabia ou não sabia do negócio. Interessava-me muito mais saber, nomeadamente, porque é que nas televisões não é assegurada a imparcialidade da informação; e, também, porque é que os diferentes sectores políticos não são tratados com equidade. Como não é disto que se trata, estou-me nas tintas para esta matéria.

O que me espanta nas catilinárias de Sócrates é o facto de achar que só ele, Sócrates, e o seu PS, podem fazer alianças com o PPD-PSD, como se os restantes partidos não pudessem, eventualmente, entender-se. Sócrates e o PS, que sempre tiveram uma vocação troglodita da política, temem apenas, que, doravante, haja entendimentos que possam excluí-los do centrão de interesses. O que o PS queria mesmo e Sócrates também, era que o PPD-PSD se calasse e em nome de um pretenso interesse nacional se abstivesse da acção política.

Como eu gosto de política – e. sobretudo, de política séria -, estou-me nas tintas para saber quem fala verdade. A verdade que o PPD-PSD e o BE procuram interessa-me pouco. Assim como me interessa pouco saber se Sócrates mentiu ou não. E o que não me interessa mesmo nada é a política decorrente do OE e do PEC, que o PS e os partidos de direita aprovaram ou hão-de aprovar.

sábado, março 20, 2010

O MEU TEMPO É OUTRO

I

E logo hoje,
Que eu precisava tanto de um dia azul,
Alegre e límpido,
(oh, se precisava!)
A Natureza me submerge de cinzento,
Tristeza e bruma.

Que mal te terei feito,
Pergunto-te,
Para me tratares assim,
Ó grande Mãe?!

Porque contrarias,
Tão pertinazmente
Os meus desejos simples
De azul, alegria e limpidez?

Porquê?


II

Eu aprecio imenso
As fotografias geladas
E brumosas
Dos blogues da Papu
E do Daniel Abrunheiro.

Porém,
Trago em mim a ansiedade
Das amendoeiras floridas
No fim de Fevereiro.


III

Definitivamente,
O meu tempo é outro:
Abril
Com suas águas mil
(ó grande António Machado!);
Maio
Com todas as flores;
Junho
Com os primeiros figos
E cerejas maduras.

Definitivamente,
O meu tempo é outro.



domingo, março 14, 2010

ERICEIRA

RESTAURANTE

DO MEU DIÁRIO

Santa Iria de Azóia, 14 de Março de 2010 – Na SIC – Notícias, ontem e também hoje, o PPD-PSD teve e tem o seu grande palco para se mostrar ao país. É a asfixia democrática de facto, porque nenhum outro partido beneficiaria de tão larga cobertura por parte de um dos canais Balsemão.
E no entanto, vale apenas seguir um pouco este congresso, porque têm desfilado pelo palco papagaios de grande qualidade: Lopes, Marcelo, Menezes, Mendes, e tantos outros, dos quais o país já não se lembraria. Grandes papagaios, indubitavelmente.
E todos têm aproveitado para desancar o governo de Sócrates, que tem sido também indubitavelmente um mau governo, mas não fica provado que se o PSD-PPD governasse Portugal, Portugal ganhasse muito com a sua governação. As mentiras seriam mais ou menos idênticas e as soluções para os problemas do país as mesmíssimas.
É espantoso que ninguém se tivesse lembrado dos companheiros Manuel Dias Loureiro e José Oliveira e Costa e outros que sempre deram muito da sua inteligência à república. Sem nada pedirem em troca, como hoje se sabe.
E todos têm sido convergentes no apoio do PPD-PSD à reeleição de Cavaco Silva, que tem sido um presidente de facção, ou seja, um presidente de direita, e, sob todos os aspectos, reaccionário.
Todos desancaram em Sócrates, que, indubitavelmente, merece todas as bengaladas no traseiro; porém, nenhum dos intervenientes no congresso do PPD-PSD se lembrou de Dias Loureiro, Oliveira e Costa e outros. Nem das mais valias que Cavaco realizou nas acções não cotadas em bolsa da SLN, detentora do BPN, onde o governo de Sócrates já enterrou dois ou três biliões de euros.
Mas ao PSD-PPD e ao PS basta-lhes um congresso para lavar o passado. Até quando esse passado está repleto de cenas pouco edificantes. E depois surgem, quais virgens imaculadas, para (des)governarem de novo este pobre país.

quarta-feira, março 10, 2010

DO MEU DIÁRIO

Santa Iria de Azóia, 9 de Março de 2010O PEC aí está! Traz agarradas a si, ainda não as medidas, mas as promessas das mesmas, que hão-de fazer a vida negra à maioria do povo português. Isto é de mais! Isto não pode continuar assim!

A rua tem que voltar a desempenhar o seu papel. Aqui e no resto da Europa. Até no mundo inteiro. Não se pode tolerar que os abutres se arroguem o direito de usufruir de privilégios infinitos, condenando à desgraça biliões de seres humanos.

O sábio e muito estudioso engenheiro Sócrates vem agora falar de justiça social para defender este indefensável PEC, como se cortando nos benefícios fiscais da educação e saúde promovesse uma verdadeira justiça social. As injustiças estão criadas a montante e não é por esta via que Portugal há-de ser um país menos desigual e mais solidário. Não, não é por esta via.

Os funcionários públicos, que têm nos partidos de direita um inimigo poderoso, voltam a ser as principais vítimas desta gente que tão maltrata a “res publica”. Tratassem os governantes, os actuais e os anteriores e os anteriores aos anteriores, a coisa pública de forma eficaz e com o povo mais humilde na mira e tudo seria diferente.
Passe o cliché, é tempo de mudar de paradigma sócio-económico.

terça-feira, março 09, 2010

DO MEU DIÁRIO

Santa Iria de Azóia, 8 de Março de 2010 – Anteontem, num desastre de aviação, morreu José Inácio da Costa Martins, ministro do trabalho nos governos de Vasco Gonçalves e homem de muitas causas.
Na sua qualidade de oficial da FAP, coube-lhe, na madrugada de 25 de Abril de 1974, a missão de tomar o aeroporto de Lisboa. E foi a partir do momento em que o aeroporto foi tomado, com muita astúcia, sabe-se hoje, que o MFA emitiu o seu primeiro comunicado. Desde aquela madrugada redentora, e durante alguns anos, o nome de Costa Martins tornou-se familiar de todos os portugueses.
Depois da sua passagem pelo ministério do trabalho e do célebre dia de trabalho para a nação, os seus detractores tudo fizeram para o derrubar enquanto pessoa. Através dos tribunais lutou contra a arbitrariedade, ganhando processos e mais processo, numa demonstração inequívoca de que tinha razão. O melhor cadete do seu curso, apesar das vicissitudes da sua carreira, ainda logrou atingir o posto de coronel. Outros foram generais.
Quem voa muito e alto, sujeita-se a quedas violentas. Como Ícaro!

quinta-feira, março 04, 2010

DO MEU DIÁRIO

Santa Iria de Azóia, 4 de Março de 2010 – Hoje estou a cumprir um dia de greve, que é provavelmente o último que cumprirei, na qualidade de funcionário público. E estou feliz, porque é a melhor forma de dizer aos trastes que vociferam todos os dias contra os funcionários públicos, de um modo geral por inveja, que tudo tem um limite. E queria aqui dizer, preto no branco, que o primeiro grande ataque contra os funcionários públicos foi lançado pela paladina da verdade e da transparência, drª Ferreira Leite.

Eu sei bem que o Estado é demasiado grande e que uma máquina assim não é eternamente sustentável; no entanto, quero aqui declarar solenemente que não fui eu que mandei abrir concursos ou criei situações de facto que levaram a admissões na administração pública. A culpa tem que ser atribuída aos sucessivos governos do PS, PSD, PS e PSD, PDS e CDS e também do PS e CDS, porque têm sido estes partidos que têm governado Portugal desde 1976 do pretérito século.

Admito que é necessário fazer correcções. Admito. Porém, essas correcções hão-de ser feitas de forma equilibrada e não fazer pagar a uma parte dos trabalhadores os desvarios dos governantes, ao longo de décadas. A fórmula negociada anteriormente, e que previa um regime de transição para as aposentações até 2014, parecia-me razoável, do mesmo modo que me pareceria razoável que as pensões concedidas no passado podiam ter sido calculadas de modo diferente, ou seja, tendo em conta a sustentabilidade futura. Portugal é o país do oito e do oitenta!

D. Pepe saiu à rua. E lá anda na sua vidinha, enquanto o dono, com a perda de um dia de vencimento, vai ajudar a resolver a questão do défice. Mas esta é uma questão de humanos, na qual D. Pepe, o gato mais afável que conheço, teima em intrometer-se.

terça-feira, março 02, 2010

DO MEU DIÁRIO

Santa Iria de Azóia, 3 de Março de 2010 – D. Pepe, um dos dois gatos cá da casa, que a semana passada estivera desaparecido - e mesmo dado como morto por quase todos os membros do nosso pequeno clã -, reapareceu, aparentemente cuidado e de perfeita saúde: porém, logo no dia seguinte, vomitou abundantemente e forçou-nos a três idas ao veterinário. Está restabelecido e pronto para outra; no entanto, ainda não teve alta da matriarca e ainda não lhe foi possível ir às gatas.

Nós temos muito respeito pelos nossos animais domésticos e esmeramo-nos no cumprimento dos prazos de vacinação e noutros cuidados. Não tanto a minha excelsa pessoa, que sempre há-de ter uma melhor relação com os humanos; mas como cá em casa, os gatos estão sob a responsabilidade da “mi senhor”, os bichanos têm um tratamento AMI, ou seja, um tratamento reservado a animais muito importantes.

É certo que as questões do próximo OE nos preocupam, até porque sabemos que há-de vir carregadinho de coisas más para as pessoas e por extensão também para os animais. O OE, que é aquele rol das receitas e as despesas do Estado e também o programa para tratar do arrecadamento das primeiras e cuidar do gasto das segundas. Às vezes, nada bate certo, porque se gasta muito e se recebe pouco. É que cá no rectângulo (é rectângulo que diz o patusco da Madeira?), há aqueles que se furtam a contribuir para as receitas e não se coíbem de contribuir para as despesas.

Mas ao fim e ao cabo, importante é o D. Pepe, que é bem tratado e não tem que se preocupar com as questões comezinhas do OE. E deve estar quase a poder ir às gatas.