domingo, maio 31, 2009

LIVROS

PALESTINA MINHA AMADA

I

(Jerusalém é o teu nome cidade)
Ruy Belo

Trazemos nas veias
A cor das tuas pedras mártires.

Por isso perseveramos,
Por isso te amamos,
Por isso continuamos a morrer por ti.


II

No sul do Líbano,
Na faixa de Gaza,
Nas margens do Jordão,
Na diáspora multicontinental,
Choramos em silêncio as tuas mágoas
Cidade mãe,
Cidade santa,
Jerusalém.

(Porque tu choras
As nossas mágoas também).

III

Não haverá napalm,
Não haverá TNT,
Não haverá traição,
Que ponham fim
A esta vontade desmedida de vencer.

E um dia,
Pela estrada de Jericó,
Voltaremos:
A Ramala,
A Belém,
A Lida,
A Jerusalém.

Para comer laranjas em Jafa!,
Laranjas doces e suculentas,
Porque em todo o mundo
Não há laranjas como as de Jafa.

In Fragmentariamente (ainda inédito)



DO MEU DIÁRIO

Santa Iria de Azóia, 31 de Maio de 2009Neste meu espaço, escrevi aqui há meses, poucos, que Sócrates tem uma grande capacidade de sobrevivência. E continuo a pensar exactamente o mesmo. Sobrevive, por enquanto, a tudo e a todos, porque Portugal não é um país a sério. Portugal é hoje um imenso lodaçal, onde quase todos os intervenientes nos diversos órgãos do Estado têm telhados de vidro.

Nada me anima contra o actual primeiro-ministro. Enquanto pessoa, tenho por ele o mesmo respeito que tenho pelos restantes portugueses. Enquanto político abomino a sua actuação, porque é um mole contra os poderosos e um leão contra os humildes. Abomino a sua actuação política, porque é incapaz de olhar sem sobranceria contra os que lutam, com denodo, para superar os miseráveis quotidianos que lhe são impostos.

Um dia, inexoravelmente, a estrelinha mudará. Até lá, terá aquela corte que o adula e o segue quase acriticamente. Até um dia!

sexta-feira, maio 29, 2009

DO MEU DIÁRIO

Santa Iria de Azóia, 29 de Maio de 2009 – Eu nunca saberei quanto são dois mil milhões de euros. E duvido que os candidatos a um lugar no Parlamento Europeu o saibam. Neste momento, assim sem qualquer reflexão, creio que não sei sequer que utilização lhes poderia dar, se deles dispusesse. Que o número é grande, é. 2.000 000 000.
É aquele número, escrito com dez algarismos, o montante da roubalheira, no BPN. Com o qual se locupletou aquela gente que a gente conhece das pantalhas e que tanto zanga aquela gente da mesma família política da tal gente que a gente conhece e que se locupletou com aquele número escrito com dez dez algarismos.
Vai por aí grande algazarra, porque “roubo” é coisa de populares. Aquela gente – a dos 2 000 000 000 – que a gente conhece das pantalhas não rouba: faz mão baixa, abotoa-se, arranja-se, desvia, etc., mas nunca rouba. Os grandes são cleptómanos. Ladrões? Nunca, meus amigos!

LIVROS

AS PALAVRAS
São como um cristal,
as palavras
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
---------------------
---------------------

DO MEU DIÁRIO

Loures, 27 de Maio de 2009 – José Luís Arnaut disse ontem, alto e bom som, na SIC-Notícias, que as trapalhadas do BPN são pagas pelos contribuintes.

Como sou contribuinte – e dos que pagam às taxas mais altas, apesar de não ter segunda habitação e nunca ter posto os pés na Brasil ou no México -, penso que me assiste o direito de exigir que façam o favor de prender os ladrões.

Se todas estas trapalhadas, como eufemisticamente se diz, Freeport, BPN e BPP não se saldarem por muitas prisões e pela recuperação do “roubado”, sinto-me no direito de chamar pulhas aos que deixam que Portugal mergulhe neste lodaçal nauseabundo.

Isto já ultrapassa a raia do admissível!


sábado, maio 23, 2009

DO MEU DIÁRIO

SANTA IRIA DE AZÓIA
Lisboa, 23 de Maio de 2009 – Quando cheguei a Santa Iria, no já distante Outubro de 1972, ainda longe de ser vila, esta freguesia do concelho de Loures crescia, tornando-se num dos incontáveis dormitórios de Lisboa.
É certo que participei pouco da vida da quase aldeia que era então Santa Iria. Levantava-me antes das seis da manhã, com o banho tomado de véspera, para apanhar o comboio das seis e trinta. Frequentava, nesse ano lectivo, o Instituto Comercial de Lisboa. Foi nesse ano que conheci o malogrado Silvestre Figueiredo, o Hermenegildo, o Tó folgado, que haviam de ser médicos; e, ainda, o Adérito, o Manuel Felizardo, o Manuel João e o Hélder Araújo. E também o Zé Manel Morais e o Manel Alves.
O Sol-Rio, café e cervejaria, onde agora tem balcão o BCP- Millenium, era um espeço agradável, onde os jovens conviviam. Havia também o “Chouriço”, onde pontificava a D. Ondalina, que um acidente de automóvel havia de vitimar; e também o “Rebelo”, que sempre foi a pastelaria Miradouro, mas que todos conheciam pelo nome do empregado e posteriormente sócio-gerente. Ainda hoje se vai ao “Rebelo”. Ao Virgílio fui uma única vez aos caracois. A Sociedade 1º de Agosto estva em obras.
Hoje, Santa Iria está muito diferente. Cresceu imenso, apesar de ter perdido algumas das suas indústrias emblemáticas, acompanhando o país nesse processo ruinoso de destruição do sistema produtivo. Está uma vila bonita, porque tem havido uma constante preocupação de construir jardins e parques urbanos. Plantaram-se centenas e centenas de árvores. E tudo isto, graças a uma gestão autárquica competente, na qual se tem destacado Ernesto Costa e os membros do executivo a que preside. No qual votarei de novo, sem quaisquer reservas.





sexta-feira, maio 22, 2009

LIVROS

Este livro, publicado em 1973, continha versos e poemas subversivos. Nele se encontram nomes como os de Allen Ginsberg, Frank O'Hara, Paul Carrol, Gregory Corso e outros.
Na capa temos uma fotografia de Allen Ginsberg no Recital Internacional de Pooesia, Royal Alberyt Hall, Londres, 1965. Pertence-lhe o poema "AMÉRICA", do qual aqui deixo alguns versos:
............................................................................................
Não aguento a minha própria mente.
América quando poremos fim à guerra entre os homens?
Vai-te lixar com a tua bomba atómica.
Não me sinto nada satisfeito não me chateies.
.........................................................................

DO MEU DIÁRIO

Santa Iria de Azóia, 22 de Maio de 2009 – O senhor Belmiro de Azevedo, provavelmente o homem mais rico de Portugal, arroga-se o direito de dar conselhos aos seus concidadãos, mesmo quando estes não lhos pediram e deles não necessitam.
O senhor Belmiro de Azevedo, que terá indiscutivelmente muitos méritos, olha Portugal e os portugueses com excessiva sobranceria. Critica o referido senhor os trabalhadores da Auto-Europa (ou Autoeuropa?) por não aceitarem a chamada mobilidade, que na óptica do senhor é uma coisa excelente. O senhor receita para os seus concidadãos do alto das suas resmas de milhões, como se os ordenados e as condições da outra mobilidade permitissem aceitar as condições propostas. O senhor Belmiro de Azevedo, por quem os portugueses muito têm feito, viaja de avião particular e vive com os biliões que todos lhe demos e damos a ganhar.
Até por pudor (não vá o João acordar, como diria Nobre treslido), o senhor Belmiro de Azevedo deveria adoptar uma atitude de compreensão e de disponibilidade para ajudar a superar a crise, porque a ideologia do senhor e o sistema económico subjacente à mesma são os grandes responsáveis pelo estado a que o mundo chegou. O senhor Belmiro vê longe, muito longe, quando se trata de investir e ganhar milhões, mas sob o ponto de vista humano, o seu mundo situa-se por detrás da fivela do cinto das suas próprias calças.
A insolência deste senhor envergonha-me!

terça-feira, maio 19, 2009

LIVROS

Quem se lembrará ainda de intérpretes como Ana Maria Teodósio, Mário Piçarra, António Bernardino e Denis Sintra? E da Filarmónica Fraude? E até de José Jorge Letria?
Faz bem à alma, nestes tempos que correm, folhear um livro de 1972, ou seja, uma obra onde constam os poetas, os compositores e os intérpretes que também contribuíram para que Abril fossem possível.

sábado, maio 16, 2009

QUADRAS

Esta quadra é um primor
- Tem perfeita construção -.
É pra dar ao meu amor,
Que trago no coração.

Há quem dê flores e rosas
E outras coisas de valor.
Eu só dou versos e prosas
E é tão feliz o meu amor.

Meu amor pede-me versos
Para animar o serão.
Já anda farta de terços
Rezados sem devoção.

E assim vamos vivendo,
Em paz e muita harmonia,
O coração entretendo
Com afagos de magia.


quinta-feira, maio 14, 2009

DO MEU DIÁRIO

Queluz, 14 de Maio de 2009 – Almocei n’ “O FORTE”, que é um honesto e limpo restaurante do Forte da Casa, onde pontifica a família Robalo. A Filipa, que andava por perto, telefonou e acabou a almoçar à minha mesa, que, com certeza, é a melhor das mesas. Alinhei em meia dúzia de sardinhas, que, como dizem muitos portugueses, já se deixam comer, e numa suculenta salada de tomate e pimentos ( tomates e pimentos soa menos bem).Tudo regado com um humilde “Monsaraz”.
Este restaurante, onde António Lobo Antunes se comoveria até às lágrimas, comecei a frequentá-lo há cerca de quinze anos, com o Álvaro Alferes, que, tal como eu, se derretia por um anho assado na brasa pelo senhor Joaquim.
Sou tratado com estima e se me apetecer mais uma sardinha, pas de problème. E depois há o senhor Pedro, um rapaz de sessenta anos, que é a personificação da simpatia. E a D. Ismina, que tem um dedo especial para a cozinha.
E tudo isto para dizer que na escolha de um restaurante contam múltiplos factores: Nomeadamente, o “quantum” pecuniário, a qualidade da comida e o serviço. E também a localização. Apesar do sítio ser feio, oferece estacionamento com abundância e uma nesga de Tejo. Tudo somado, “O Forte” é uma boa opção.

quarta-feira, maio 13, 2009


PALAVRAS DE VIDA


Santa Iria de Azóia, 13 de Maio de 2008A apresentação do livro Palavras de Vida, onde figuram três poetas populares de Santa Iria de Azóia e/ou em Santa Iria residentes, foi uma cerimónia simples e bastante participada, se atendermos à natureza do evento.

Meia dúzia de palavras do Presidente da Junta, apresentação do livrinho por este vosso amigo, e, finalmente, as palavras simples e muito comovidas de dois dos autores, que são pessoas muito simples. Fui surpreendido pela figura de José Cândido, que, apesar dos seus oitenta e nove anos, se apresentou com uma surpreendente capacidade física e também mental. Acácio Pedro, mais terra-a-terra, agradeceu igualmente comovido e brindou a assistência com uma quadra alusiva ao momento.

O beberete, onde pontificou um Bucelas fresquinho, foi a continuação de um convívio, que, a meu ver, é para repetir, e, se possível fazer escola. Para além do património construído e a construir, há este património imaterial que também é preciso preservar e estimular.

quinta-feira, maio 07, 2009

A convite do Presidente da Junta de Freguesia de Santa Iria de Azóia, ajudei a seleccionar os textos deste livro, que será a memória de quadras - quase só quadras - de Acácio Pedro, Alexandre Monteiro e José Cândido Barros.Não é, seguramente, uma obra-prima; mas é, tenho a certeza, um trabalho honesto, que contribui para honrar aqueles a que eu chamo os "fazedores".Aqui ficam algumas quadras dos três poetas populares.

ACÁCIO PEDRO:


Ao sol estava deitada

Mostrando sua beleza

Já um pouco bronzeada

Linda como a natureza

.......................................

Eu nunca mais a deixei

Fui na vida seu amante

No dia que a encontrei

Naquela areia escaldante




ALEXANDRE MONTEIRO:

Deixei a mulher que amava

Já não quero mais amar

Fechei o coração à chave

Atirei a chave ao mar




JOSÉ CÂNDIDO BARROS:




Tu és a varanda do Tejo

Voltada para nascente

Assim bela jamais vejo

Tu encantas toda a gente




Tu és a estrela que me guia

Colina dos meus encantos,

Tu és a fonte de magia

E a musa do Ary dos Santos.




O lançamento é domingo, 1o de Maio, pelas 17H00, na Casa da Cultura, em Santa Iria.

terça-feira, maio 05, 2009

DO MEU DIÁRIO

Santa Iria de Azóia, 5 de Maio de 2009 – O Vítor Morais vai estar na Feira do Livro, no próximo sábado pelas 17H30, a fim de autografar o seu romance James Dean Faz Carreira no Bombarral, que as edições Caderno publicaram. Mandam a amizade e a solidariedade que apareça por lá. Lá estarei, amigo e solidário.


domingo, maio 03, 2009

PALAVRAS PERDIDAS


Há quanto tempo, mãe, não te falo de amor
com aquelas palavras de encantar
com que as crianças falam do amor?!


Há dias corei de vergonha,
corei de vergonha quando li,
num livro de cartas de Saint-Exupéry,
as palavras mágicas que ele escreveu a sua mãe
e que eu nunca te disse a ti.


Deixei que entre nós se interpusesse
um pudico silêncio ancestral
e disse-te apenas coisas imediatas e triviais.


Eu esqueci, mãe, aquelas palavras claras e pueris
que tanto alegravam o teu coração.


Eu coro de vergonha, mãe!



Barata, Manuel, FRAGMENTOS COM POESIA, Ulmeiro, Lisboa, 2005

sábado, maio 02, 2009

DO MEU DIÁRIO

Sesimbra, 2 de Maio de 2009 – Não é preciso ir à bruxa ou a qualquer outro adivinho para saber que qualquer figura grada do PS que aparecesse no desfile da CGTP seria recebido com uma grande vaia. Também não é preciso ir a Delfos para saber que Vital Moreira sabia o que lhe ia a acontecer. Sendo a realidade o que é, quer-me parecer que Vital cumpriu uma missão, apenas mais uma, pois é consabido que tem cumprido muitas nos últimos tempos, em prol deste governo Queiram ter a bondade de ler o que o insigne jurista e político tem escrito nos últimos tempos e, se honestidade intelectual houver por aí, concluir-se-á que a democrática personalidade foi à Almirante Reis para provocar milhares e milhares de concidadãos.
Não terá sido por falta de coragem que Ilda Figueiredo não compareceu na cabeça da manifestação da UGT, onde, certamente, seria recebida com beijos e abraços pelos democratas que desfilam atrás de João Proença e companheiros. Ilda Figueiredo não foi à manifestação da UGT, porque não era lá o seu lugar e lhe repugnariam, tenho a certeza, tais beijos e tais abraços.

Pela barulhareira que por aí vai, quer-me parecer que a coisa ainda vai chegar ao Vaticano, podendo mesmo o cardeal Ratzinger canonizar em vida o beato Vital, independentemente da natureza da sua fé, porque já fez um grande milagre. Deu o mote para que toda a direita e os xuxialistas possam vomitar ódio sobre a CGTP e o PCP.
E já agora, deixo aqui uma dica, talvez Vital Moreira possa ir no próximo dia treze de Maio a Fátima e, na hora da celebração, aproveitar e cumprimentar os oficiantes. Pena é que o Papa não venha cá este ano, porque então era assim como que a cereja em cima do bolo.