quarta-feira, outubro 17, 2007

DO MEU DIÁRIO

Motivação: a série televisiva de Joaquim Furtado
Santa Iria de Azóia, 28 de Setembro de 2002 – Há vinte e oito anos, neste mesmo dia, a direita quis tomar o poder em Portugal e perdeu. Liderava António de Spínola, que era uma figura mítica da Guerra Colonial. Ocupava ocasionalmente a chefia do Estado.

Mobilizado para Angola, estava a aguardar embarque, em Tomar, que era a minha unidade mobilizadora. Os meus companheiros já se encontravam em Nambuangongo. Nessa noite, desloquei-me a Lisboa com o Fernando Farrajota e assistimos, no Londres, ao filme o Ovo da Serpente. Dos revoltosos não vimos sequer a sombra. Deparámo-nos apenas com as barricadas que os populares montaram ao longo da estrada, nomeadamente na então vermelha Alpiarça.
Conto estas coisas, porque nunca estive no centro dos acontecimentos. Nas datas mais significativas da revolução, estive sempre a muitas milhas do epicentro. Talvez a minha vocação seja a de mero espectador e não agente da História.

Não tenho acreditado que PC alguma vez tenha estado à beira de tomar o poder. Principalmente, porque a rapaziada que vende essa versão da História não tem revelado grande carácter. Tenho-os na conta de troca tintas, ainda que com vários matizes.

Quando se fala da descolonização e do modo como foi feita e sobretudo quando oiço rapazes que nunca estiveram o terreno a debitar acerca do tema, perco as estribeiras e... sinto-me tentado a mandá-los à merda. O Freitas Pinto do célebre batalhão de Cabinda foi meu companheiro de recruta e compartilhamos a mesma camarata no Caçadores 5, em Campolide. Alberto João Jardim e quejandos são ignorantes em matéria de descolonização. Ouvi-los debitar, arrepia-me até à medula.

2 comentários:

EJSantos disse...

Ólá Manuel da Mata
À tempos ouvi esta anedota:
"O SIS entrou dentro de uma sala de filosofia e prendeu o professor, por criticar um antigo filosofo grego".
Não sabia se havia de rir ou não.
Isto será preocupante?...

Manuel da Mata disse...

Há certamente um equívoco. O filósofo não era grego nem antigo. O filósofo era português e o mais dramático é que não pescava nada de filosofia.
Mas se o professor foi efectivamente preso - penso que ainda não chegamos aí - o amigo Eduardo deve ficar preocupadíssimo.
Um abraço,
Manuel