Santa Iria de Azóia, 10 de Outubro de 2007 – Foi hoje inaugurada, em Paris, uma exposição que tem por tema a EMIGRAÇÃO portuguesa em França. E o evento assume uma particular importância, partindo do pressuposto que os fenómenos migratórios para e/ou no interior da EU não merecem na actualidade a simpatia das populações e dos governos.
Fui emigrante nos anos setenta do século passado – quantas vezes já escrevi século passado? - e precisamente em França, onde os meus pais estiveram alguns anos. Conheço, assim, com o tal saber de experiência feito e não através de narrativas livrescas, com suas grandezas e misérias, o fenómeno da emigração. E posso asseverar que os portugueses, inicialmente, não tiveram vida fácil naquele país de acolhimento - e será que a têm agora, apesar de serem cidadãos europeus? -, onde já pontificavam as comunidades italiana e espanhola.
Os árabes eram muitos, nomeadamente os argelinos e os marroquinos; porém, ainda estavam muito vivas as feridas da guerra da Argélia; e c’os diabos, os magrebinos não eram europeus. Não mereciam a confiança dos empregadores e trabalhavam como serventes na construção civil.
Os homens portugueses trabalhavam na construção civil, onde eram, de um modo geral, pedreiros e serventes. Muitos tornaram-se pedreiros, após curtas aprendizagens, porque até aí tinham sido, muitas vezes, assalariados rurais. A indústria automóvel também absorveu mão-de-obra masculina lusitana. Fui amigo de muitos operários da Renault e da Citroen.
Os operários portugueses, antes de se tornarem respeitados e imprescindíveis, tiveram de obedecer às ordens de italianos e espanhóis, que tinham chegado antes e ocupavam os lugares de chefia nas obras. Foram sujeitos a muitas arbitrariedades e velhacarias. Mas foram os portugueses, quando italianos e espanhóis começaram a regressar às suas penínsulas, que ocuparam os seus lugares.
Os franceses gostavam muito dos portugueses, ou seja, do trabalho dos portugueses e do modo subserviente como o executavam. Gostavam, sobretudo, do seu modo de viver, pacífico e pouco exigente.
Fui emigrante nos anos setenta do século passado – quantas vezes já escrevi século passado? - e precisamente em França, onde os meus pais estiveram alguns anos. Conheço, assim, com o tal saber de experiência feito e não através de narrativas livrescas, com suas grandezas e misérias, o fenómeno da emigração. E posso asseverar que os portugueses, inicialmente, não tiveram vida fácil naquele país de acolhimento - e será que a têm agora, apesar de serem cidadãos europeus? -, onde já pontificavam as comunidades italiana e espanhola.
Os árabes eram muitos, nomeadamente os argelinos e os marroquinos; porém, ainda estavam muito vivas as feridas da guerra da Argélia; e c’os diabos, os magrebinos não eram europeus. Não mereciam a confiança dos empregadores e trabalhavam como serventes na construção civil.
Os homens portugueses trabalhavam na construção civil, onde eram, de um modo geral, pedreiros e serventes. Muitos tornaram-se pedreiros, após curtas aprendizagens, porque até aí tinham sido, muitas vezes, assalariados rurais. A indústria automóvel também absorveu mão-de-obra masculina lusitana. Fui amigo de muitos operários da Renault e da Citroen.
Os operários portugueses, antes de se tornarem respeitados e imprescindíveis, tiveram de obedecer às ordens de italianos e espanhóis, que tinham chegado antes e ocupavam os lugares de chefia nas obras. Foram sujeitos a muitas arbitrariedades e velhacarias. Mas foram os portugueses, quando italianos e espanhóis começaram a regressar às suas penínsulas, que ocuparam os seus lugares.
Os franceses gostavam muito dos portugueses, ou seja, do trabalho dos portugueses e do modo subserviente como o executavam. Gostavam, sobretudo, do seu modo de viver, pacífico e pouco exigente.
2 comentários:
bonjour manuel,
nao sabias dessa exposiçao!!!
quem està aqui nao sabe...andei à procura no google, nao encontrei, como soube?
Onde é?
depois diz, tà?
Vou ensaiar, està um friozinho...nao tenho a mesma experiência, claro, que o manuel, nem sempre acho que o os franceses gostem dos portugueses, dos estrangeiros tout court!
talvez por que eu tivesse uma cara de arabe, ou mais ou menos desses lados do mundo, e fosse apontada como argelina ou libaneza, ou iraniana, ou palestiniana, ou judia...assim pas d'ici, même pas de l'europe. Um dia a gente fala. beijinhos de paris com chuva,
até logo
LM
Conto-lhe uma história
Os Franceses não gostam dos Portugueses Manuel:))
O que a Lidia disse tem tudo a ver com o que se passou comigo. Estava com algumas amigas em paris numa viagem de fim de curso. Apesar de muito novas :o tinhamos ar de mais "crescidas" e fizemos tudo aquilo que um ADULTO faria numa cidade como Paris.
Adiante.
Visitámos tudo o que havia para visitar, andámos muito a pé, falámos com muita gente e conhecemos um grupo de jovens parisiences.
Nunca referimos que eramos portuguesas (de inicio por brincadeira porque eles achavam que tinhamos ar de ser jugoslavas ou coisa parecida (não me pergunte porquê).
Fizemos vários programas juntos, até ao dia em que eu disse a um dos rapazes do grupo que era portuguesa quando ele me disse mal dos portugueses residentes em França. Olhei para ele e disse-lhe na cara e na nossa lingua: eu sou portuguesa.
Não os voltámos a ver ...
Terá mudado a mentalidade?
Se eu tiver um ar árabe, como diz a Lidia, ou juguslavo;) sou melhor aceite num grupo porque?
Estranhos os povos do mundo ...
Somos todos cidadãos do mundo e deviamos cuidar mais dele isso sim.
Saudades de vir aqui, lê-lo, com tempo. Está uma tarde bestial, um sol incrível e há muito tempo que um dia não me corria tão bem.
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