(À memória de Georg Maurer, poeta alemão)
Construir...
Eis a palavra
que marca
o encontro do Homem
com o seu destino.
Construir a paz,
construir o amor,
construir a felicidade.
Construir...
Eis a palavra,
meus filhos,
eis a palavra,
inexoravelmente
fatal.
segunda-feira, maio 28, 2007
domingo, maio 27, 2007
DOS PRESSÁGIOS
(Para Carlos de Oliveira)
Galo vagabundo,
não cantes à noitinha,
que o teu canto pressagia
o fim do mundo.
Galo vagabundo,
de crista bem erguida
pela madrugada fora,
anuncia-nos com o teu canto
a fatalidade da vida
hora a hora.
Canta galo vagabundo!
Cantai galos de todo o mundo!
Galo vagabundo,
não cantes à noitinha,
que o teu canto pressagia
o fim do mundo.
Galo vagabundo,
de crista bem erguida
pela madrugada fora,
anuncia-nos com o teu canto
a fatalidade da vida
hora a hora.
Canta galo vagabundo!
Cantai galos de todo o mundo!
sábado, maio 26, 2007
PALESTINA - II
( Para Tawfiq Zaayad, poeta palestino e
antigo presidente do "município" de Nazareth )
Beija por mim
a Terra Santa da Palestina,
ó viajante!
E se fores a Nazareth,
vai deixar flores
no túmulo de Tawfiq Zaayad.
E segreda-lhe
( os poetas
ao contrário dos deuses,
mesmo mortos,
nunca deixam de ouvir)
que os países
podem ser riscados dos mapas,
mas as nações são eternas.
Diz-lhe, viajante,
baixinho,
que não há medida
para a nossa esperança!
antigo presidente do "município" de Nazareth )
Beija por mim
a Terra Santa da Palestina,
ó viajante!
E se fores a Nazareth,
vai deixar flores
no túmulo de Tawfiq Zaayad.
E segreda-lhe
( os poetas
ao contrário dos deuses,
mesmo mortos,
nunca deixam de ouvir)
que os países
podem ser riscados dos mapas,
mas as nações são eternas.
Diz-lhe, viajante,
baixinho,
que não há medida
para a nossa esperança!
terça-feira, maio 22, 2007
PALESTINA MINHA AMADA
( Jerusalém é o teu nome cidade)
Ruy Belo
Trazemos nas veias
a cor das tuas pedras mártires.
Por isso perseveramos,
por isso te amamos,
por isso continuamos a morrer por ti.
II
No sul do Líbano,
na faixa de Gaza,
nas margens do Jordão,
na diáspora multicontinental,
choramos em silêncio as tuas mágoas
cidade mãe,
cidade santa,
Jerusalém.
( Porque tu choras
as nossas mágoas também).
III
Não haverá napalm,
não haverá tnt,
não haverá traição,
que ponham fim
a esta vontade desmedida de vencer.
E um dia,
pela estrada de Jericó,
voltaremos:
a Ramala,
a Belém,
a Lida,
a Jerusalém.
IV
Para comer laranjas em Jafa!
Laranjas doces e suculentas,
porque em todo o mundo
não há laranjas como as de Jafa.
Ruy Belo
Trazemos nas veias
a cor das tuas pedras mártires.
Por isso perseveramos,
por isso te amamos,
por isso continuamos a morrer por ti.
II
No sul do Líbano,
na faixa de Gaza,
nas margens do Jordão,
na diáspora multicontinental,
choramos em silêncio as tuas mágoas
cidade mãe,
cidade santa,
Jerusalém.
( Porque tu choras
as nossas mágoas também).
III
Não haverá napalm,
não haverá tnt,
não haverá traição,
que ponham fim
a esta vontade desmedida de vencer.
E um dia,
pela estrada de Jericó,
voltaremos:
a Ramala,
a Belém,
a Lida,
a Jerusalém.
IV
Para comer laranjas em Jafa!
Laranjas doces e suculentas,
porque em todo o mundo
não há laranjas como as de Jafa.
segunda-feira, maio 21, 2007
PROPÓSITO
Desconheço a autoria do texto
Hei-de pegá-los p'los cornos,
p'los cornos ou de cernelha.
E se assim não for,
faço como o Van Gogh:
...corto uma orelha!
Hei-de pegá-los p'los cornos,
p'los cornos ou de cernelha.
E se assim não for,
faço como o Van Gogh:
...corto uma orelha!
sábado, maio 19, 2007
CIÚME
A tua ausência fere-me
e dói tanto,
que os meus inquietos pensamentos
são como pássaros jovens
embalados pela vertigem do voo.
Soubesse eu ao menos
onde e com quem partilhas
o suave e doce perfume do teu corpo.
e dói tanto,
que os meus inquietos pensamentos
são como pássaros jovens
embalados pela vertigem do voo.
Soubesse eu ao menos
onde e com quem partilhas
o suave e doce perfume do teu corpo.
quinta-feira, maio 17, 2007
OS CORNOS DE XARIAR
Deve a vasta humanidade
Aos cornos de Xariar
A divina Sherazade
E seus contos de encantar;
Deve-lhe a gentil irmã
- de seu nome Dinarzade -,
que, cedo, cada manhã,
acordava Sherazade.
“ Minha irmã, se não dormis…”
E começa a narração.
Sherazade tudo diz
Para encantar o Sultão.
Histórias mil desfia
(Oh, qual delas a melhor?)
E o tirano ludibria,
Calmamente, e sem temor.
Salvando assim a vida
Às donzelas de Bagdade,
Foi, claro, muito atrevida,
Mas ganhou a liberdade.
Aos cornos de Xariar
A divina Sherazade
E seus contos de encantar;
Deve-lhe a gentil irmã
- de seu nome Dinarzade -,
que, cedo, cada manhã,
acordava Sherazade.
“ Minha irmã, se não dormis…”
E começa a narração.
Sherazade tudo diz
Para encantar o Sultão.
Histórias mil desfia
(Oh, qual delas a melhor?)
E o tirano ludibria,
Calmamente, e sem temor.
Salvando assim a vida
Às donzelas de Bagdade,
Foi, claro, muito atrevida,
Mas ganhou a liberdade.
DISCURSO
Porque me perece muito actual
e nunca terá sido publicado neste "blog"
Muitos de nós que temos mãos e temos pés,
muitos de nós que fazemos adeus aos comboios nas estações,
muitos de nós que passeamos o conformismo pelas ruas da cidade,
muitos de nós,
um dia,
talvez um dia,
saibamos quão inúteis foram os nossos braços,
as nossas pernas,
as nossas bocas,
os nossos ouvidos
e os nossos cérebros.
Talvez um dia,
quando violarem o silêncio da nossa inutilidade
e já for demasiado tarde,
vejamos então como eram irreais
os nossos primorosos raciocínios.
Nesse dia,
não haverá lugar para lágrimas
e lamentações.
Nesse dia,
morreremos como cães:
sem palavras,
sem sonhos,
acéfalos,
loucos.
e nunca terá sido publicado neste "blog"
Muitos de nós que temos mãos e temos pés,
muitos de nós que fazemos adeus aos comboios nas estações,
muitos de nós que passeamos o conformismo pelas ruas da cidade,
muitos de nós,
um dia,
talvez um dia,
saibamos quão inúteis foram os nossos braços,
as nossas pernas,
as nossas bocas,
os nossos ouvidos
e os nossos cérebros.
Talvez um dia,
quando violarem o silêncio da nossa inutilidade
e já for demasiado tarde,
vejamos então como eram irreais
os nossos primorosos raciocínios.
Nesse dia,
não haverá lugar para lágrimas
e lamentações.
Nesse dia,
morreremos como cães:
sem palavras,
sem sonhos,
acéfalos,
loucos.
quarta-feira, maio 16, 2007
S: PEDRO (ROMARIA DA MATA)
S. Pedro vive sozinho,
Numa capela modesta.
Ao cimo do Azendinho,
Onde o povo vai em festa.
Onde o povo vai em festa,
E com muita devoção.
Leva merenda na cesta,
Cantigas no coração.
Toalha ‘stendida no chão
Do mais fino e alvo linho.
E sobre ela muito pão,
Chouriço, presunto e vinho.
Numa capela modesta.
Ao cimo do Azendinho,
Onde o povo vai em festa.
Onde o povo vai em festa,
E com muita devoção.
Leva merenda na cesta,
Cantigas no coração.
Toalha ‘stendida no chão
Do mais fino e alvo linho.
E sobre ela muito pão,
Chouriço, presunto e vinho.
sexta-feira, maio 11, 2007
FIGUEIRA (ENTRE OLIVEIRAS)
DATADAS - III
O ex-camarada Pina
Está de novo a pinar.
Um país com esta sina
Ninguém o pode salvar.
Ao serviço de Castela,
Este novo castelão
Grandes negócios sela
Pra proveito do patrão.
É rapaz da minha idade.
- E um sábio, quem diria? -
O Joaquim inda há-de
Ser Nobel da economia.
E o jeitinho pra mamar,
Onde o terá aprendido?
Eu posso certificar,
Que não foi no meu partido.
Está de novo a pinar.
Um país com esta sina
Ninguém o pode salvar.
Ao serviço de Castela,
Este novo castelão
Grandes negócios sela
Pra proveito do patrão.
É rapaz da minha idade.
- E um sábio, quem diria? -
O Joaquim inda há-de
Ser Nobel da economia.
E o jeitinho pra mamar,
Onde o terá aprendido?
Eu posso certificar,
Que não foi no meu partido.
quinta-feira, maio 10, 2007
D. DINIS (SONETOS PORTUGUESES) - X
De seu pai e avós recebeu um reino,
A lança e espada conquistado
Contra mouros e castelhanos.
Era agora tempo de (re)construir castelos
Assinar tratados, tratar das plantações
(Pensou na Marinha e nas “naus a haver”).
Porém, Dinis era um Rei sábio e quis
Dotar o reino de leis justas e sábias,
Fundar os primeiros Estudos Gerais
E gozar com cópia as delícias da paz.
Meticuloso, este Rei ainda teve tempo
Para muitas damas amar
E criar belos cantares de amor.
Dinis, dito o Rei Poeta e Lavrador.
A lança e espada conquistado
Contra mouros e castelhanos.
Era agora tempo de (re)construir castelos
Assinar tratados, tratar das plantações
(Pensou na Marinha e nas “naus a haver”).
Porém, Dinis era um Rei sábio e quis
Dotar o reino de leis justas e sábias,
Fundar os primeiros Estudos Gerais
E gozar com cópia as delícias da paz.
Meticuloso, este Rei ainda teve tempo
Para muitas damas amar
E criar belos cantares de amor.
Dinis, dito o Rei Poeta e Lavrador.
domingo, maio 06, 2007
quinta-feira, maio 03, 2007
MAIO (MEMÓRIA)
Foi lindo o Maio primeiro,
Onde esteve toda gente.
Lado a lado o engenheiro,
O marçano e o servente.
Todos de cravo ao peito
- que comunhão de ideais! –
Estava tudo perfeito,
Quem podia pedir mais?
Que grande mar de ilusões!
Portugal nunca podia,
havendo tantos cabrões,
mudar da noite pró dia.
Onde esteve toda gente.
Lado a lado o engenheiro,
O marçano e o servente.
Todos de cravo ao peito
- que comunhão de ideais! –
Estava tudo perfeito,
Quem podia pedir mais?
Que grande mar de ilusões!
Portugal nunca podia,
havendo tantos cabrões,
mudar da noite pró dia.
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