Sesimbra, 22 de Julho de 2003 – Acabei de ler, na praia, o livro Podia Ser de Outra Maneira, da autoria do meteorologista Manuel Costa Alves. Albicastrense de gema, Costa Alves foi a agradável surpresa destas férias: ideias interessantes e uma prosa escorreita, aqui e ali salpicada de expressões bastante pitorescas. “Pagar as favas” e “tuta e meia”, são apenas duas das que retive.
Achei divertido o facto de ter detectado muitos pontos de contacto entre as preocupações e apreciações de Costa Alves e as minhas, apesar de nos separarem oito anos no calendário. Quem ler o meu livro Quadras Quase Populares ou o meu Diário há-de notar, seguramente, inúmeros pontos de contacto.
Aquela série de conversas entre um eu e um tu, em que o autor parece querer emprestar um carácter ficcional às suas apreciações acerca dos problemas que dominaram o mundo na segunda metade do séc. XX, é apenas a forma encontrada para conferir vivacidade às múltiplas narrativas que compõem o livro. Ainda que o processo possa remontar à antiguidade helénica ( quem é que não se lembra de um tal Platão e dos seus não menos célebres diálogos? ), é receita certa para prender o leitor do princípio ao fim ou do fim para o princípio, porque assim poderá ser lida a obra.
A unidade há-de o leitor encontrá-la precisamente naquela pretensa forma de dialogar com que o autor pretende fazer passar um longo monólogo, onde perpassam o “tempo de chumbo” da ditadura, reflexões acerca dos mitos portugueses, guerra colonial, Revolução de Outubro (aliás de Novembro), Guerra Civil de Espanha, religião, ciência, etc. E também naquele tom civilizado e amável que, na minha humilde opinião, é privilégio dos sábios.
Obrigado, Costa Alves!
Obrigado, Ulmeiro!
Obrigado, Zé Ribeiro!
Obrigado, Zé Ribeiro!
2 comentários:
Esta Ulmeiro ainda publicou uns livritos...reparo eu, agora!...
Sendo criação tua, deves sentir orgulho. Publicaste de facto uns livritos, mas podias ter publicado mais ainda.
É do destino dos poetas criar, criar, criar... Porém, há coisas mais comezinhas a que os poetas normalmente não ligam. E depois...
Um abraço, amigo Zé!
PS- Vou a Castelo Branco e não tive oportunidade ainda de socorrer o teu/meu amigo Ramiro.
Amanhã.
Enviar um comentário