Esposa minha, eu te protejo, de ti sou guardião
e mestre, e escravo também.
Tu és aquela que se deita tão suavemente sobre
o meu peito, seguindo o cavalo louco que aí se
abriga.
"Corça minha" abraça-me, acalma o meu desas-
sossego. Doce, marfinada e loira, a tua farta ca-
beleira se enrola nos meus dedos, atando neles o
cheiro da tua devoção.
Tu és o espírito e a carne reunidos num só traço
de beleza que me cobre de beijos e me cega. Este
amor é mais forte do que a vida, porque nele
renasço em cada passo que dou.
Pobre de mim e do lamento que se desfolha em
tuas mãos, deixando-te seca e ávida da minha
boca em teus seios.
Não chores Inez que as tuas lágrimas e a minha
sede conhecem o mesmo destino e percorrem a
tua face nesta hora de solidão e desespero.
A manhã espera-me do outro lado do rio e de
mãos dadas, num sorriso manso, beberei a gota
de orvalho que os teus lábios ainda adormecidos
me oferecem.
Martnez, Lídia, CARTAS DE PEDRO E INEZ, Ulmeiro,
1ª Ed., LisboaNov./94
6 comentários:
É muito bonito este livro da Lidia, acreditem! Palavra de editor!...
É lindo. Lindo.
Palavra de quem leu uma parte e vai ler po inteiro, em breve!
Bonita homenagem Manuel, e bonita a Lidia, incrivelmente bonita e eu que dificilmente consigo fazer os ditos distanciamentos que o Manuel aconselha, sei que vou mergulhar nele, de cabeça e de emoções ao rubro.
Bem, talvez o leia em casa, e não num espaço ... público.
Um abraço amigo Manuel, o que escrevi ao Zé há pouco, diz-lhe respeito, também.
errata: " ... e vai ler por inteiro".
são as teclas Manuel, escorregam
Amigo Manuel, nem sei como lhe agradecer de passar aqui no seu musica maestro esta carta de amor de inez a pedro.Estas falsas, verdadeiras cartas de amor, parece que isso se chama...uma etopeia.
Para mim é uma maneira de escrever
projectando-me numa historia e em personagens que por vezes nos parecem bem reais!
Também digo merci ao Zé que me fez confiança e me publicou os meus dois e unicos livros de poesia, se isto nao é belo?
Merci amigos!!!!!!
Manuel, foi a linda prenda de hoje, vou guardar este sentimento très longtemps.
Merci, beijinho alex, és uma querida, estava mesmo a precisar!
até jà, lidia.
Lídia,
Terá, brevemente, uma surpresa ainda maior.
Estas coisas não se agradecem. Já lhe tinha dito que tinha cá em casa os seus dois livros, que li com muita atenção e achei as cartas de uma grande beleza.
O Zé fala-me de si há anos e só agora, através deste mundo virtual, é que chegámos à fala. Quando cá vier, vamos encontrar-nos e celebrar.
Disse-me que mora numa espécie de Bairro Alto. Não estou a vê-la aí pela zona do Boulevard
Sébastopol,a caminho de Montmartre.
Dos artistas há tudo a esperar!
Já caçou o ratito?
Beijinho,
Manuel
manuel, moro no Marais, o bairro judeu, tinha de ser.
era popular,agora està na moda.
é ao pé do Centro Pompidou,
estou a dez minutos,une aubaine!!!
Passo a vida là desde 24 anos!
nao longe de Sébastopol.
O bicho...sei que mordeu no veneno (parece uma peça inglesa dramatica),
comeu dois tomates que tinha na cozinha( nao se riam é verdade!), sofro o martirio, so durmo duas horas...com medo que ele venha ao pé de mim!
à suivre, ainda nao dei com ele...ainda bem, nao o quero ver!
So morto!
começou com um post de amor inesiano e continua aqui com a fobia roedora...beijos de paris, merci pour les mots qui chauffent le coeur.
até jà,
lidia
Enviar um comentário