Santa Iria de Azóia, 16 de Outubro de 2007 – Foi no carro, em viagem de Castelo Branco para a região de Lisboa, que tomei conhecimento da morte de Adriano Correia de Oliveira. Primeiro, foi a estupefacção própria destes momentos; e, depois, foi a comoção. Provavelmente, até às lágrimas.
Habituara-me a ouvir Adriano há muitos anos. Ainda na década de sessenta. E sempre o considerei a voz mais forte e cristalina de todos os nossos “trovadores”. Claro que havia o Zeca!; porém, a força da voz, aquele físico de gigante e aquela forma lhana de estar, faziam de Adriano um artista ímpar.
Hoje, decorridos 25 anos, Adriano poderá ser lembrado como aquele que nos deu a ver e a ouvir a força e a beleza das palavras dos poetas que cantou. Sem Adriano, Manuel Alegre seria outro.
Habituara-me a ouvir Adriano há muitos anos. Ainda na década de sessenta. E sempre o considerei a voz mais forte e cristalina de todos os nossos “trovadores”. Claro que havia o Zeca!; porém, a força da voz, aquele físico de gigante e aquela forma lhana de estar, faziam de Adriano um artista ímpar.
Hoje, decorridos 25 anos, Adriano poderá ser lembrado como aquele que nos deu a ver e a ouvir a força e a beleza das palavras dos poetas que cantou. Sem Adriano, Manuel Alegre seria outro.
3 comentários:
CANTAR A LIBERDADE
«Trova do Vento que Passa»
Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.
Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.
Levam sonhos deixam mágoas
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.
Se o verde trevo desfolhas
pede notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país.
Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio -- é tudo o que tem
quem vive na servidão.
Vi florir os verdes ramos
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.
E o vento não me diz nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.
Vi minha pátria na margem
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.
Vi navios a partir
(minha pátria à flor das águas)
vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes mágoas).
Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.
E o vento não me diz nada
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.
Ninguém diz nada de novo
se notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.
E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.
Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.
Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.
Manuel Alegre, na voz de Adriano Correia de Oliveira!
Apetece cantar, apetece-me sempre cantar.
Abraço Manuel
obrigada manuel da recordaçao, a voz do adriano sempre me comoveu e deus sabe, ou nao sabe? ...que amo o Zeca, mas esta trova, que bom alex teres pensado envià-la toda por inteiro, é linda e fico mouvente dans le temps qui ne passe pas quand on sait qu'il ya toujours quelqu'un qui résiste, quelqu'un qui dit non.c'est d'aujourd'hui, prennons des forces aussi pour demain!
beijos de paris
Agradeço a ambas, comovidamente.
Um destes dias falarei da estada de Zeca Afonso em Paris, no Outono de 1970.
Le temps continue chaud; on aura l'été jusqu'à février. Quel temps, Lidia! On va payer cher ce confort. La planète souffre, mon amie!
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