sábado, junho 09, 2012

DO MEU DIÁRIO


As nuvens adensam-se
Santa Iria de Azóia, 9 de Junho de 2012 – Eu hoje só queria falar de coisas agradáveis, mas após a leitura de alguns textos na blogosfera, não ficaria  bem comigo mesmo se não escrevesse algumas palavras sobre os tempos que correm.   

     D. Januário Torgal Ferreira, uma voz ímpar dentro da igreja católica portuguesa, pronunciou-se, anteontem, sobre declarações do jovem que ocupa o cargo de primeiro-ministro. Fê-lo com a coragem a que nos habituou ao longo dos anos; convidando, o sobredito jovem a sair à rua e juntar-se ao povo. No dia seguinte, D. Januário viu a sua vida devassada por um pasquim, que parece querer atemorizar Portugal inteiro. Quem se meter com Relvas ou Passos ou tutti quanti pode contar com a sua vida no estendal.

     Correm rumores de que o número de suicídios está a aumentar em Portugal; porém, segundo os mesmos rumores, parece que as autoridades a quem compete divulgar esses óbitos não o fazem por imposição superior. Do mesmo modo que haverá uma cortina de silêncio acerca de desacatos decorrentes da penúria em que vivem as populações de bairros populares nos arredores da capital. A serem verdadeiros estes rumores, estamos em presença de um conflito entre as autoridades e o direito à informação livre e democrática.

     O caso de D. Januário é uma evidência de que há quem saiba da vida de todos aqueles cuja opinião conta. Esta informação juntinha e prontinha para o dia seguinte, não deve deixar dúvidas a ninguém. A confirmar-se que são dadas orientações às autoridades para não divulgarem suicídios e os tais desacatos devidos à penúria, teremos que concluir que os verdeiros e transparentes de outrora são mais opacos que uma noite de breu.

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