Santa Iria de Azóia, 31 de Janeiro de 2008 – Foi numa instalação militar que, pela primeira vez, me estreei como professor. De um só aluno: o jovem, que, após a saída das nossas tropas, teve a responsabilidade de tratar da instalação eléctrica de Nambuangongo. Esqueci o seu nome, como esqueci muitas outras coisas. Sei apenas que aquele rapaz, que tudo queria aprender, ficou com a incumbência de quebrar o breu daquela terra do fim do mundo.
Naquele Outono de 1974, já não se podia, com propriedade, falar de guerra. A disciplina afrouxara, até porque ninguém queria ser apodado de reaccionário. Depois das cinco da tarde, cumpridas as tarefas militares quotidianas, os sargentos e os oficiais vestiam roupa civil, para bebericarem cerveja e uísque e jogarem à batota ou ainda para se deslocarem ao musseque, onde bebiam marufo e assistiam aos espectáculos de batuque. O homem mais rico de Nambuangongo era um indivíduo chamado João Pedro, que já tinha a preocupação de mandar os filhos para Luanda, onde podiam estudar e aspirar a uma vida melhor.
Nas manhãs de domingo, aparecia um homem de cabelo branco e já muito velho, que era conhecido por Miarra. Vestia uma farda militar andrajosa e gritava Miárráááááá´!!!! E pronunciava nomes de terras angolanas como Ambriz e Ambrizete e Santo António do Zaire. Era o Miarra. Aparecia sempre entornado e dizia-se que com tudo o que ardesse na garganta, nomeadamente “after- Shave”. A tudo o que emborcava, o nosso Miarra chamava água do puto, ou seja, bebida proveniente de Portugal.
Naquele Outono de 1974, já não se podia, com propriedade, falar de guerra. A disciplina afrouxara, até porque ninguém queria ser apodado de reaccionário. Depois das cinco da tarde, cumpridas as tarefas militares quotidianas, os sargentos e os oficiais vestiam roupa civil, para bebericarem cerveja e uísque e jogarem à batota ou ainda para se deslocarem ao musseque, onde bebiam marufo e assistiam aos espectáculos de batuque. O homem mais rico de Nambuangongo era um indivíduo chamado João Pedro, que já tinha a preocupação de mandar os filhos para Luanda, onde podiam estudar e aspirar a uma vida melhor.
Nas manhãs de domingo, aparecia um homem de cabelo branco e já muito velho, que era conhecido por Miarra. Vestia uma farda militar andrajosa e gritava Miárráááááá´!!!! E pronunciava nomes de terras angolanas como Ambriz e Ambrizete e Santo António do Zaire. Era o Miarra. Aparecia sempre entornado e dizia-se que com tudo o que ardesse na garganta, nomeadamente “after- Shave”. A tudo o que emborcava, o nosso Miarra chamava água do puto, ou seja, bebida proveniente de Portugal.
2 comentários:
Também a 2ªCC do BCaç 5017 esteve até Março de 1975 em Nambuangongo.
Todos conhecemos o Miarra - nome mitico quando nos recordamos desta terra...
O Miarra bebeu muita da minha After-Shave.
Ex-Alferes Milhazes
Nambuangongo 1973
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