Lisboa, 14 de Janeiro de 2008 – É raro mas acontece: almocei sozinho no “Tico-Tico”. E precisamente, porque, às treze e trinta, me apeteceu almoçar sozinho. Há dias em que não tenho nada para partilhar e uma refeição deverá ser sempre, no meu modesto entender, um momento de partilha.
O facto de ter almoçado sozinho não tem nada de dramático. Conheço os empregados, com quem troco amiúdo algumas palavras de circunstância, que me criam a ilusão de estar acompanhado. Eu gosto e procuro ter tempo para falar com os meus botões.
Entre o croquete com sabor a cominhos e um gole vinho e a chegada da vitela barrosã – será que a vitela é mesmo barrosã? - ainda oiço, sem querer, a conversa mais ou menos escatológica de dois octogenários, que pelos vistos gostam de comer bem e viajar. Devem ser ambos viúvos e sportinguistas.
Enquanto mastigava e deglutia a dita vitela barrosã, reparei nos filetes que um casal jovem comia na mesa do lado direito e lembrei-me do arroz de pimentos encarnados que a minha mãe fazia para acompanhar o chicharro frito às postas fininhas e que era uma coisa do outro mundo. Qual sável e qual açorda?! O arroz de pimentos encarnados, cozinhado a lenha, acompanhava na perfeição o prosaico chicharro, que era dos poucos peixes que chegavam à Mata nos anos cinquenta e sessenta do século passado.
Será que acompanhado teria rememorado o feliz arroz de pimentos encarnados que a minha mãe fazia para acompanhar o prosaico chicharro fritos às postas fininhas?
O facto de ter almoçado sozinho não tem nada de dramático. Conheço os empregados, com quem troco amiúdo algumas palavras de circunstância, que me criam a ilusão de estar acompanhado. Eu gosto e procuro ter tempo para falar com os meus botões.
Entre o croquete com sabor a cominhos e um gole vinho e a chegada da vitela barrosã – será que a vitela é mesmo barrosã? - ainda oiço, sem querer, a conversa mais ou menos escatológica de dois octogenários, que pelos vistos gostam de comer bem e viajar. Devem ser ambos viúvos e sportinguistas.
Enquanto mastigava e deglutia a dita vitela barrosã, reparei nos filetes que um casal jovem comia na mesa do lado direito e lembrei-me do arroz de pimentos encarnados que a minha mãe fazia para acompanhar o chicharro frito às postas fininhas e que era uma coisa do outro mundo. Qual sável e qual açorda?! O arroz de pimentos encarnados, cozinhado a lenha, acompanhava na perfeição o prosaico chicharro, que era dos poucos peixes que chegavam à Mata nos anos cinquenta e sessenta do século passado.
Será que acompanhado teria rememorado o feliz arroz de pimentos encarnados que a minha mãe fazia para acompanhar o prosaico chicharro fritos às postas fininhas?
3 comentários:
Entre o presente e a memória... parece que ultimamente apareço sempre em horas de...
(Que mau hábito chegar assim à hora das refeições :) )
Depois desta descrição acho que não precisou mesmo de companhia pra tornar esse almoço num agradável e saboroso instante "gastronomico / literário"!
Mas concordo, Manuel.
A hora da refeição deveria ser uma hora sempre partilhada.
Excepção à regra...
Um prato de arroz de pimentos com chicharro frito às postas fininhas!
Bom Almoço!
olà, outro habito que se perdeu que se perde nest
Olà,
mais um mau habito adquirido nesta cidade de loucos que corre para onde...????
Almoço? Ja nem sei como se escreve, ensaio a essas horas.
Partilhar uma refeiçao, isso era no tempo em que as pessoas nao viviam em espaços pequenos, na cabeça ou no literal métrico...nao dà tempo!
Os que almoçam é num café, é porque têm tickets da empresa e vao sozinhos ou colegas rapido almoçar uma salada, uma coisa...
em Paris, para se almoçar num restaurante como se faz em Portugal,nao hà nada a menos de vinte e tal francos...nao dà, mesmo pra os que ganham para as facturas
e o resto. desculpem là cortar os sonho da pescadinha tao boa, fritinha com arroz de tomate, aquela que tem o rabo na boca!
Aqui seria uma delicia a explorar...essas pausas de partilhas e alguma doçura, nao tem igual nesta cidade.
Tout va trop vite...
beijinhos com frio e chuva...Br.
LM, Paris
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