Santa Iria de Azóia, 13 de Dezembro de 2007 – Amo a língua portuguesa acima de muitas outras coisas, porque foi através dela que, pela primeira vez, nomeei os seres e as coisas que me são mais queridos. E com ela cresci e graças a ela sei quem sou. E nela aprendi a dizer não e sim com toda a veemência do mundo.
Porém, não tenho quaisquer angústias relativamente ao destino do português de Portugal e o mesmo sentimento tenho em relação a todas as suas variedades. Eu sei de ciência segura que esta língua que amo e sou não é eterna e que não há acordos, nem decretos, nem guerras, que possam travar qualquer uma das suas muitas variedades de fazer o seu próprio caminho.
Querer impor por decreto uma grafia – e porque não um léxico comum? -, é uma forma totalitária de pretender resolver um problema que, se o fosse verdadeiramente, jamais poderia ter uma solução.
Sei que daqui a mil anos, esta belíssima”flor do Lácio” (a expressão é de Olavo Bilac), será coisa bem diversa daquela em que hoje sinto e exprimo os meus sentimentos. O mesmo acontecerá com todas as variedades faladas na América, em África e na Oceânia. Bom será que, daqui a mil anos, se possa dizer que esta ou aquela língua, que este e aquele crioulo, têm o português como língua mãe. Isso me basta e me consola, neste bizantino presente.
7 comentários:
Bom dia, Manel
Sabias que só na língua mãe praguejamos de forma libertadora e eficaz?
-Filhos duma cabra... sacanas, hem?
O meu abraço (parece que também nos afectos...)
João Teixeira
Boa tarde, João!,
Nunca tinha pensado nisso, mas és capaz de ter razão. Ainda que também seja capaz de insultar eficazmente noutras línguas.
E sabias - agora sou eu que faço a pergunta-, que quando de uma lista de palavras sinónimas escolhemos uma preterindo as outras, nessa escolha projectamos os nossos afectos em relação às palavras?
Abraço forte,
Manuel
olà ambos!
Embora actuando a Marguerite das Camélias tossindo sapos e lagartos...
(rino-agudinha),dou o meu jeito,
ainda que goste de praguejar em português aqui neste frio polar...
o que dà gozo é misturar as duas linguas e lançar o dito cujo
praguejo bilingue!
é giro se outro for bilingue aussi...
certo a historia de escolher a palavra certa é afectivamente
coerente com o nosso sentimento plo que ela nos envia.
até jà, amanha vou a voar( cuspindo lagartos...)ai, ai, so eu...beijos
LM
Manuel, gostei deste texto é muito sensivel!
Lídia,
O João Teixeira é um rapaz da nossa idade e que publicou o seu primeiro livro de poemas, em 1972.
É de Castelo Branco e é meu amigo.
Eu e o Zé Ribeiro temos posições diferentes em relação ao Acordo Ortográfico e temos discutido a questão no "blogue" dele. Só que agora deixou de nos dar troco.
Até breve. Beijinhos.
Manuel
Olá Manuel
Li as suas palavras e também estes comentários.
Que sobra pra mim?!
Eu bem sabia!!!
Aplicar o Acordo ortográfico...
Já que praguejar não posso :)
Pelo menos no trabalho!!!
(Hummm... e por aqui também não!)
Um Abraço
MªJose
Maria José,
Neste espaço, que vamos construindo com textos e comentários, poderá sempre dizer o que quiser e como quiser.
Nós sabemos até onde podemos e devemos ir.
E se for necessário praguejar, fá-lo-emos! Por boas e nobres causas, obviamente!
Feliz Natal, Maria José.
Abraço, Manuel
Caro amigo Manuel,
Já te disse o que acho do tal Acordo! Prefiro um bom acordo a um mau desacordo...É que estamos juntos na defesa de uma língua comum e agora o que importa preservar é a unidade possível e não a pureza da dita!...
No meu blogue voltarei ao assunto, mas só em meados da próxima semana!É que já te disse a preguiça, ou o cansaço, assim me obrigam!
Bom Natal a todos eum 2008 cheio de coisas boas!
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