sábado, dezembro 01, 2007

CASTELO BRANCO


Castelo Branco, 30 de Novembro de 2007 – Castelo Branco é uma cidade de muito frio e calor. No entanto, os seis graus às oito horas da manhã são menos frios que os nove ou os dez da região de Lisboa e de outras zonas do litoral. E quando, por volta do meio-dia, os termómetros registarem os onze ou doze, o cachecol e o sobretudo tornam-se desnecessários.

Passei de carro às 8H30 junto à Escola Secundária de Amato Lusitano, que já foi Escola Comercial e Industrial de Castelo Branco, onde frequentei, nos idos de sessenta, o Curso Geral do Comércio. Dezenas e dezenas de estudantes ao portão, porque lá dentro nem vivalma. Era dia de greve da Função Pública e a adesão cifrar-se-ia não numa percentagem falaciosa, mas num eloquente “de portas fechadas”.

Por volta das nove horas, já com o sol a doirar o Palácio de Justiça e o edifício do Governo Civil, nota-se que esta sexta-feira em tudo se assemelha a uma manhã de domingo. A Alameda dos Mártires da Pátria, agora liberta do trânsito automóvel e entregue aos peões, surpreende o visitante pela serenidade. Até na Belar, que foi outrora pastelaria afamada, onde pontificavam estudantes, professores e profissionais livres, é agora uma pastelaria pacata, onde o casal Marçal chega e sobra para as encomendas.

Há anos que não passava uma manhã em Castelo Branco. Hoje matei saudades do espaço físico onde cresci e recordei algumas pessoas que constituíram o espaço cívico que me ajudaram a moldar o carácter: Vasco Silva, em primeiro lugar, Manuel João Vieira, António Matos Pereira, Carlos Vale, Mário Barreto - a ordem agora já é arbitrária -, etc.

Doeu-me ver “A Assembleia”, por cima da antiga Chapelaria da Moda (que era do avô dos meus amigos Zé Rufino e Luís Manso), votada ao abandono, e, muito provavelmente à demolição. Foi ali que, antes do 25 de Abril, se fizeram audições de música clássica e de jazz com o José Duarte. E lançamentos de livros e outras manifestações culturais, políticas e sociais. E agora está ao abandono.

Apesar de tudo, Castelo Branco continua uma cidade única!

5 comentários:

Mª Jose M. disse...

Caro Manuel,
Não percebi se o comentário ficou!
Espero que sim!

Dizia eu, fazendo minhas as suas palavras que...
"Apesar de tudo, Castelo Branco continua uma cidade única! "

Apesar de tudo...
Hoje, esta é a minha Cidade.

Att,

MJ

Manuel da Mata disse...

Olá Maria José,

Obrigado pela visita.
Vou continuar a escrever alguns textos sobre Castelo Branco, assim, em português suave.
Eu adoro Castelo Branco, porque foi lá que aprendi quase tudo o que sei. E são de lá os meus melhores amigos. Como é o caso do João Teixeira.Da Mata, não me relaciono com ninguém, em especial.
Apareça sempre. Um abraço,
Manuel

João de Sousa Teixeira disse...

Sobre Castelo Branco, bem sobre Castelo Branco sei que ... santos da casa não fazem milagres... e sei também do seu "megacefalismo-empreiteiral". De resto, nasci lá, pois!
Manel, o meu abraço!

Manuel da Mata disse...

João,

Eu sei que conheces melhor do que eu os negócios imobiliários de Castelo Branco. E sinceramente, penso que a cidade cresceu sem quaisquer critérios urbanísticos aceitáveis. É o caso do Montalvão, da Carapalha,do Ribeiro das Perdizes e da Granja. A Granja é quase um labirinto.
Penso, todavia, que há zonas mais agradáveis, como é o caso da entrada norte. A quinta do Pires Marques, se não tivessem sido construídos os edifícios-colchas, era uma zona com qualidade.
Eu quero guardar, no entanto, gratas recordações daquele centro e dos passeios ao domingo, dos Fradinhos até à Sé, para assistir às saídas das missas. Castelo Branco tinha cachopas bonitas, meu amigo!
Um abraço,
Manuel

João de Sousa Teixeira disse...

Bom dia, Manel
Não quero transformar em "caixa de monólogo" o que deve ser aberto...
Acontece que, como albicastrense e não albicastrado, concordo contigo sobre as cachopas. O problema é que depois meti-me naquela coisa da poesia, sabes, e passei a ser fidelissimo(à poesia). Até hoje.
Abraço-te.
João