O mundo assiste, de novo, a um conflito israelo- árabe de grandes proporções. Por enquanto os teatros de operações têm sido o sul do Líbano e a denominada Faixa de Gaza. Libaneses e palestinos estão a ferro e fogo, em nome da segurança de Israel. O detonador foi o rapto de alguns soldados israelitas.
Em 1967, com quinze anos apenas, tomei partido por Israel e fiquei imensamente feliz por um Estado pequeno e ainda com poucos anos de existência ser capaz de derrotar em poucos dias o Egipto e a Síria e outros estados árabes. Poucos anos depois percebi a verdadeira natureza das coisas e a razão de todos os milagres israelitas. Tornei-me amigo da Palestina.
O mundo árabe vive ainda numa espécie de idade média. Dentro de cada Estado, partidários do mesmo Deus, mas de diferentes orientações, digladiam-se ferozmente; as mulheres são vítimas de discriminações e de maus tratos; os detentores do poder delapidam as riquezas naturais e condenam os povos às mais abjectas condições de miséria; o ensino dos jovens è de orientação religiosa e fanático; o poder é exercido de uma forma mais ou menos despótica em todos os países muçulmanos.
Porém, o reconhecimento destas verdades não implica a absolvição de quem quer que seja. E nomeadamente de Israel que, na cena internacional, se comporta como um país fora da lei, com a benção dos EUA e de alguns países europeus. E também dos EUA que usam sempre de dois pesos e de duas medidas em relação aos países árabes. E que pouco se importam com a legalidade internacional.
Os chamados direitos humanos são pouco mais que uma figura de retórica e a democracia só é respeitada quando os escrutínios se harmonizam com os interesses da superpotência. Sempre que os resultados não agradam aos EUA, faz-se tábua rasa da democracia. E isto devia chegar para os defensores do actual poder mundial se absterem de falar de democracia e de direitos humanos. Conhecemos-lhe a verdadeira natureza de classe e os seus interesses próprios. São os mesmos que advogam por esta sociedade cada dia mais desigual e podre.
O que fazer? Pôr fim ao conflito parece-me óbvio. Era bom que e Europa exigisse aos EUA que exigissem a Israel o fim do conflito. Era necessária uma força de intenvenção dos dois lados da fronteira, formada por tropas europeias não comprometidas com nenhum dos contendores, para garantir a segurança de israelitas e de árabes; era preciso impedir a todo o custo a obtenção da bomba atómica ao Irão e recomeçar-se a discussão do desarmamento nuclear a nível mundial, a começar pelos EUA. O poder atómico é mau, esteja onde estiver. Era preciso também dar combate sem tréguas e eficaz ao terrorismo.
Era preciso, fundamentalmente, que o mundo se livrasse do eixo do mal constituído por Bush e pelos membros da actual administração americana. Era preciso criar uma ordem mundial mais equitativa e solidária. E ajudar o mundo árabe a sair da sua idade média. Para estripar os Ben Laden e as complexas e enigmáticas organizações terroristas. Em suma, era preciso tornar o mundo mais limpo e fraterno.
Sem comentários:
Enviar um comentário