Santa Iria de Azóia, 23 de Abril de 2011 - Eu sabia lá que se comemorava hoje, sábado de Aleluia, o dia mundial do livro! A mim interessam-me os livros e não o dia que se convenciona como seu dia mundial. Porém, como a Filipa me falou do assunto, corri às estantes e peguei em livros meus e de amigos meus, coloquei-os no chão da minha biblioteca e tirei-lhes uma fotografia para publicar no Música Maestro, que é o sítio onde desabafo e deixo as minhas frágeis marcas sobre o tempo que passa.
Livros no chão, constatei então que tinha uns quantos de poesia e apenas dois de prosa: Mar de Pão de João Teixeira e Terminação do Anjo de Daniel Abrunheiro. Dois livros muito belos, em prosa de grande qualidade, da autoria de dois poetas de muito alto valor. Bem sei que os amigos tendem a exagerar, às vezes; porém, neste caso concreto, João Teixeira e Daniel Abrunheiro são, de facto, dois talentosos criadores.
De Daniel, que é um dos mais interessantes e promissores criadores da sua geração; porventura aquele que mais marcas há-de deixar na língua portuguesa, porque a sua imaginação, em bom rigor, não tem limites. Conheço-lhe a produção torrencial que publica no Canil, que é o blogue que lhe serve de veículo de divulgação. Não tenho de Daniel qualquer livro de poesia, em papel. E é um escândalo, um inenarrável escândalo, que a poesia de Daniel não encontre um editor interessado e competente, como já escrevi há tempos. Talvez por isso, a sua poesia seja perpassada por algum azedume e muitas mágoas.
João Teixeira publica desde os 19 anos. Publicou, em 1972, RO(S)TOS DO MEU PAÍS, título que sugere de imediato o tipo de autor que é o João. A sua evolução de 1972 até à actualidade foi muito grande. Não é impunemente que está prestes a comemorar quarenta anos de poesia. Disse poesia e não carreira literária, porque João Teixeira, produziu o que produziu, mas não tem – e nunca terá desejado ter -, uma carreira. É um poeta sério – e a sério-, que utiliza a ironia e o humor como forma de expressão artística. E o modo como pega em coisas concretas e sobre elas constrói admiráveis poemas, fazem dele um poeta cativante e não raramente tocante.
Este texto, sem quaisquer pretensões, é apenas, e só, o meu modo de dizer quanto estimo e admiro estes dois criadores. Estes dois homens que, embora separados pela idade e pela geografia, têm bastantes traços comuns. Entre os quais avulta o de serem meus amigos.
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