Lisboa, 29 de Março de 2011 – Este é o mês de Março de todas as incertezas. Virá o FMI, não virá o FMI?; pede-se ajuda ao BCE, não se pede ajuda ao BCE?; Portugal vai aguentar-se, Portugal vai claudicar?; etc. Já hoje ouvi dizer que os ricos perderão sempre mais do que aqueles que nada têm. É claro que aqueles que têm muito, ainda que muito possam perder, alguma coisa lhes há-de sobrar; porém, quem nada tem, nem lamentar se pode de ter perdido. Mas parece que o argumento para comer e calar é assaz falacioso, porque há sempre aqueles que vão pescando, e muito, mesmo quando as águas estão mais turvas. De resto, eu penso que eles são pescadores de águas turvas. Eu tenho para comigo, e parece que não estou sozinho, que o mal maior de Portugal é o das desigualdades. Não fosse Portugal um país tão desigual e talvez conseguíssemos, sem estranhos a meter o bedelho, resolver os nossos problemas. O mal de Portugal é ter excelentes pescadores, poucos, que, por sinal, contam com grandes ajudas entre aqueles que vão decidindo o nosso destino colectivo e se apropriam de todo o pescado. O mal de Portugal, aqui para nós, é a meia dúzia de vampiros que come tudo, como reza a canção, e não deixa nada.
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