segunda-feira, abril 25, 2011

25 DE ABRIL SEMPRE!

Santa Iria de Azóia, 24 de Abril de 2011 – O 24 de Abril, há trinta e sete anos, caiu numa quarta-feira. Cumpria serviço militar no RC-6, na minha cidade mais querida, Castelo Branco. Saí do quartel e fui com o João Rolo, como eu matense e funcionário das finanças, jantar à Mata, com os meus pais.
Regressámos a Castelo Branco por volta da meia-noite e nada vimos de estranho, durante a curta viagem. Na então casa dos cantoneiros decorria uma acção da GNR, absolutamente normal, que não prenunciava nada do que iria acontecer durante a noite nos centros nevrálgicos do país. Entrei no quartel por volta da meia-noite e meia, deitei-me e dormi tranquilamente até às quatro e meia da madrugada.


Foi àquela hora que fui abruptamente acordado pelo Luís Geraldes, do Ladoeiro, que nos anunciou o golpe de Estado que estava a decorrer e que durante o dia 25 se havia de tornar no começo de uma Revolução. Levantei-me, fui para a sala dos cabos milicianos e ali fiquei com outros camaradas, de ouvido atento às notícias e à música que iam sendo difundidas.


Não era ainda a hora para grandes manifestações de júbilo, ainda que o meu coração me dissesse que tinha chegado ao fim o regime que oprimira os portugueses e Portugal durante quase cinquenta anos. Depois foram horas e mais horas de incerteza, porque naquele quartel ninguém sabia o que se passava exactamente em Lisboa.


O fim da tarde e a noite trouxeram a certeza que, desde a madrugada, se instalara definitivamente no meu coração. O fascismo chegara ao fim. A liberdade triunfava, finalmente, em Portugal.

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