sábado, dezembro 04, 2010

PALAVRAS PERDIDAS


Há quanto tempo, mãe, não te falo de amor
Com aquelas palavras de encantar
Com que as crianças falam do amor?!


Há dias corei de vergonha,
Corei de vergonha quando li,
Num livro de cartas de Saint-Exupéry,
As palavras mágicas que ele escreveu a sua mãe
E que eu nunca te disse a ti.


Deixei que entre nós se interpusesse
Um pudico silêncio ancestral
E disse-te apenas coisas imediatas e triviais.


Eu esqueci, mãe, aquelas palavras claras e pueris
Que tanto alegravam o teu coração.


Eu coro de vergonha, mãe!



Manuel Barata, FRAGMENTOS COM POESIA, Ulmeiro, Lx. 2005)

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