quinta-feira, dezembro 02, 2010

DO MEU DIÁRIO

Santa Iria de Azóia, 2 de Dezembro de 2010 – Há muito tempo que ando fugido deste Diário, que venho escrevendo, com intermitências mais ou menos longas, desde 1994.

Escrever um diário não é tarefa fácil, apesar de a prosa diarística ser amiúde desconsiderada. É tarefa que exige trabalho, muito trabalho, e quem pensar que não, que inicie uma destas viagens. A minha já leva dezasseis anos, dezasseis!, e não pretendo chegar a nenhum porto. É um espaço para a minha reflexão pessoal, sem preciosismos e sem quaisquer compromissos.

O Manuel Ramos Ribeiro, que foi um dos últimos grandes latinistas portugueses, perguntou-me um dia: “Manuel, porque escreve você um diário, se não é um famoso?” A pergunta era pertinente e pertinente continua a ser, decorridos tantos anos e sem que tenha conseguido desalojar este vício. Grande toleima minha, certamente. Mas vou continuar, “malgré tout”.
Eu gostava de ter o talento de Marcello Duarte Mathias, ou de Torga, ou de Saramago ou de Vergílio Ferreira. Sim, que Conta Corrente também é um diário. Porém, apesar de não ter o talento daqueles egrégios escritores lusos, vou perseverar, do mesmo modo que continuarei a deliciar-me com diários alheios. O próximo vai ser o inédito de José Gomes Ferreira, que a Dom Quixote vai publicar.
E assim retomo a viagem, deixando uma nota sobre o fim do blogue o Jumento. Na verdade, tudo tem que ter um fim; porém, quero que a terra lhe seja leve, leve como pétalas, porque me proporcionou bons momentos de leitura e reflexão.

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