Santa Iria de Azóia, 6 de Dezembro de 2010 – Sá Carneiro – não o autor de Salomé – regressa todos os anos, nos primeiros dias de Dezembro. E assim vai ser, enquanto viverem os herdeiros “ideológicos” do malogrado congregador da direita portuguesa, no pós 25 de Abril.
Eu não sei que ideologia tinha Sá Carneiro, apesar de ter acompanhado o seu percurso desde os tempos da chamada Ala Liberal, na defunta Assembleia, onde pontificava um deputado muito patusco chamado Casal Ribeiro. E lembro-me de o ter ouvido, talvez em Julho de 1974, num comício com Mário Soares e Álvaro Cunhal, no estádio 1º de Maio em Lisboa. De perto vi-o apenas uma vez, no também defunto Lisboa Penta Hotel, onde foi recebido por Yasser Arafat. Decorriam os últimos dias do mês de Novembro do ano de 1979. Governava Portugal, nesse já distante Novembro, Maria de Lurdes Pintassilgo.
Era bom tribuno, e apesar de ter granjeado a fama de truculento, teve a paciência para andar cá e andar lá, esperando que o poder lhe viesse cair às mãos. O que de facto veio a acontecer, após as desastradas governanças do dr. Soares e do dr. Soares com o Dr. Freitas do Amaral. E depois teve aquele sonho de unir a direita, que não chegou a concretizar pelas razões conhecidas. E creio que o legado político de Sá Carneiro é sobretudo o sonho de uma maioria parlamentar, um governo e um presidente. No fundo, uma fórmula para o exercício do poder.
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