Santa Iria de Azóia, 26 de Agosto de 2010 – Bem sei que Vila Franca de Xira, aquela que mudaria conforme os ventos no dizer sempre pitoresco de Almeida Garrett, foi durante muitos anos um município governado por eleitos CDU; no entanto, e atendendo apenas àquilo que é visível a olho nu, penso que se pode dizer que a actual gestão tem respeitado os valores locais, em particular, e os de Abril, em geral.
Quando se entra em Vila Franca, no sentido N-S, ali encontramos a Rua Alves Redol, que agora até tem estátua num espaço moderno e convive com os clientes da esplanada de um agradável café. Um pouco à semelhança do que se passa com Pessoa no Chiado. Penso que é uma homenagem ao autor de Gaibéus e de Barranco de Cegos, que são duas obras emblemáticas da produção de Redol.
Gaibéus é considerado o romance fundador do neo-realismo e Barranco de Cegos o que rompe, por parte de Redol, com aquele movimento estético-literário, que teve cultores como Soeiro Pereira Gomes, Mário Dionísio, Sidónio Muralha, Manuel da Fonseca e outros. E também Carlos de Oliveira.
Pois bem, apesar de Garrett achar que Vila Franca era terra dada a reviralhos, registe-se o facto desta simpática cidade ter um museu destinado a perpetuar o neo-realismo, cujos autores deram um contributo notável na luta contra o ideário do Estado Novo. O que se calhar explica, num tempo em que dia-sim-dia-não surge uma biografia do ditador de Santa Comba, o esquecimento a que são devotados os autores antes.
Ainda bem que há terras com Vila Franca de Xira.
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