Santa Iria de Azóia, 01 de Setembro de 2010 – Sempre me doeu muito que houvesse modas e escritores na moda na literatura portuguesa e nas outras. E dói-me, fundamentalmente, porque alguns dos autores que amo verdadeiramente caem assim numa espécie de limbo, merecendo apenas a visita de alguns curiosos ou de estudiosos que lhes vão dar a mão e os recuperam para a actualidade.
Este apontamento começa de forma muito arredondada e não sei se conseguirei dizer ao que venho hoje. Sempre gostei muito de Miguel Torga e dos modos literários em que achou por bem exprimir-se. Nomeadamente o diário, que também cultivo de forma mais ou menos sistemática. E dói-me, de facto, que D. Miguel de S. Martinho de Anta, já não seja lido e devidamente apreciado como merece. Bem sei que é preciso dar o lugar aos mais novos e ao novo, mas tenho para comigo que há autores e obras que não envelhecem ou não deveriam envelhecer.
Num tempo em que certos valores como o trabalho, a coragem, a luta por um mundo melhor e a ética parecem ter caído em desuso, parece-me que Miguel Torga continua a ser um autor pertinente e que deveremos indicar aos nossos filhos e netos como um bom luso exemplo a seguir.
Escrevi luso exemplo. E exactamente em relação a um autor que afirmava que a sua pátria telúrica se estendia desta ponta ocidental do Atlântico até aos Pirinéus. Em Torga, e a escolha do pseudónimo não foi inocente, porque quis o poeta ficar conhecido pelo nome da raiz da urze, ou seja, aquela parte do arbusto que fica intimamente ligada à terra.
Este otorrinolaringologista que em criança trabalhou no Brasil e se fixou mais tarde na cidade onde o Mondego preguiçoso se espraia, verdadeiramente, saiu, e não saiu, de S. Martinho de Anta. É ali onde tem os seus penates que pega na enxada, calcorreia os campos e a raiz volta a ganhar força telúrica para trabalhar em Coimbra e percorrer Portugal e o mundo.
Neste autor, só nunca percebi, ou se calhar até percebi, a sua animosidade em relação a Cervantes e ao Quixote, mas estas já são contas de outro rosário.
Este apontamento começa de forma muito arredondada e não sei se conseguirei dizer ao que venho hoje. Sempre gostei muito de Miguel Torga e dos modos literários em que achou por bem exprimir-se. Nomeadamente o diário, que também cultivo de forma mais ou menos sistemática. E dói-me, de facto, que D. Miguel de S. Martinho de Anta, já não seja lido e devidamente apreciado como merece. Bem sei que é preciso dar o lugar aos mais novos e ao novo, mas tenho para comigo que há autores e obras que não envelhecem ou não deveriam envelhecer.
Num tempo em que certos valores como o trabalho, a coragem, a luta por um mundo melhor e a ética parecem ter caído em desuso, parece-me que Miguel Torga continua a ser um autor pertinente e que deveremos indicar aos nossos filhos e netos como um bom luso exemplo a seguir.
Escrevi luso exemplo. E exactamente em relação a um autor que afirmava que a sua pátria telúrica se estendia desta ponta ocidental do Atlântico até aos Pirinéus. Em Torga, e a escolha do pseudónimo não foi inocente, porque quis o poeta ficar conhecido pelo nome da raiz da urze, ou seja, aquela parte do arbusto que fica intimamente ligada à terra.
Este otorrinolaringologista que em criança trabalhou no Brasil e se fixou mais tarde na cidade onde o Mondego preguiçoso se espraia, verdadeiramente, saiu, e não saiu, de S. Martinho de Anta. É ali onde tem os seus penates que pega na enxada, calcorreia os campos e a raiz volta a ganhar força telúrica para trabalhar em Coimbra e percorrer Portugal e o mundo.
Neste autor, só nunca percebi, ou se calhar até percebi, a sua animosidade em relação a Cervantes e ao Quixote, mas estas já são contas de outro rosário.
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