segunda-feira, agosto 09, 2010

DO MEU DIÁRIO

Charneca da Cotovia, 8 de Agosto de 2010 – Acordei com o ribombar de trovões. Há muito tempo que não me acontecia acordar com música assim e confesso que não é agradável.
Outrora estas situações eram-me mais ou menos familiares e até lhes descobria alguma graça. Agora, que Santa Bárbara me perdoe, confesso que prefiro acordar com outros sons. Depois foi a forte chuvada, que havia de deixar tudo da cor do barro.
Apesar deste agitado despertar, o meu Agosto decorre placidamente.
Charneca da Cotovia, 8 de Agosto de 2010 – Realizou-se hoje o funeral de António Dias Lourenço, antigo operário fabril, ex-director do jornal “Avante”, ex-dirigente do PCP. Morreu aos 95 anos de idade.

Da sua longa vida outros saberão falar melhor do que eu. No entanto, será bom lembrar que 17 foram vividos nas prisões de Oliveira Salazar. Nunca vacilou. Nunca traiu. Nunca voltou a cara à luta pela democracia.

Foi amigo de romancistas e poetas. Até por isso, Dias Lourenço terá sido lembrado por trabalhadores da palavra. Este homem merece um poema.

Charneca da Cotovia (9H00), 9 de Agosto de 2010 – Levantei-me cedo e não foi para ir a casa do meu médico "Hermogène", ainda que bem precisasse. Mas adiante que se faz tarde.

O dia está risonho e aproveitei para dar um passeio a pé, que as férias estão a ser muito sedentárias e com alguns abusos alimentares. Gosto de respirar no pinhal, dentro deste condomínio fechado que é o parque de campismo Valbom, onde posso ainda, com toda a tranquilidade, ver como os campistas são criativos.

Este campismo de casinha, com águas quentes e frias e cozinha, já pouco terá a ver com o campismo tradicional. É mesmo condomínio fechado de classe média, onde às vezes se intrometem alguns estranhos com hábitos menos ortodoxos. Barulhentos, às vezes. Dados a algazarras. Com língua muito livre.

O pior, no entanto, é mesmo o medo que sinto perante a queda iminente de uma pinha que me possa dar cabo da cabeça.

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