quinta-feira, setembro 10, 2009

DO MEU DIÁRIO

Santa Iria de Azóia, 10 de Setembro de 2009 – Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, e Manuela Ferreira Leite, presidente do PPD/PSD, tiveram ontem o seu debate, da série acordada entre todos e após as fitas que o PS fez para os aceitar. De um modo geral, os comentadores e fazedores de notícias reconheceram que Jerónimo foi melhor do que Manuela.
Com grande mágoa minha, não pude assistir a este último debate, embora as espectativas fossem muito baixas, atendendo ao modelo de sociedade defendido por cada um destes contendores. No entanto, sempre esperava que Jerónimo responsabilizasse o PSD e Manuela Ferreira Leite pelas políticas que levaram a cabo, quando tiveram o privilégio de exercer o poder.

O que eu não esperava era que Jerónimo tivesse dito aquelas coisas acerca da democracia de Jardim, no reino da Madeira. Se não queria controvérsias, bastava-lhe dizer que não tinha tido nenhuma experiência pessoal desagradável, mas se têm dito tantas coisas, é porque nem tudo corre pelo melhor, no plano democrático.

Eu percebo que Jerónimo pretenda imprimir uma marca de moderação, na tentativa de criar as condições para que os “media” deixem de olhar de esguelha para o PCP. Eu percebo que Jerónimo queira romper com aquela ideia de rigidez que há em relação ao PCP. Eu percebo que Jerónimo, definitivamente, queira demonstrar que não somos um partido radical. Vamos ver o que vai acontecer no dia 27. Para contentamento meu, dos meus camaradas e do próprio secretário-geral, era bom que a CDU saísse fortemente reforçada. Porque a CDU e o PCP merecem esse reforço, pelo esforço que fizeram ao longo de toda a legislatura. Vamos ver se a moderação e a forma civilizadíssima como Jerónimo debateu com todos os restantes adversários, merece a preferência de uma fatia maior do eleitorado.

Aguardemos com a serenidade de sempre.

1 comentário:

João de Sousa Teixeira disse...

Além do mais o nosso camarada Jerónimo gosta deste poema do Neruda:
Posso escrever os versos mais tristes esta noite
Escrever por exemplo: A noite está fria e tiritam, azuis, os astros à distância
Gira o vento da noite pelo céu e canta

Posso escrever os versos mais tristes esta noite
Eu a quis, e por vezes ela também me quis
Em noites como esta eu a tive em meus braços
Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito

Ela me quis, às vezes eu também a queria
Como não ter amado seus grandes olhos fixos?

Posso escrever os versos mais lindos esta noite
Pensar que não a tenho. Sentir que já a perdi
Ouvir a noite imensa, mais profunda sem ela
E cai o verso na alma como orvalho no trigo
Que importa se não pode o meu amor guardá-la?

A noite está estrelada e ela não está comigo

Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe.
Minha alma se exaspera por havê-la perdido
Para tê-la mais perto meu olhar a procura
Meu coração a procura, e ela não está comigo

A mesma noite faz brancas as mesmas árvores

Nós, os de então, já não somos os mesmos
Já não a quero, é verdade, mas quanto a quis
A minha voz no vento ia tocar-lhe o ouvido
De outro. Será de outro Como antes de meus beijos
Sua voz, seu corpo claro. Seus olhos infinitos

Já não a quero, é verdade, mas talveza quero
É tão curto o amor, e tão longo o esquecimento

Porque em noites como esta eu a tive em meus braços
Minha alma se exaspera por havê-la perdido
Ainda que esta seja a última dor que ela me cause
E estes, os últimos versos que lhe escrevo.

Abraço
João