domingo, maio 29, 2011

DO MEU DIÁRIO

Santa Iria de Azóia, 29 de Maio de 2011 – A campanha eleitoral vai decorrendo desinteressante, com os candidatos a correr os distritos respectivos e os presidentes e secretários-gerais a percorrer o país inteiro, numa azáfama tal que poderiam ir todos de férias depois da campanha.


Só neste rectângulo de ângulos obtusos é que os debates entre candidatos se efectuam antes da campanha. Acontecessem agora os debates e tudo seria mais útil e interessante. Sabe-se agora que não há só uma versão do documento assinado com a troika – o dr. Portas diz triunvirato, não se sabendo quem vai ser Crasso e sabendo-se que nenhum deles terá a grandeza de Júlio César -; sabe-se também que o dr. Coelho não é capaz de perceber à primeira e de responder de forma elegante a uma rapariga que lhe falou de novas oportunidades; sabe-se agora que Sócrates não tem uma só ideia para o futuro do país para além das dos triúnviros e que os restantes assinantes do famigerado documento também não. Têm pois os portugueses razões para não votar nesta gente, que, de uma forma ou outra, tem responsabilidades no estado lamentável a que chegámos.


Percebe-se também que há medos instalados e acordos ditos de cavalheiros, que bem podiam ter outro nome, porque há assuntos que ninguém discute e responsabilidades que ninguém ousa atribuir. Porquê? Há silêncios a mais na sociedade portuguesa e direitos mais ou menos obscenos, que em tudo se parecem com a celebérrima “omertà”. Não foram só os banqueiros que beneficiaram com a crise e que delapidaram as finanças públicas. Outros beneficiaram - o leque seria enorme -, nomeadamente, do “forró” do consumismo e vêm agora que nem virgens imaculadas falar de responsabilidades. Até parece que os únicos responsáveis são os paus-mandados dos políticos que propiciaram as coisas.


Em Portugal, dizia um amigo meu há muitos anos, não há adversários. Somos todos compadres. E, no momento que passa, começo a dar razão ao Eduardo Berjano.

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