quinta-feira, abril 09, 2009

DO MEU DIÁRIO

Lisboa, 8 de Abril de2008 – O meu pai, que nos deixou recentemente, percorreu, de bicicleta, as estradas dos conelhos de Castelo Branco e Idanha-a-Nova, para trabalhar na capital da Beira Baixa, Monforte da Beira, Ladoeiro, Zebreira, Alcafozes, Salvaterra do Extremo e muitas outras localidades que agora não me ocorrem. Não era um pedreiro ambulante, mas lutava pela vida, tentando ganhar sempre mais para fazer face à vida.

Lembro-me perfeitamente daquele homem pequeno e franzino, que partia às segundas-feiras, para voltar aos sábados à tarde – uns sim, outros não -, pedalando na sua velha pasteleira. Lembro-me de ir esperar o meu pai às Areínhas, sim, no sítio onde se corta para as granjas, que Maria João Pires celebrizou com o nome de Belgais, esperando sempre por um carinho e pelos inevitáveis chocolates espanhóis, que meu pai trazia, vindos de Zarza la Mayor. E caramelos muitos, também. E ceregumil para abrir o apetite, que, mais tarde, havia de ser devorador.

São estas memórias, e só estas, que fazem de nós seres únicos. Eu nunca agradeci devidamente estes pequenos gestos a meu pai, mas eu sei que ele sabia que eu nunca me esquecera dos seus inúmeros sacrifícios para me proporcionar alegria e felicidade. É por tudo isso que, quando o recordo, me surpreende uma lágrima comovida. Diariamente, ainda!

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