terça-feira, dezembro 23, 2008

EM TEMPO DE NATAL

MEMÓRIA

Republicação

Nas manhãs de Junho,
quando o sol tudo doirava,
a nossa casa era também
a sombra da oliveira
do outro lado da rua.

Guardo memória, mãe!,
da nossa rua térrea
e vejo-te jovem
algodão dobando
à sombra da oliveira
do outro lado da rua.

Nas manhãs de Junho,
quando o trigo amadurecia
e eu brincava brincava
à sombra da oliveira
do outro lado da rua.

Fazia-te mil perguntas
- mil ou muitas mais -
e tu respondias sem enfado
à sombra da oliveira
do outro lado da rua.

E eu era feliz
e tu eras feliz, mãe!,
à sombra da oliveira
do outro lado da rua.

Do outro lado da rua
à sombra da oliveira.


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