sexta-feira, abril 04, 2008

DO MEU DIÁRIO

Santa Iria de Azóia, 3 de Abril de 2008 – Por razões de natureza profissional não posso fazer o que me dá na real gana. E porque preciso de massa para comprar os melões, tenho de me ir acocorando. Eu explico clarinho: dia 9 de Junho completarei 56 anos de idade, já cumpri 35 anos de trabalho, na Função Pública, e estou abrangido por um regime de incompatibilidades, que me cerceia algumas liberdades. Nomeadamente, a de poder exercer uma actividade por conta própria, nos meus tempos livres, sem a devida autorização Superior.

Eu não queria fazer nada do outro mundo. Queria apenas editar alguns poetas e outros artistas das palavras, coisa de pouco peso em termos económicos, porque editar poetas e poetas em início de carreira ou em quem os editores já abancados não apostaram, não é actividade lucrativa. Luiz Pacheco, que andou uma vida às voltas com editoras e livros, passou os últimos anos num lar e viu-se à brocha para ir pagando os miseráveis mil euros mensais. Pronto, tá bem, eu sei que Luiz Pacheco não serve de paradigma.

Eu não queria enriquecer, porque com esta idade, só se tivesse o talento do consagrado José de Sousa ou do Dr. Lobo Antunes ou me saísse o euro milhões. Aqui entre nós, que ninguém nos ouve, eu só queria – e era para já – editar os últimos cinquenta textos do poeta Daniel Abrunheiro. Ou os cinquenta anteriores aos últimos cinquenta. 500 exemplares para vender numa espécie de porta-a-porta. Se ele autorizasse e chegássemos a um acordo, claro!




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