No verão,
Quando o sol
Incendiava os dias,
Era à sombra
Da figueira branca,
Junto ao poço,
Que a nossa família
Se acolhia.
Pacientemente,
Meu avô
Descascava então
Figos de piteira
Que eu comia.
Saciada a sede
E distribuído o pão,
Muito feliz,
Minha avó dizia:
- Abençoado seja o verão!...
6 comentários:
Passei por aqui, à deriva, como sempre.
Dás-me um figo, Manel?
(Abençoado sejas!)
Meu caro João,
Nunca mais voltei a comer figos ditos da Índia como os descascados pelo meu avô paterno. Manuel Barata de seu nome completo.
Lá na tapada, que é uma pequena propriedade com três poços e um furo herteziano, já não existe a figueira branca. Tão-pouco as piteitas. A propriedade ainda é dos meus pais.
É do catano. Continuo a ver por ali o meu bisavô, o meu avô e não meu pai. O será que tendemos a preencher os espaços com os nossos mortos mais queridos?
Eu dava-te uma cesta de figos. Ainda te hei-de contar uma história com figos, que tem como personagem o pai do Zé Maria.
Abraço,
Manuel
Olà manuel, este é um dos mais lindos poemas que aqui li.
Gostava de lhe dar os figos da piteira que vi ainda hà pouco no mercado.
Eu comia dos outros, de manha, com pao e manteiga. A minha avo também gostava tanto!
Os nossos queridos mortos sao de boa companhia, é como se a tristeza nos sorrisse e generosamente eles voltam por instantes.
Isso é uma dadiva, saber convocà-los, nunca mais estamos sos.
Beijos de Paris, LM
Manuel, os figos, a infância, sempre a infância...
Bonito poema!
Meu caro João Teixeira,
É evidente que o senhor ARTOIS me daria tanganhada até mais não.E desta merecia-a.
Não relêem o que escrevem e depois ...trapalhada.
Obrigado e aqui fica a correcção. Onde se lê herteziano, deve ler-se artesiano.
E já agora, leva lá a história do pai do Zé Maria:
O ti Manuel Benedito trazia às costas uma cesta de vime cheia de figos e encontrou-se com o pai do Zé Maria e o diálogo foi o seguinte.
Manuel Benedito - Ó Manel queres um figo?
Manuel Caixote(pai do Zé Maria) - Quero pois.
Manuel Benedito poisa a cesta e o pai do Zé Maria começa a comer figos. É então que Manuel Benedito diz:
- O melhor é escolheres, que os figos são para os porcos.
Manuel Caixote:
- Escolher para quê. Eu vou comer os figos todos.
Agora que dizes isso, Manel, penso
quantos papossecos terei eu comido
daquelas mãozinhas...
Um abraço
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