Santa Iria de Azóia, 19 de Novembro de 2000 - Saramago foi, indiscutivelmente, o aniversariante da semana passada. Com a provecta idade de setenta e oito anos, o Nobel no papo, saúde e uma vasta audiência por esse país fora e também no estrangeiro, o autor de A Caverna dá-se ao luxo de ir dizendo aos seus contemporâneos o que pensa acerca das mais diversas matérias, nas rádios, nas televisões e nos jornais.
Li os primeiros capítulos de A Caverna , que comecei depois de não entres tão depressa nessa noite escura do seu arqui-rival Lobo Antunes e que já ganhou a primazia. Não apresenta quaisquer novidades formais. Dir-se-ia que todos os processos tecnico-narrativos são repetidos, nomeadamente aquele narrador intrometido, que o autor quer confundido consigo mesmo. As anacronias são mais do que muitas e constituem uma marca desse narrador omnisciente, que repete de quando em vez “como mais tarde se verá” e outras expressões equivalentes.
Não sei se Marta terá a força de Lídia e de outras personagens femininas saramaguianas. Estou na fase em que a jovem mulher aconselha o pai a reconverter a produção da olaria, problema de ontem, de hoje e de àmanhã, passando dos barros utilitários aos bonecos decorativos. Quanto ao cão Achado, bem achado acho o nome. Decidido que está na obra que um homem só se torna velho depois dos oitenta anos, direi para rematar que a prosa de José de Sousa, como gosta de lhe chamar o Fernando Grade, continua sã e escorreita.
POST SCRIPTUM I - Desde Outubro de 1998 que não escrevia uma linha sobre Saramago e a sua obra. E no entanto, qual guru, sempre acreditei e sustentei que o Nobel lhe seria atribuído.
Porém, não deixei de o ler e estudar com os meus alunos.
1 comentário:
Confesso-lhe que tentei ler e não consigo terminar. Nunca consigo terminar.
Problema meu, com toda a certeza.
Mais do que assumido.
Mas é assim que se faz o mundo não é? Senão as livrarias não venderiam vários autores.
Não gosto.
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