Cheguei numa manhã de Junho, segunda-feira, e já o sol ia alto. Chovia. Esperavam-me, ansiosas, minha mãe e minha avó paterna.
Cheguei, pois, em dia de sapateiro, como se dizia na aldeia.
Cheguei gato-esfolado, contaram-me mais tarde; todavia, com muita vontade de me fazer à vida.
Ao contrário de Daniel Abrunheiro, que daqui quero saudar fraternalmente, eu não cheguei atrasado. Cheguei a tempo, muito a tempo, para da vida ir colhendo múltiplas alegrias e tristezas, que ela é temperada com umas e outras.
Cheguei a tempo de conhecer um país pequenino, que os próceres do regime, dirigido pelo beirão de Santa Comba, estendiam da parte mais ocidental da Europa até Timor. Era um Portugal miserável, triste e sem humor, do qual herdei esta perseverante e amarga ironia.
Cheguei a tempo de conhecer o exílio e de saber quão amargo é viver longe da pátria, mesmo quando o afastamento resulta de uma decisão livre ou ditado pelo amor à liberdade; ou ainda, quando pela pátria nos é imposto. Oh, como eu compreendo o imortal Ovídio!
Cheguei a tempo de ajudar à festa e da festa me embriagar e da ressaca, que ainda vai teimosamente perdurando, apesar do vinho bebido não ter sido muito e nem sempre ser da melhor qualidade. Se preciso fosse repetir tudo de novo, tudo de novo repetiria ( Por favor, não me macem com os pleonasmos)!
E por cá vou andando, com a pele às costas, nada reclamando do amor e dos amigos. Da pátria sim, reclamo, porque sempre a quis mais livre e mais fraterna!
Cheguei, pois, em dia de sapateiro, como se dizia na aldeia.
Cheguei gato-esfolado, contaram-me mais tarde; todavia, com muita vontade de me fazer à vida.
Ao contrário de Daniel Abrunheiro, que daqui quero saudar fraternalmente, eu não cheguei atrasado. Cheguei a tempo, muito a tempo, para da vida ir colhendo múltiplas alegrias e tristezas, que ela é temperada com umas e outras.
Cheguei a tempo de conhecer um país pequenino, que os próceres do regime, dirigido pelo beirão de Santa Comba, estendiam da parte mais ocidental da Europa até Timor. Era um Portugal miserável, triste e sem humor, do qual herdei esta perseverante e amarga ironia.
Cheguei a tempo de conhecer o exílio e de saber quão amargo é viver longe da pátria, mesmo quando o afastamento resulta de uma decisão livre ou ditado pelo amor à liberdade; ou ainda, quando pela pátria nos é imposto. Oh, como eu compreendo o imortal Ovídio!
Cheguei a tempo de ajudar à festa e da festa me embriagar e da ressaca, que ainda vai teimosamente perdurando, apesar do vinho bebido não ter sido muito e nem sempre ser da melhor qualidade. Se preciso fosse repetir tudo de novo, tudo de novo repetiria ( Por favor, não me macem com os pleonasmos)!
E por cá vou andando, com a pele às costas, nada reclamando do amor e dos amigos. Da pátria sim, reclamo, porque sempre a quis mais livre e mais fraterna!
7 comentários:
Manel,
Não é da pátria que tu reclamas...creio eu!...
E o mundo ficou mais rico.
Bonita autobiagrafia, breve.
Abraço
peço desculpa pelo erro, desculpo-me com as horas tardias;)
É o chamado "lapsus calami". Este deixa-se seguir e não é preciso corrigir. Destes erros se faz também a escrita da vida.
És um homem bom, Manel: um homem bom.
porque é a escrita que nos sai mais perto do coração. Acontece ... a quem o tem perto da boca, neste caso das teclas.
Um dia excelente Manuel!
A Gertrud Stein dizia uma coisa muito certa: " Nao é o que Paris me dà que me faz ficar, é aquilo que ele nao me tira".
Faço minhas as palavras desta artista.
Sempre que volto " a casa", ao pais
( nao tenho acentos agudos ...)
nao me façam anàlises Freudiennes...please...tiram-me coisas das quais eu nao me quero apartar. Por isso volto ao exilio e é ai que vivo, sem pena ou atritos.
Gosto do seu texto manuel, jà estou de volta...a rose is a rose is a rose!
LM, paris
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