domingo, abril 02, 2006

O PODER E OS CARNEIROS

O exercício do poder, mesmo quando há votos de quatro em quatro anos, empresta aos que o detêm tiques de autoritarismo. Para não lhe chamar outra coisa, que é outra coisa os tiques de alguns dos políticos de turno.
Subitamente, gente perdulária, que nunca se eximiu a gastar do erário público, mais papista que o papa, fala do dinheiro do contribuinte com tal pudor, que todos sentimos vontade de gastar menos, com pena do tal contribuinte.
É evidente que este discurso é pura falácia. Se a vontade de poupar e gastar com parcimónia fosse genuína, não se nomeariam amigos e compadres para os lugares melhor renumerados. O dinheiro do contribuinte serve para o que serve e agora está na moda exigir que o Estado encolha e gaste menos. Fazedores de opinião de meia tijela lá vão envenenando a opinião público, muito certinhos e obedientes atrás do pastor Panurgo.
Só que isto, mais tarde ou mais cedo, há-de bater a outras portas e a outras e a outras ainda. E certamente à dos carneiros do pastor Panurgo, que, enlouquecidos, se hão-de suicidar atirando-se das ravinas.
O que eles não dizem, porque mentem sem pudor, é que há efectivamente outros caminhos. E se os não houvesse, era dever de todos procurá-los. O modelo social europeu, com defeitos e virtudes, foi e é um dos mais importantes contributos civilizacionais da Europa, nos últimos séculos. É esse traço distintivo da Europa que estãp impudicamente apagando!

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