Santa Iria de Azóia, 26 de Julho de 2012 – A vida, canta Sérgio Godinho, é feita de pequenos nadas. Falo das vidas comuns como a minha e a da esmagadora maioria dos portugueses. E quem diz de pequenos nadas, também poderia dizer de pequenos gestos. Eu creio que é nos pequenos gestos que os homens se vão distinguindo uns dos outros.
Há dias, na FNAC do Vasco da Gama, uma funcionária atendeu o meu filho, sem um sorriso, ainda que com eficácia e correcção. Paga a conta, o João sorriu-lhe, deu-lhe de novo os bons dias e desejou-lhe a continuação de um bom dia de trabalho. Comentou uns metros mais à frente, que, talvez assim, ela pudesse sorrir a outras pessoas e não ser apenas uma vendedora eficaz e correcta.
Há dias, um amigo meu agradeceu-me um gesto banal, um gesto que pratico desde sempre e com muito prazer. E em bom rigor, o gesto nem lhe era directamente dirigido. Disse ao meu amigo que a generosidade, por enquanto, ainda é gratuita. No fundo, ser capaz de dar espaço e visibilidade aos outros, nomeadamente àqueles de quem gostamos, não custa dinheiro e pode emprestar aos dias e às vidas cores mais sadias.
Não sei se consegui o objectivo a que propus quando comecei a teclar este texto. Se consegui falar claro de pequenos nadas, nomeadamente, de generosidade, falei do maior défice da sociedade portuguesa. Algo que, infelizmente, não se compra ou vende no supermercado.
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