terça-feira, julho 17, 2012

DO MEU DIÁRIO

Portugal, um país crepuscular

Santa Iria de Azóia, 17 de Julho de 2012 – Segundo o que ouvi na Antena 1 da RDP, apenas 29% das empresas pagaram impostos sobre lucros (IRC), relativamente ao exercício de 2011. Que terá sido o pior ano, disse o comentador para assuntos económicos, para quem a crise não explica tudo.

Na verdade, o referido comentador disse que a relação nunca foi muito diferente, ou seja, só uma em cada três empresas é que paga imposto sobre lucros, ou seja, o chamado IRC. È assim, efectivamente, há muitos muitos anos e nem o celebérrimo gestor Paulo de Macedo pôs cobro a tal situação.

Dizia o comentador que algo não está bem, porque não sabe como poderiam os sócios e os administradores das empresas suportar prejuízos permanentes. Eu também não. Sei e não é preciso ir a Delfos perguntar as razões pelas quais há tantas empresas em Portugal a dar prejuízo. Dão prejuízos porque a fraude e a evasão fiscais são muito grandes. Sabe-se que a economia informal vale hoje mais de 25% do PIB.

E a tendência é para a fraude e a evasão serem ainda maiores, tendo em conta as altas taxas do IVA. Se se pensar que uma conta de 500 euros de uma prestação de serviços será acrescida de 115 euros de imposto, perceber-se-á de imediato que quem desembolsa prefere pagar 500 e não 615 euros.

O fenómeno é transversal a toda a sociedade. E venha de lá o mais pintado dizer que nunca deixou de pagar tudo o que deveria. Houvesse vontade política de combater a fraude e através da carga fiscal proceder a uma redistribuição equitativa da riqueza nacional e outro galo cantaria.

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