domingo, setembro 11, 2011

DO MEU DIÁRIO

Santa Iria de Azóia, 11 de Setembro de 2011 – A humanidade comemora hoje o décimo aniversário do derrube das torres gémeas, em Nova Iorque, onde perderam a vida quase três mil pessoas. A humanidade, e bem, comemora hoje um selvático atentado, que demonstrou quão perigosa é a besta humana. Para as vítimas e para os seus entes queridos vai, misturada com lágrimas, a minha comoção mais profunda.
Mas queria, aqui e agora, recordar outro 11 de Setembro. O de 1972, ocorrido no Chile, que teve menos espectacularidade, mas que fez cerca de trinta mil mortos e outras incontáveis vítimas. Entre os mortos houve de tudo: artistas, operários, intelectuais. Gente que livremente elegeu um presidente, que os EUA sempre abominaram e cujo sangrento derrubo apoiaram material e diplomaticamente.
Espanta-me, pois, que a humanidade que hoje comemora, e bem, os actos terroristas de 2001, se esqueça daquele outro 11 de Setembro de 1972, que ceifou dezenas de milhar de mortos e outras incontáveis vítimas, como se o valor de uma vida humana possa valer mais aqui do que algures. Uma vida humana deve valer o mesmo nos EUA e na Cochinchina.
A democracia e a liberdade são duas senhoras de costas largas que têm permitido o tudo e o nada. E enquanto houver dois pesos e duas medidas, o mundo estará sempre mais à mercê do terrorismo. As lágrimas dos mártires chilenos eram tão salgadas como as dos mártires das torres gémeas.
Para todos os mártires dos 11 de Setembro, para todos sem excepção, vai o meu mais profundo respeito e a minha mais profunda comoção.

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