sexta-feira, setembro 09, 2011

DA AMIZADE E DOS AMIGOS



Até muito tarde, quando perdia um amigo, barricava-me no meu labirinto e vivia então momentos de verdadeira expiação e melancolia.




Aprendi mais tarde – e só eu sei quão dura e longa foi essa aprendizagem! –, que as amizades podem ser duradoiras ou efémeras como as restantes coisas e sentimentos.




Ao contrário de Narciso, só muito tarde aprendi a gostar de mim. Embriagado com os problemas dos homens e do mundo, sempre em movimento, fui também, até muito tarde, um território em permanente guerra civil, sem tempo e sem espaço para grandes congeminações.
E não há qualquer contradição entre os tempos de expiação e melancolia e os tempos de guerra civil.



Assinado o armistício, reconciliado comigo e com o mundo, encontrei tempo e espaço para pensar e amar (-me). Para descobrir, finalmente, que as amizades podem ser duradoiras ou efémeras como as restantes coisas e sentimentos.


In FRAGMENTOS COM POESIA, Ulmeiro, Lx. 2005

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