segunda-feira, junho 07, 2010

JUNHO

Nas manhãs de Junho,
Quando o sol tudo doirava,
A nossa casa era também
A sombra da oliveira
Do outro lado da rua.

Guardo memória, mãe!,
Da nossa rua térrea
E vejo-te jovem
Algodão dobando
À sombra da oliveira
Do outro lado da rua.

Nas manhãs de Junho,
Quando o trigo amadurecia
E eu brincava, brincava
À sombra da oliveira
Do outro lado da rua.

Fazia-te mil perguntas
- Mil ou muitas mais – ,
E tu respondias sem enfado
À sombra da oliveira
Do outro lado da rua.

E eu era feliz
E tu eras feliz, mãe!
À sombra da oliveira
Do outro lado da rua.

Do outro lado da rua
À sombra da oliveira.

Manuel Barata, Fragmentária Mente. ed. Alecrim, 2009.






2 comentários:

Filoxera disse...

E agora há que continuar a ser feliz.
E a ter espírito para comemorara aniversários...
:-)
Um beijinho.

Manuel da Mata disse...

Sabe, Filo, a nossa vida tem destas coisas. E a infância é sempre a nossa idade "de" oiro.
Beijinho