sexta-feira, junho 18, 2010

DO MEU DIÁRIO


Santa Iria de Azóia, 18 de Junho de 2010 – Soube do desaparecimento de Saramago, há cerca de uma hora, num serviço de finanças. E através de um leitor de Saramago que, teve a coragem de me dizer, não apreciava como pessoa. Lá aproveitei para dizer que não era importante gostar-se de Saramago como pessoa, porque importante era o seu legado literário.

Cheguei a casa e o meu filho, que hoje fora a Mafra para visitar o convento, disse-me imediatamente que até parecia ironia ter ido a visitar o convento por causa do Memorial e o nosso Saramago ter morrido. O possessivo é dele, mas é evidente que também é meu, porque sou velho leitor de Saramago e previ no início dos anos noventa, neste já longo Diário, a atribuição do Nobel ao autor de Levantado do Chão.

A obra de José Saramago, a quem o meu amigo Fernando Grade chamava José de Sousa, ficará a perdurar, múltipla, pelo tempo fora, nomeadamente a romanesca, porque escreveu, no mínimo três ou quatro grandes romances, a saber e pela ordem das minhas preferências: Levantado do Chão, Memorial do Convento, O Ano da Morte de Ricardo Reis.

Neste nota mais ou menos de circunstância, quero aqui deixar o nome de algumas das personagens de Saramago, que são a garantia de que vai vencer o esquecimento durante muitos anos: João Mau Tempo, Blimunda, Baltazar, Cipriano e Marta Algor, Marcenda, Lídia, Ricardo Reis, etc.

Quanto a Saramago cidadão, diga-se aqui e para que conste que soube estar ao lado daqueles que mais necessitavam das suas posições corajosas. Os Chiapas e os palestinos perderam hoje um amigo de peso.

Sem comentários: