segunda-feira, julho 06, 2009

DO MEU DIÁRIO

Santa Iria de Azóia, 5 de Julho de 2009 – Quem viajar de Strasbourg para Frankfurt, e às coisas da agricultura quiser dar relevo, não poderá fugir das inevitáveis comparações. Adiante!

Num percurso de duas horas e meia por auto-estrada, o viajante há-de ver sucessivas plantações de milho, trigo, batata, beterraba e vinha; vinha, beterraba, batata, trigo e milho; milho, trigo, batata, beterraba e vinha. E isto de um e outro lado da fronteira franco alemã. É certo que a água é abundante e a terra adequada para aquelas culturas, mas as condições climatéricas e os solos não explicam tudo. Valorize-se, pois, a capacidade de realização dos povos francês e alemão.

Bem pode o senhor Jaime Silva fazer de ministro da agricultura deste rectângulo à beira mar. Bem pode a oposição reclamar por medidas e subsídios. Portugal precisa, antes de mais, de emparcelamento e de explorações de média e grande dimensões, porque só assim a agricultura poderá ser competitiva. Em nome do futuro, e de alguma independência alimentar, há que pensar e repensar o modo de poduzir, neste cantinho onde cresce a urze e o rosmaninho, mas também a giestra e a esteva. Aqui onde tudo parece caminhar para a desertificação.

É evidente que não temos a benção do Reno, que desde a Suiça até ao Mar, em Roterdão, é uma riqueza incomensurável para a Alemanha. E também para a Suiça, a França e a Holanda. Mas temos o vale do Tejo e também o Alqueva, que, com estudo e querer, podiam fazer de Portugal um país diferente. Agricolamente falando, como é óbvio!

Mas aqui continua a pensar-se que o nosso destino é o mar, que procuramos, pressurosos, em busca das frescas brisas e do calor lorpa dos areais. É que em Portugal, quando se sai, é com a febre de ir à praia, no Brasil, em Cuba ou no México. Cá sai-se da praia para ir à praia.


1 comentário:

João de Sousa Teixeira disse...

Há quem vá, há quem vá, Manel. Olha o Pinho já foi...