quinta-feira, julho 17, 2008

DO MEU DIÁRIO

Santa Iria de Azóia, 17 de Julho de 2008Por obra e graça de declarações de Vítor Constâncio, constante governador do Banco de Portugal, foi abalada a proverbial acalmia lusitana. É certo que houve 1383-1385, o nosso século de oiro, 1640, 1820 e a Guerra Civil subsequente, que correu de feição aos liberais de então, 1910, e, finalmente, 1974; porém, passado o bruá que as revoluções por cá provocam, constata-se que o nosso povo é efectivamente de costumes brandos e pouco dado a rupturas violentas. E as chamadas elites, rapaces, acabam sempre por se apropriar do pouco que o país produz e tem.

Omito propositadamente 1926 e outras datas trágicas, como foi, sem quaisquer dúvidas, o dia 23 de Maio de 1536 – o dia da concessão da Bula que criou a Inquisição, em Portugal. Omito, portanto, alguns dos marcos mais ignominiosos da nossa História colectiva, que só serviriam para demonstrar como a nossa gente aceitou abjectas servidões.

É muito da mentalidade portuguesa os pais dizerem aos filhos:”tem juizinho, não te metas em avarias; vê lá, não dês cabo da tua vida”. Não conheço pais que tenham dito: “filho, nunca te submetas aos tiranos; não tenhas medo de enfrentar os poderosos e as injustiças; nunca aceites viver de cócoras”. É evidente que haverá excepções, mas encontrá-las-emos, seguramente, ao nível das elites. O povo, que os românticos e os partidos revolucionários do séc. XX mitificaram, evita, sempre que pode, a confusão.

Não quer isto dizer que, perante certas situações limite, o povo não adira a determinadas formas de luta, incluindo, naturalmente, as violentas. Eu venho dizendo, de há vários anos a esta parte, que tudo se vai decidir de novo na rua. E há-de ser a nível europeu, como notava, recentemente, Odete Santos, num programa de televisão. E bem podem ir construindo os seus castelinhos modernos – os chamados condomínios fechados –, com segurança privada e outras coisas de mentalidade medieval, que um dia as ruas voltarão encher-se e os audazes e valentões, que tudo controlam e dominam, perante as multidões ululantes, hão-de fazer de novo nas calças.

1 comentário:

João de Sousa Teixeira disse...

Bom dia, Manel
Bem, eu agora não posso falar assim, pelo menos até o meu assunto estar resolvido e não me dava jeito este mês... Sabes porquê? Como não podia derrotá-los, juntei-me a eles: vou ser funcionário na CM...
Claro que estou a brincar, mas vou para a CM, isso é verdade.
Abraço
João Anónimo Teixeira