Republicação
Santa Iria de Azóia, 16 de Outubro de 2005 - O senhor Presidente da República tomou posição, recentemente, sobre a problemática da corrupção, que é, a fazer fé no que se diz, uma praga nacional. É estranho, todavia, que o tenha feito apenas na recta final do seu segundo mandato, ou seja, quando a Constituição o impede de se recandidatar. Receio que daqui a dez anos, outro Presidente esteja a fazer o mesmíssimo discurso em relação ao tema.
É sabido que o Presidente é um homem seriíssimo. Sabemos até que se indigna muito quando alguém faz insinuações a seu respeito. Mas sabemos igualmente que o Presidente não governa o país, quer a nível central, quer a nível municipal. Quando muito, poderá exercer a já conhecidíssima magistratura de influência.
Desconheço a totalidade da comunicação presidencial sobre o tema da corrupção. Para além dos corruptos e corruptores e da trapalhada da corrupção activa e passiva, há todo um mundo de perguntas e respostas, a que não se pode fugir. Aqui deixo algumas. Por que razão a corrupção passiva é mais penalizada que a corrupção activa? Na relação custo/proveito, quem mais beneficia com a corrupção? Que estranhas razões conduzem os corruptores ao silêncio? Sabendo-se o que se sabe do problema, que estranhas razões impedem um combate continuado e sem quartel ao flagelo?
Seria importante saber, igualmente, se só é corrupção o recebimento de vantagens pecuniarias ou outras de natureza patrimonial. Quer-me parecer que há corrupção e da grossa, ora no preenchimento de lugares no aparelho e Estado e nas EP, ora nos lugares de topo das empresas de maior nomeada. Quem estiver atento, basta ler os apelidos nos jornais e nas televisões, para topar que há muitas mãozinhas a influenciar as escolhas. Ás vezes até parece que os filhos de certas famílias são sempre mais dotados que os de outras famílias portuguesas. Ás vezes até parece que a República virou Monarquia.
Era bom que o senhor Presidente, ainda antes de ir repousar, pudesse falar deste tormentoso problema nacional. Aqui fica um tema: " Empregos e Corrupção".
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