quarta-feira, fevereiro 06, 2008

ANTÓNIO VIEIRA (DO MEU DIÁRIO)

Santa Iria de Azóia, 6 de Fevereiro de 2008 - Comemora-se hoje o quarto centenário do nascimento de António Vieira, que foi homem de múltiplas aptidões e de saberes diversificados. Merece referência especial a sua obra literária, e em especial os seus sermões, que o tornaram um paradigma da literatura portuguesa e um mestre ímpar na arte de bem escrever.

O meu primeiro contacto com Vieira foi através do livro da 4ª classe e de um texto chamado “Estatuária”. Com onze anos, descobria no “livro único”, um naco de prosa de extraordinária beleza, que decorei sem qualquer enfado e que me acompanhou pela vida fora. Perdi o livro, mas preservei a figura do escultor, na sua relação com a pedra informe, que também podia ser a do homem da escrita, na sua quotidiana luta com as palavras.

Mais tarde havia de estudar Vieira a fundo. E posteriormente, ensinei alguns dos seus sermões. Era-me particularmente grato ler e explicar o “Sermão de Santo António”, que me permitia uma leitura mais actualizante. Pressenti, muitas vezes, os alunos incomodados, porque, afinal de contas, o manancial de exemplos de Vieira, tinha plena actualidade. E sentia-me feliz, porque o sermão deve incomodar, como ensina Vieira no “Sermão da Sexagésima”.

Quero invocar, aqui, em tempo de homenagens e celebrações, o nome de Margarida Vieira Mendes, que dedicou uma parte significativa da sua curta vida ao estudo da obra de António Vieira. Por irónico que pareça, Margarida partiu num fim-de-semana de Carnaval. Está a fazer anos.

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