quarta-feira, setembro 12, 2007

DO MEU DIÁRIO

Santa Iria de Azóia, 23 de Setembro de 2000 - A ETA voltou a matar. Em Barcelona, a última vez. Por toda a Magna Espanha, os povos manifestam-se contra o terrorismo que, às cegas, vai fazendo vítimas e mais vítimas. Digo às cegas, porque as figuras do PP que têm sido abatidas são de secundaríssimo plano. Este terrorismo é igualmente de segundo plano e representa o estado de desespero a que chegou uma organização que, na década de setenta, merecia a simpatia das forças de esquerda. Franco era o homem do leme. O franquismo era um regime totalitário.

Vivia em Paris aquando do celebérrimo processo de Burgos. Lia todas as notícias concernentes à ETA e ao dito processo de Burgos, onde pontificava um valente de nome Mario Onaíndia(?). Trocava opiniões com amigos e conhecidos oriundos das províncias bascas. Participei em sessões de apoio ao povo basco. Lembro-me perfeitamente de, conjuntamente com o Manuel António Nunes, Gilberto Bandeira e outros companheiros, ter ido pedir à direcção da Alliance Française autorização para realizar um comício nas instalações da instituição. Essa lídima representante do colonialismo francês disse não, obviamente.

Muita água correu sob as pontes, entretanto. A Espanha democratizou-se e tornou-se um país desenvolvido e rico. Criaram-se as Juntas Autonómicas com governos eleitos por sufrágio universal, que pugnam pelos interesses das respectivas regiões: Fraga preside na Galiza, Pujol na Catalunha, etc. Os bascos têm tido idênticas oportunidades no seio deste grande país com muitas nações. E todavia... Todavia, continua esta espiral de violência reles e irracional, de contornos fascistas e mafiosos, que só pode levar à asfixia da própria autonomia basca.

Com este comportamento irracional, a ETA cava diariamente um fosso intransponível entre os seus apoiantes e os restantes povos de Espanha, de Málaga a Barcelona, de Madrid a Valência, de Vigo a Salamanca, o repúdio só pode aumentar Enquanto estrangeiro, comecei a evitar as belas cidades de Pamplona, Vitória, S. Sebastião e outras. Eu sei que a ETA mata em qualquer região de Espanha, mas sinto uma repulsa simultaneamente forte e subtil pela região berço desta violência inqualificável.

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